domingo, 28 de junho de 2015

Dostoievsky sobre o conservadorismo


Fiodor Dostoievsky foi bem considerado como um profeta da idade moderna. Com uma profundidade inigualável de sua visão, ele viu que a desordem cultural, política e econômica tem sua raiz em uma crise do espírito. Dostoievsky previu como a rebelião do homem contra o Transcendente progressivamente aceleraria para uma anarquia total. Essa ideia se tornou tema central de Os Demônios (ou Os Possessos), sua grande novela contra-revolucionária. Nesse livro foi dada atenção particular para a corrupção do espírito da classe dominante, os assim chamados elementos conservadores da sociedade.

Dostoievsky escreveu sobre a Rússia, mas ele também era profundamente sensível à decadência do Ocidente rumo ao secularismo. No século XIX, o homem europeu "iluminado" arremessou sua cabeça na apostasia, abandonando Cristo para a adoração de si mesmo; seu primeiro ato de regicídio foi o assassinato de Deus em seu coração. Sem autoridade sacra, o poder foi considerado um derivado da vontade perfeita do "Nós, O Povo", guiado por manipuladores endinheirados e tecnocratas. Partidos como o GOP e os Tories não fizeram nada para impedir o declínio das nossas sociedades porque eles compartilhavam os mesmos princípios radicais e anti-tradicionalistas da Esquerda. Como prova, vejamos a rápida transformação da Bretanha em um Estado criminoso, multicultural, onde os conservadores consideram o "casamento" homossexual como uma questão de legitimidade moral.

Os ideais da modernidade, manifestados no progresso, igualdade, democracia, total autonomia individual, etc., formam uma religião falsificada. Na medida em que o auto-proclamado Direito descamba rapidamente para qualquer uma dessas fantasias, a oposição ao liberalismo é insignificante e puramente cosmética. Os acenos retóricos à consolidação cultural, i. e., "valores familiares", são articulados dentro do quadro corrosivo da ideologia dos direitos do Iluminismo, e tão somente para o propósito de arrecadar votos (pegamos como exemplo a "direita" brasileira, que supostamente defende a família tradicional e a erradicação do aborto, mas que não o faz por um propósito tradicional, e sim para angariar votos, pois seus princípios são o mercado de trabalho e ainda dentro da família eles reconhecem a função principal do "indivíduo" nesse mercado, N. do B.). Alguém ainda consegue seriamente pensar que a liderança republicana tentará alguma coisa contra o infanticídio institucionalizado? Para que não esqueçamos, mais de 50 milhões de crianças foram assassinadas nos EUA desde que o aborto se tornou legal pela Suprema Corte em 1973. E é agora um ponto de orgulho que os homens e as mulheres americanos lutam por estas lendrárias liberdades do Hindu Kush ao Magreb.

Com o Ocidente tradicional devastado e hierarquicamente invertido, há muito pouco para conservar ao lado da fé e da herança de alguém, as necessidades da sobrevivência e ressurgência. Mas os conservadores modernos rejeitam a essência divina-humana e sincera da cultura, assim servindo como os defensores mais ardorosos da ordem liberal. O quão fácil é instigar a próxima guerra, a dissolução dos povos para o lucro das empresas e o crasso divertimento popular, todos os atos na base de um Jardim das Delícias Terrenas, o que Dostoievsky imaginou como um formigueiro glorificado. O movimento conservador sabe o que é importante: generosas contribuições das indústrias financeiras e de defesa para manter as políticas de centralização oligárquica e o império sobre mares.

O principal Direito levou o Ocidente ao colapso cultural sistêmico em total colisão com a extrema Esquerda. Os Demônios de Dostoievsky revela as dimensões espirituais e intelectuais desse longo processo e o malevolente espírito por trás disso. Uma conversa entre o governador da província, Von Lembke, e o revolucionário niilista Peter Verkhovensky facilmente encapsula a mentalidade e o caminho do conservadorismo na era moderna.

"Nós temos responsabilidades, e como um resultado nós também servimos a causa comum como você. Nós estamos apenas segurando o que você perdeu e o que sem nós se dispersaria em várias direções.

Nós não somos seus inimigos; dificilmente. Estamos dizendo a você: vá adiante, faça progresso, até mesmo destrua, ou seja, tudo o que é sujeito à mudança; mas quando necessitado, nós manteremos você dentro dos limites necessários e salvá-lo-emos de si mesmo, porque sem nós você só mandaria a Rússia para revoltas, privando-a de uma aparência própria, e nosso dever é olhar para as aparências próprias.

