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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O Jogo de Contas de Vidro: Hermann Hesse sobre Meditação e Yoga



Não existe vida nobre e elevada
sem o conhecimento de diabos e demônios
e sem a contínua luta contra eles.
- Padre Jacobus

O Jogo das Contas de Vidro foi a última obra publicada de Hermann Hesse, e venceu o Prêmio Nobrel de Literatura em 1946 muito por seus méritos. A maioria das novelas de Hesse exploram temas da espiritualidade oriental e de doutrinas esotéricas, e o Jogo das Contas de Vidro leva isso além ao descrever a sociedade utópica (embora satírica) feita pela elite estudiosa engajados na preservação da cultura ocidental (e a um grau menor, a cultura oriental).

Hesse disse que pensou que o narrador estivesse escrevendo em torno de 2400. Anteriormente, o mundo ocidental tinha degenerado na Idade de Feuilleton, que foi marcada por numerosas guerras, completamente burguesa, e "dada a um quase desregrado individualismo". É uma era que não pode bem ser considerada ausente na cultura, desde que as pessoas "tagarelam" sobre isso de um modo familiar aos leitores do The New York Times nos dias de hoje. Músicos famosos seriam entrevistados sobre política e atores populares sobre a crise financeira. Algumas das manchetes na Era de Feuilleton incluiram:

-"Friedrich Nietzsche e a Moda Feminina de 1870";
-"Os Pratos Favoritos do Compositor Rossini";
-"O Papel dos Poudles [original: lapdog] na Vida das Grandes Cortesãs".

Ainda durante a Era de Feuilleton, pequenos grupos de pessoas resolveram permanecer fiéis à verdadeira cultura e "devotar todas suas energias para preservar no futuro um núcleo de boa tradição, disciplina, método e rigor intelectual". Assim eventualmente foi formada Castália, uma elite, sociedade hierárquica devota à mente e imaginação. Garotos são selecionados ainda jovens para adentrar às escolas da elite - não apenas para habilidade técnica, mas para ter algum potencial de ser um artista ou gênio (meninas não são mencionadas, e a Ordem Castaliana é aparentemente toda masculina). Se eles continuarem com sucesso são admitidos na Ordem. O nível mais alto da sociedade são os Magistrados de várias disciplinas. E o pico da elite é o Mestre do Jogo das Contas de Vidro, que é visto como quase um algo-sacerdote entre os jogadores.

Os detalhes do Jogo de Contas de Vidro nunca são totalmente descritos no livro. Surgiu simultaneamente na Alemanha e na Inglaterra como um exercício para o desenvolvimento da memória entre os músicos. O Jogo evoluiu para algo parecido com o xadrez, mas abrangendo toda a esfera da arte, da filosofia, da música, da matemática, assim como mais e mais disciplinas obscuras como astrologia, alquimia e arquitetura chinesa. Assim como a Árvore da Vida na Kabbalah Hermética, parece ser uma forma de síntese entre os aparentemente distintos sistemas de pensamento. De acordo com o que Hesse escreve, "o Jogo de Contas de Vidro é, assim, um modo de jogar com todos os conteúdos e valores de nossa cultura". Ela elabora:

Ao longo de sua história o Jogo esteve muito próximo da música e geralmente procedeu de acordo com as regras da música ou da matemática. Um tema, dois temas, ou três temas foram estabelecidos, elaborados, variados e experimentaram um desenvolvimento bem parecido com o tema da fuga de Bach ou de um movimento de concerto. Um Jogo, por exemplo, pode começar de uma dada configuração astronômica, ou de um tema real da fuga de Bach, ou de uma frase de Leibniz ou das Upanishads, e deste tema, dependendo do talento do jogador, poderia ainda explorar e elaborar o motivo inicial ou enriquecer sua expressividade por alusões a conceitos aparentados.

Os Aspectos Religiosos de Castália

Embora Castália não seja religiosa em sentido algum - eles não têm deuses ou igreja - a ênfase sobre exercícios de meditação é parte central do currículo e Castália compartilha muito com as ordens religiosas. Como juntar-se a um monastério, os membros da ordem asseveram que seus "laços com a família e com a casa até então deixariam de significar e respeitar qualquer aliança outra que a Ordem". Eles devem obedecer as regras da Ordem de pobreza e celibato, não possuir propriedade, serem exclusos da vida política, ter poucas posses materiais e viver uma vida simples, exceto por seu acesso às bibliotecas e aos instrumentos musicais. Durante o anualmente público Jogo de Contas de Vidro, os jogadores e os visitantes jejuam, meditam e "vivem uma vida ascética e altruísta de absoluta absorção, comparável à penitência estritamente regulada requerida fos participantes em um dos exercícios de Santo Inácio de Loyola". Muitos outros exemplos de exercícios espirituais abundam: O "Grande Exercício" é um período de 12 dias de jejum e meditação. Um membro da Ordem foi conhecido simplesmente como "o Yogi". Outro é Elder Brother, que vive em um Bosque Bambu e é mestre de I Ching, ainda usando o oráculo para decidir se um visitante pode ficar com ele. Para Joseph Knecht, o protagonista da novela, o Jogo das Contas de Vidro em si é um exercício espiritual: "Pois o escuro interior, os esotéricos do Jogo, aponta para o Um de Todos, para dentro daqueles abismos onde o eterno Atman eternamente respira, suficiente de si mesmo".

