segunda-feira, 24 de junho de 2013

Você sabia que a máscara de V de Vingança representa um "idiota útil" que facilitou as ambições expansionistas do império britânico?

Você sabia que a máscara de V de Vingança representa um "idiota útil" que facilitou as ambições expansionistas do império britânico? É um grave erro esquecer nossa história, mas um erro ainda pior é não conhecê-la, pois isso nos lava a cometer os mesmos erros do passado.

Nos últimos anos é comum ver, em diferentes atos de reivindicação, manifestantes usando a máscara do personagem do filme hollywoodiano "V de Vingança" (Lei Dinde, WikiLeaks, 15-M... ). O grupo de supostos hackers Anonymus chegou inclusive a entronizá-la, convertendo-a em seu principal símbolo.



Mas, sabem realmente, aqueles que a usam, quem é o personagem que representa? E, o mais importante, sabem o grande serviço que prestou esse personagem (sem o querer) à coroa britânica e aos seus anseios expansionistas? Provavelmente a esmagadora maioria não, assim como desconhecem eles mesmos são usados mata fins muito similares para os que foram usados o personagem que representa essa máscara.

Esse personagem é Guy (ou Guido) Fawkes

No ano de 1605, um grupo de fanáticos católicos ingleses, admiradores da inquisição espanhola, entre eles Guy Fawkes, são acusados de tentar explodir o parlamento inglês, com toda família real dentro, com objetivo de restaurar a religião católica na Inglaterra.

O julgamento, como demonstraram muitos historiadores (1), esteva cheio de irregularidades: testemunhos auto-incriminatórias obtidos sob tortura, falsos testemunhos pagos pela acusação, provas falsas, etc. Usando um procedimento igualmente manipulado, a coroa britânica acusou a Espanha (com quem, nessa época, disputava a hegemonia mundial) de estar por trás desta conspiração. Isso foi usado como desculpa para intervir na guerra que a Espanha levava contra os rebeldes holandeses, em apoio aos últimos. Essa intervenção foi crucial para a derrota da Espanha, e indispensável para por, a partir de então, sob a órbita da influência britânica os Países Baixos.

Além disso, esse arranjo, conhecido pelo nome de "conspiração de pólvora", serviu para justificar a posterior brutal perseguição sofrida pelos católicos ingleses, desencadeada sob o pretexto de uma espécie de guerra preventiva contra o terrorismo católico. Essa perseguição tinha como objetivo verdadeiro liberar a Inglaterra definitivamente da influência do papado (ao serviço dos interesses da França e Espanha) sobre sua política interior e exterior, através de sacerdotes fiéis incrustados à corte inglesa, que bloqueavam as pretensões expansionistas da Inglaterra.

Em todo esse perverso jogo político, Guy Fawkes e alguns de seus amigos mais próximos foram apenas idiotas úteis (bodes expiatórios) necessários, usados por Sir Robert Cecil, o premier do rei Jaime I (ou Tiago I) para impulsionar a nova política expansionista britânica.

Hoje em dia, todas aquelas pessoas que, com ou sem a máscara do "V de Vingança", estão prestando apoio a causas como WikiLeaks, o movimento Occupy ou Anonymus, estão desempenhando um papel muito similar ao que Fawkes e os seus prestaram em seus dias:

Anonymus e seu teatrinho de ciberguerra contra o poder governamental está sendo de grande utilidade para alertar sobre o suposto perigo que constitui o anonimato na rede (a polícia chegou a comparar o Anonymus com a al-Qaeda) e, acima de tudo, para mistificar e apresentar a internet como um meio independente e democrático (a pesar de se tratar de uma ferramenta do exército americano, totalmente controlada por este). Isso serviria, em primeiro lugar, para justificar uma maior controla de ciberespaço e, em segundo, para catapultar a internet como novo meio de direção e controle político, supostamente democrático, mas que devido à sua estreita vinculação com os centros de poder imperialistas, seria utilizado como um perfeito meio de controle social totalitário (2).

WikiLeaks, mediante falsos informes, como aqueles em que vinculava od governos de Cuba ou Venezuela com o ETA e as FARC, ou nos quais sem provas insinuava que o programa militar iraniano tinha fins militares, foi de grande utilidade para justificar políticas agressivas contra esses povos.

O movimento 15-M servirá para impulsionar reformas neoliberais destinadas a reformular o capitalismo, com o propósito de fazê-lo ainda mais escravista. A diferença entre o 15-M e a armação da Conspiração de Pólvora, é que, enquanto esta só usada para apenas uma dúzia de "idiotas úteis", no caso de 15-M dezenas de milhares deles trabalharam , na maioria dos casos, de forma totalmente desinteressada.

Via Todoestarelacionado

Tradução por Conan Hades

(1) Eu recomendo a leitura de "A Conspiração da Pólvora. Catolicismo e terror na Europa do século XVII", de Antonia Fraser.
(2) Consulte "A era tecnotrônica" (1970) por Zbigniew Brzezinski.

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