Compreenda que você e eu somos mutualmente necessários um ao outro. Na Inglaterra, os Tories e os Whigs também precisam um do outro. Então agora somos Tories, e você os Whigs..."

"Bem, no entanto você gosta disso", murmurou Peter Stepanovich. "Não obstante você está pavimentando o caminho para nós e preparando nosso sucesso."

Desvele as próprias aparências, e se tornará claro que o conservadorismo é a manufatura do niilismo revolucionário.

via souloftheeast

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Parque Patriota: Putin constrói "Disney World" militar


Putin atirando em um tigre com um tranquilizador
O faixa-preta em Judô, artilheiro no Hockey, líder russo, Vladimir Putin inaugurou seu último presente ao povo russo na quinta-feira - um parque Disney World militar e patriota, onde famílias podem passear, relaxar e brincar com tanques de guerra e armas. Elas também podem participar de esportes extremos. Tudo por amor à pátria!

O Parque Patriota, como é conhecido, se localiza a uma hora de Moscou, em Kubinka, e é valorado em 20 bilhões de rublos (em torno de 370 milhões de dólares). Andar em doces tanques de guerra, escalar e atirar granadas, tocar e atirar com armamento, os visitantes podem comprar todo o arsenal de Putin que se possa imaginar, até mesmo bolsas de iPhone e jaquetas militares.

"As crianças deveriam vir para cá, brincar com o armamento, escalar em tanques e ver o que há de mais moderno em tecnologia militar, que eles deveriam ter conhecido há tempo", disse o padre ortodoxo russo Sergey Privalov na cerimônia de abertura do parque, de acordo com o The Guardian.

A realização do parque é para 2017 - por ora, visitantes podem se divertir com os tanques, veículos blindados e lançadores de mísseis, e olhar estandes de ímãs de geladeira de Putin, Joseph Stalin, e o mão-direita Lavrenty Beria. Diversão para toda a família!

Deseja saber algo sobre a Rússia?

via vice

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Butão: O Obscuro Segredo para a Felicidade

Cidadãos de um dos países mais felizes na Terra são surpreendentemente confortáveis em contemplar um tópico que muitos preferem evitar. É esta a chave para a alegria?

por Eric Weiner

Em visita a Thimphu, capital de Butão, estive sentado diante de um homem chamado Karma Ura, derramando minhas tripas. Talvez fosse o fato de que seu nome é Karma, ou então o ar puro, ou o caminho da viagem que embrulha o estômago, mas eu decidi confessar algo muito pessoal. Não muito antes, do nada, experimentei sintomas desconfortáveis: respiração curta, tontura, formigamento nas mãos e nos pés. Em primeiro lugar, temi estar tendo um ataque cardíaco ou ficando louco. Talvez ambos. Então fui ao médico, que fez vários exames e descobriu que...

"Nada", disse Ura. Ainda antes que eu pudesse completar minha frase ele soube que meus medos não tinham fundamento. Eu não estava morrendo, pelo menos não tão rápido como eu temia. Eu estava tendo um ataque de pânico.

O que eu queria saber era: por que agora - minha vida estava indo incomumente bem - e o que eu poderia fazer em relação a isto?

"Você precisa pensar sobre a morte por cinco minutos ao dia", respondeu Ura. "Isto te curará".

"Como?", eu disse, estupefato.

"É essa coisa, esse medo da morte, esse medo de morrer antes de alcançar o que desejamos ou de ver nossas crianças crescerem. Isso é o que te atormenta."

"Mas como eu desejaria pensar em algo tão depressivo?"

"Pessoas ricas no Ocidente, eles nunca tocaram em corpos mortos, feridas frescas, coisas podres. Isto é um problema. Essa é a condição humana. Nós precisamos estar prontos para o momento de deixar de existir."

Lugares, como pessoas, têm um jeito de nos impressionar, desde que estejamos abertos à possibilidade de surpresa e não presos em noções preconceituosas. O reino Himalaia é melhor conhecido por sua inovadora política da Grande Felicidade Nacional; é uma terra onde o contentamento supostamente reina e a tristeza é proibida. Butão é de fato um lugar especial (e Ura, diretor do Centro de Estudos de Butão, uma pessoa especial), mas cuja especialidade é mais matizada e, francamente, menos radiante que a sonhadora imagem de Shangri-La que nós projetamos nele.