O Mestre da Música explica o objetivo dos métodos da Ordem a Joseph:

Há a verdade, meu amigo. Mas a doutrina que você deseja, o dogma absoluto e perfeito que sozinho providencia sabedoria, não existe. Nem você deveria almejar uma doutrina perfeita, meu amigo. Antes disso, você deveria almejar pela perfeição de você mesmo. A deidade está dentro de você, não nas ideias e nos livros. A verdade é vivida, não pensada.

A Meditação no 'Jogo das Contas de Vidro'

Os exercícios de meditação na Castália não são descritos profundamente, mas podem ser divididos em duas categorias gerais: exercícios de respiração e exercícios de imaginação. Não se sabe ao certo como esses exercícios são proscritos na Castália, mas eles parecem ser indicados para pelo menos uma vez ao dia, ou talvez várias vezes durante o dia desde que meditações específicas para a noite são mencionadas. Em um momento difícil na vida de Joseph, o Mestre da Meditação, Alexander, aconselhou-o um "breve" exercício de meditação três vezes ao dia, com o número de minutos especificados para cada exercício. Em outro momento, Alexander gasta tempo "em meditação cuidadosa para acalmar suas intensas emoções" na noite anterior ao dia difícil.

Assim como os exercícios de imaginação, depois de uma das sessões de meditação de Joseph o Mestre de Música diz-lhe para tentar copiar imagens que ele viu durante sua meditação. Outro momento, Joseph indica a um amigo para olhar para o céu e para as estrelas antes de dormir e render-se às ideias e sonhos que lhe inspiram. Uma descrição diz em estágios iniciais de meditação para permitir o fluxo das imagens interiores que vão sem direção, como nos sonhos.

As experiências de Joseph com meditação são melhor resumidas nessa descrição, depois que ele vinha meditando por muitos anos:

No jardim, ele sentou num banco repleto de folhas, regulou sua respiração e lutou pela tranquilidade interior, até que com um coração purgado ele buscou a contemplação em que os padrões dessa hora em sua vida se arranjaram em imagens universais suprapessoais.

A descrição claramente revela esse tipo de meditação como similar aos exercícios baseados na Kabbalah. Uma forma relacionada envolve meditação sobre um assunto. Por exemplo, uma vez é dada a Joseph  um parágrafo das regras da Ordem como assunto de uma meditação. Hesse foi influenciado por Carl Jung ao desenvolver esses exercícios de meditação que tão fortemente lembram a técnica de Jung para imaginação ativa. Em 1916, Hesse experimentou a psicanálise com um discípulo de Jung e, como o psiquiatra suíço, ele teve pelo menos um entendimento apressado das religiões orientais e suas práticas.

Um par de exercícios de respiração específico são mencionados no Jogo de Contas de Vidro. Para um amigo em aflição, Joseph auxilia guiando-o com comandos rítmicos. Também aprendemos que Castálios são pensados como uma meditação emergencial para uso "em momentos de repentino perigo para reconquistar o auto-controle e tranquilidade interior". Consiste de "esvaziar duas vezes o intestino e manter a respiração por longos momentos". Joseph descreve a importância da meditação, especialmente em momentos de coação:

No momento em que um atleta recebe um golpe ou pressão inesperados, seus músculos reagem de acordo ao fazer movimentos necessários, alongando-se ou contraindo automaticamente e então ajudando-o a governar a situação... no momento em que você recebe o golpe, você deveria ter aplicado a primeira medida defensiva contra assaltos psíquicos e recorrer a tornar lenta e cuidadosamente controlada a respiração. Ao invés disso você respirou como um ator quando tenta representar extrema emoção.

Ao longo do Jogo das Contas de Vidro, a importância da meditação é reiterada. O Mestre de Música conta a Joseph sobre um momento em sua vida quando ele estava bem focado nos seus estudos e negligenciou suas meditações - uma situação que a maioria dos que experimentaram meditação ou outras disciplinas espirituais terão experimentado. O Mestre diz que quanto mais exigimos de nós mesmos, "mais dependentes somos da meditação como fonte de energia, como o sempre-renovador acordo da mente e da alma". Ele diz que durante esses momentos de paixão e excitação sobre um projeto ainda mais negligenciaremos nossas meditações.

