quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Irã anuncia avanços no seu programa nuclear

Ahmadinejad acompanha a introdução de uma barra de combustível nuclear no núcleo do reator de pesquisas de Teerã . Foto: AFP

A televisão iraniana difundiu nesta quarta-feira ao vivo as imagens da introdução de uma barra de combustível nuclear - enriquecida a 20% e fabricada localmente no Irã - no núcleo do reator de pesquisas de Teerã, na presença do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

As imagens mostraram especialistas iranianos quando introduziam a barra no interior do reator, que produz isótopos para doentes com câncer. O procedimento foi saudado como um avanço técnico no Irã, mostrando que a república islâmica dominou todos os aspectos do ciclo de energia nuclear apesar das duras sanções ocidentais e da ONU.

A colocação da placa de fabricação iraniana foi "bem-sucedida" e o reator de Teerã funcionou com normalidade, após ter sido submetido a todas as provas de segurança necessárias, segundo a Organização Iraniana de Energia Atômica (OEAI).

De acordo com Fereydun Abadi Davani, diretor da OEAI, as novas centrífugas instaladas pelo país nesta quarta-feira são três vezes mais potentes que as que o Irã possuía até então. "Hoje assistimos o início das atividades da primeira série destas centrífugas, que tem uma capacidade de enriquecimento três vezes maior que as precedentes", declarou Abadi Davani em discurso difundido pela televisão. "É uma resposta forte a todas às sabotagens dos ocidentais", completou.

A televisão mostrou Ahmadinejad, Davani, e outros oficiais vestidos em jalecos brancos dentro do reator, e observando um haste de metal ser introduzida na instalação.

Em seu discurso ao vivo pela televisão estatal, Ahmadinejad declarou que o Irã acrescentou 3 mil novas centrífugas às 6 mil que já tinha em sua usina de Natanz, aumentando para 9 mil o número de centrífugas em atividade.

"A era das nações agressoras já passou. As potências arrogantes não podem monopolizar a tecnologia nuclear. Eles tentaram nos impedir, com sanções e resoluções, mas fracassaram", disse Ahmadinejad. "Nosso caminho nuclear continuará."

A TV iraniana Al Alam, no entanto, disse que o governo encaminhou uma carta à chefe da política externa da União Europeia, Catherine Ashton, demonstrando prontidão para "manter novas conversações sobre seu programa nuclear de forma construtiva".

Uma porta-voz de Ashton confirmou o recebimento da carta, dizendo que ela estava avaliando o documento e conversaria com Estados Unidos, Rússia, China e outras grandes potências parceiras.

Autoridades iranianas recusaram-se por muito tempo a negociar a imposição de limites ao programa do país, dizendo que ele tem como finalidade apenas produzir eletricidade para atender à demanda interna no país, segundo maior exportador de petróleo da Opep.

As conversações mais recentes entre as potências mundiais e o Irã entraram em colapso em janeiro de 2011, quando os participantes foram incapazes de concordar com uma agenda comum.

EUA e Israel não descartam a possibilidade de ação militar contra o Irã, caso a diplomacia e as sanções sejam consideradas inúteis para conter a atividade nuclear no país.

O processo de produção das placas e do próprio reator de Teerã estão, segundo a agência de notícias iraniana Irna, sob observação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em cumprimento do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), do qual o Irã é signatário.

Via Terra

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