Na verdade, sugerindo que eu pensasse sobre a morte uma vez por dia Ura estava sendo leve comigo. Na cultura butanesa, é padrão pensar na morte em torno de cinco vezes ao dia. Seria digno de nota para qualquer nação, mas especialmente para uma tão bem classificada em questão de felicidade como Butão. Seria esta, secretamente, uma terra de escuridão e desespero?

Não necessariamente. Algumas pesquisas recentes sugerem que, ao pensar na morte com bastante frequência, o butanês não o faz sem razão. Em um estudo de 2007, os psicólogo da Universidade de Kentucky, Nathan DeWall e Roy Baumesiter dividiram algumas dúzias de estudantes em dois grupos. Um grupo foi ordenado a pensar sobre uma dolorosa visita ao dentista enquanto o outro grupo foi ordenado a contemplar a própria morte. Depois, ambos os grupos foram ordenados a completar palavras-chave, como "jo_". O segundo grupo - aquele que pensou sobre a morte - estava muito mais propenso a construir palavras positivas, como "joy" (alegria, júbilo, em inglês). Isto levou pesquisadores a concluir que "a morte é um fato psicologicamente ameaçador, mas quando as pessoas a contemplam, aparentemente o sistema automático começa a buscar por pensamentos alegres".

Estou certo de que nada disso surpreenderia Ura ou qualquer butanês. Eles sabem que a morte é parte da vida, queiramos ou não, e ignorar sua verdade essencial tem um custo psicológico bem pesado.

Linda Leaming, autora do maravilhoso livro A Field Guide do Happiness: What I Learned in Bhutan About Living, Loving and Waking Up, sabe disso também. "Descobri que pensar na morte não me deprime. Faz-me apreender o momento e ver coisas que eu não teria visto ordinariamente", ela escreveu. "Meu melhor conselho: vá. Pense o impensável, [pense] muitas vezes por dia aquela coisa que atormenta você".

Diferente de muitos de nós no Ocidente, os butaneses não sequestram a morte. A morte - e as imagens da morte - estão por toda a parte, especialmente na iconografia budista, onde você encontrará ilustrações coloridas e macabras. Ninguém, nem mesmo as crianças, é protegido destas imagens, ou das danças rituais que reencarnam a morte.

O ritual providencia um recipiente para o pesar, e em Butão esse recipiente é grande e popular. Depois que alguém morre, há um período de 49 dias, pela manhã, que consiste em elaborar, cuidadosamente, rituais orquestrados. "É melhor que qualquer antidepressivo", contou-me Tshewang Dendup, um ator butanês. Os butaneses podem parecer isolados nesses tempos. Eles não estão. Eles estão de luto através do ritual.

 Por que uma atitude diferente com relação à morte? Pensa-se que o butanês pensa sobre a morte só porque ela está por toda parte em torno deles. Para uma pequena nação, ela oferece muitos modos de morrer. Você pode encontrar sua morte nas sinuosas e traiçoeiras estradas. Pode ser atacado por um urso; comer cogumelos venenosos; ou morrer de exposição.

Outra explicação são as profundas crenças budistas, especialmente a reencarnação. Se você sabe que terá outra vida, temerá menos o fim dessa vida particular. Como dizem os budistas, você não deveria temer a morte mais do que o descarte de roupas velhas.

Não quer dizer que os butaneses não experimentam medo ou tristeza. Claro que eles as têm. Mas, como Leaming me contou, eles não fogem destas emoções. "Nós no Ocidente queremos remediar se estamos tristes", ela disse. "Tememos a tristeza. É algo a ser ultrapassado, medicado. No Butão há aceitação. É parte da vida."

O ensinamento de Ura, por enquanto, está comigo. Tornei regra pensar sobre a morte uma vez ao dia. A menos que eu esteja especialmente estressado, ou tragado em um medo inexplicável. Pois daí eu passo a pensar nela duas vezes ao dia.

via BBCtravel

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Doença, Sofrimento e Morte

Este artigo se encontra dividido, no original, nos três seguintes links:

Como este texto é tradução do inglês e cita trechos da Bíblia, decidimos manter o original no inglês e disponibilizar a tradução do blog entre colchetes. A tradução das citações, portanto, não são confiáveis, se o leitor desejar uma análise aprofundada dos trechos bíblicos.