Outra prática é o que o Mestre de Meditação chama de "sentindo o próprio pulso". Ela consiste em revisar cada dia, notando o que foi feito bem ou mal, assim como "reconhecer e medir a própria situação atual, estado de saúde, distribuição das próprias energias, as próprias esperanças e cuidados - em uma palavra, vendo-se e diariamente trabalhando objetivamente e não deixando nada irresolvido na noite para o próximo dia". Os Castalianos usam suas práticas de yoga para exorcizar a besta dentro de si, bem como em seus esforços para escolher nem a vita activa nem a vita contemplativa exclusivamente, mas participar de ambas.

Além disso, os Castalianos podem engajar-se em interpretação de sonhos: quando Joseph pergunta ao Mestre de Música se eles deveriam ser atentos aos sonhos e se eles podem ser interpretados, ele responde que "deveríamos ser atentos a tudo, pois podemos interpretar tudo".

Vidas Passadas no Jogo das Contas de Vidro

Castália não tem nenhuma crença dogmática em reencarnação.Mas tem uma tradição curiosa de requerer estudantes engajados em seus anos de livres estudos para escrever uma "Vida" cada ano. Cada Vida é uma fictícia autobiografia estabelecida em algum período do passado. O autor deve "transpôr a si mesmo aos circundantes cultura e clima intelectual de qualquer era anterior e imaginar-se vivendo uma vida adequada a aquele período".

O propósito de escrever as vidas não é, em verdade, fazer uma regressão no passado, mesmo que alguns estudantes acreditassem na verdade de seus escritos. Ao invés disso, as Vidas servem a um propósito duplo: como um exercício na imaginação, e aprender a "considerar suas próprias pessoas como máscaras, como o traje transitório de um intelecto".

Os cenários para as três Vidas de Joseph apresentados ao fim da novela são altamente reveladores sobre sua constituição interna: uma cultura matriarcal (onde ele é o fazedor de chuva), a Era Dourada da Índia, e o período patrístico da antiga Igreja Cristã.

***

Há muito mais que poderia ser escrito sobre o Jogo de Contas de Vidro: o quão Knecht é parecido com Hesse, a influência do cristianismo em Castália, temas de nobreza, hierarquia, santidade e a preservação da cultura ocidental e esotérica. No início da concepção da novela, em 1933, Hesse escreveu a um amigo que "há uma cultura espiritual que é digna de viver e servir - esse é o desejo sonhado que eu deveria gostar de retratar" [1]. Entretanto, naquele tempo em que Hesse iria escrever a novela, sua opinião de Castália como utopia mudou. Como visto na novela, há muita crítica sobre Castália, especialmente com relação ao seu isolamento do mundo e sua viabilidade de longa-data. Independentemente disso, O Jogo das Contas de Vidro é cativante por sua apresentação de uma sociedade ideal, similar à descrita por Platão n'A República.

Notas
1. Ziolkowski, Theodore. “The Glass Bead Game: Beyond Castalia.” de The Novels of Hermann Hesse: A Study in Theme and Structure, (1965: Princeton University Press). Reimpresso em Hermann Hesse, ed. Harold Bloom, p. 46.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Butão: O Obscuro Segredo para a Felicidade

Cidadãos de um dos países mais felizes na Terra são surpreendentemente confortáveis em contemplar um tópico que muitos preferem evitar. É esta a chave para a alegria?

por Eric Weiner

Em visita a Thimphu, capital de Butão, estive sentado diante de um homem chamado Karma Ura, derramando minhas tripas. Talvez fosse o fato de que seu nome é Karma, ou então o ar puro, ou o caminho da viagem que embrulha o estômago, mas eu decidi confessar algo muito pessoal. Não muito antes, do nada, experimentei sintomas desconfortáveis: respiração curta, tontura, formigamento nas mãos e nos pés. Em primeiro lugar, temi estar tendo um ataque cardíaco ou ficando louco. Talvez ambos. Então fui ao médico, que fez vários exames e descobriu que...

"Nada", disse Ura. Ainda antes que eu pudesse completar minha frase ele soube que meus medos não tinham fundamento. Eu não estava morrendo, pelo menos não tão rápido como eu temia. Eu estava tendo um ataque de pânico.

O que eu queria saber era: por que agora - minha vida estava indo incomumente bem - e o que eu poderia fazer em relação a isto?

"Você precisa pensar sobre a morte por cinco minutos ao dia", respondeu Ura. "Isto te curará".

"Como?", eu disse, estupefato.

"É essa coisa, esse medo da morte, esse medo de morrer antes de alcançar o que desejamos ou de ver nossas crianças crescerem. Isso é o que te atormenta."

"Mas como eu desejaria pensar em algo tão depressivo?"

"Pessoas ricas no Ocidente, eles nunca tocaram em corpos mortos, feridas frescas, coisas podres. Isto é um problema. Essa é a condição humana. Nós precisamos estar prontos para o momento de deixar de existir."

Lugares, como pessoas, têm um jeito de nos impressionar, desde que estejamos abertos à possibilidade de surpresa e não presos em noções preconceituosas. O reino Himalaia é melhor conhecido por sua inovadora política da Grande Felicidade Nacional; é uma terra onde o contentamento supostamente reina e a tristeza é proibida. Butão é de fato um lugar especial (e Ura, diretor do Centro de Estudos de Butão, uma pessoa especial), mas cuja especialidade é mais matizada e, francamente, menos radiante que a sonhadora imagem de Shangri-La que nós projetamos nele.

Na verdade, sugerindo que eu pensasse sobre a morte uma vez por dia Ura estava sendo leve comigo. Na cultura butanesa, é padrão pensar na morte em torno de cinco vezes ao dia. Seria digno de nota para qualquer nação, mas especialmente para uma tão bem classificada em questão de felicidade como Butão. Seria esta, secretamente, uma terra de escuridão e desespero?

Não necessariamente. Algumas pesquisas recentes sugerem que, ao pensar na morte com bastante frequência, o butanês não o faz sem razão. Em um estudo de 2007, os psicólogo da Universidade de Kentucky, Nathan DeWall e Roy Baumesiter dividiram algumas dúzias de estudantes em dois grupos. Um grupo foi ordenado a pensar sobre uma dolorosa visita ao dentista enquanto o outro grupo foi ordenado a contemplar a própria morte. Depois, ambos os grupos foram ordenados a completar palavras-chave, como "jo_". O segundo grupo - aquele que pensou sobre a morte - estava muito mais propenso a construir palavras positivas, como "joy" (alegria, júbilo, em inglês). Isto levou pesquisadores a concluir que "a morte é um fato psicologicamente ameaçador, mas quando as pessoas a contemplam, aparentemente o sistema automático começa a buscar por pensamentos alegres".

Estou certo de que nada disso surpreenderia Ura ou qualquer butanês. Eles sabem que a morte é parte da vida, queiramos ou não, e ignorar sua verdade essencial tem um custo psicológico bem pesado.

Linda Leaming, autora do maravilhoso livro A Field Guide do Happiness: What I Learned in Bhutan About Living, Loving and Waking Up, sabe disso também. "Descobri que pensar na morte não me deprime. Faz-me apreender o momento e ver coisas que eu não teria visto ordinariamente", ela escreveu. "Meu melhor conselho: vá. Pense o impensável, [pense] muitas vezes por dia aquela coisa que atormenta você".

Diferente de muitos de nós no Ocidente, os butaneses não sequestram a morte. A morte - e as imagens da morte - estão por toda a parte, especialmente na iconografia budista, onde você encontrará ilustrações coloridas e macabras. Ninguém, nem mesmo as crianças, é protegido destas imagens, ou das danças rituais que reencarnam a morte.

O ritual providencia um recipiente para o pesar, e em Butão esse recipiente é grande e popular. Depois que alguém morre, há um período de 49 dias, pela manhã, que consiste em elaborar, cuidadosamente, rituais orquestrados. "É melhor que qualquer antidepressivo", contou-me Tshewang Dendup, um ator butanês. Os butaneses podem parecer isolados nesses tempos. Eles não estão. Eles estão de luto através do ritual.

 Por que uma atitude diferente com relação à morte? Pensa-se que o butanês pensa sobre a morte só porque ela está por toda parte em torno deles. Para uma pequena nação, ela oferece muitos modos de morrer. Você pode encontrar sua morte nas sinuosas e traiçoeiras estradas. Pode ser atacado por um urso; comer cogumelos venenosos; ou morrer de exposição.

Outra explicação são as profundas crenças budistas, especialmente a reencarnação. Se você sabe que terá outra vida, temerá menos o fim dessa vida particular. Como dizem os budistas, você não deveria temer a morte mais do que o descarte de roupas velhas.

Não quer dizer que os butaneses não experimentam medo ou tristeza. Claro que eles as têm. Mas, como Leaming me contou, eles não fogem destas emoções. "Nós no Ocidente queremos remediar se estamos tristes", ela disse. "Tememos a tristeza. É algo a ser ultrapassado, medicado. No Butão há aceitação. É parte da vida."

O ensinamento de Ura, por enquanto, está comigo. Tornei regra pensar sobre a morte uma vez ao dia. A menos que eu esteja especialmente estressado, ou tragado em um medo inexplicável. Pois daí eu passo a pensar nela duas vezes ao dia.

via BBCtravel