A DOENÇA

A doença existe no mundo somente por causa do pecado. Não haveria doença de modo algum, mental ou física, se o homem não tivesse pecado. De acordo com Cristo, a doença é serva do mal. (Matheus 8:16, 12:22; Lucas 4:40-41, 13:10-17) E Cristo veio para "destroy… the devil [destruir... o mal]." (Hebreus 2:14) Com Jesus, o perdão dos pecados, a cura do corpo, a destruição do mal e a ressurreição dos mortos são todos um único e mesmo ato de salvação.

Qual é mais fácil dizer: "Seus pecados estão perdoados" ou "Levanta e caminha"? Mas você deve saber que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar os pecados - Ele então disse para o paralítico - "Rise, take up your bed and go home [Levanta, toma teu leito e vai para casa]". E ele se levantou e foi para casa. (Matheus 9:4, Marcos 2:9-12, Lucas 5:23-25)

Nesse momento Ele curou muitas doenças e pragas e espíritos malignos, e em muitos que estavam cegos ele restituiu a visão. (Lucas 7:21)

Fazendo essas coisas Jesus mostrou que Ele é Cristo, o Messias, o cumprimento dos profetas, que traz o Reino de Deus ao mundo.

... os cegos recebem sua visão, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, os pobres têm boas notícias do evangelho pregado. E abençoado é aquele que não se escandalizou comigo. (Lucas 7:22-23; cf. Isaías 29:1 8-19, 35:5-6, 61:1; Matheus 4:23-24, 11:4-6)

Quando alguém é libertado do pecado e do mal, é também libertado da doença e da morte. No Reino de Deus "no sickness or sorrow or sighing, but life everlasting [não haverá doença, tristeza ou gemidos, mas vida eterna]". (Réquiem Kontakion da Igreja) Quando alguém é visitado pela doença neste mundo, seja física ou mental, ele é vítima do mal e do "sin of the world [pecado do mundo]" (João 1:29). Isso não significa que as pessoas são necessariamente punidas com suas doenças. Significa, antes disso, como no caso daqueles nascidos com enfermidades e crianças naturalmente doentes, onde o pecado abunda, a doença e a enfermidade são também violentas. É o ensinamento da Igreja que aqueles que são inocentemente vitimizados pela doença, tais como crianças pequenas e deficientes naturais, estão certas de serem salvas no Reino de Deus.

Este é o ensinamento do livro do Gênese. Deus não disse ao homem "Peque e então matar-te-ei". Ele disse que, se e quando você pecar, "you will die [você morrerá]" (Gênese 2:17, 3:3). Assim quando o homem peca e se arruína com o mal, ele atrai as doenças e o sofrimento para o mundo, para si e para suas crianças; e sua vida se torna um fardo até que ele retorne à poeira da qual foi feito - e que ele é por natureza sem a graça de Deus em sua vida. (cf. Gênese 3:17-19) É nesse sentido que o "príncipe deste mundo" é o mal (João 12:31, 14:30, 16:11)

Dada a pecaminosidade do mundo, sua servidão ao diabo, seus "groaning in travail [gemidos de dores de parto]" (cf Romanos 8:19-23) até sua salvação em Cristo, Deus propriamente usa a doença e a morte para seus próprios propósitos providenciais como meio para a salvação do homem. Deus não é a causa da doença, do sofrimento e da morte; mas dada sua existência por causa da fraude do diabo e da fraqueza do homem em pecar, Deus os emprega em vista de que o homem possa ser curado e salvo no perdão dos pecados. Nesse sentido, e somente nesse sentido, pode ser dito que "Deus envia a doença ao homem".

Quando uma pessoa espiritual está doente ela reconhece que sua doença é causada pelo pecado, seus próprios e os do mundo. Ela não blasfema contra Deus por conta disto, porque sabe que Deus não causou sua doença e não a deseja para Seus servos. Ele sabe que através do plano de providência e da salvação de Cristo sua doença será curada. Ele sabe também que se Deus assim quer, ele pode ser curado da sua doença em sua vida com fim de ter mais tempo para servir a Deus e o homem na terra, e alcançar o que ele deve de acordo com o plano de Deus. Ele também sabe que a própria doença em si pode ser meio de servir a Deus, e ele a aceita de seu modo, oferecendo-a em fé e amor por sua própria salvação e pela salvação de outros.

Não há testemunho maior ao amor de Deus e da fé em Cristo do que a doença suportada com fé e amor. Aquele que carrega suas enfermidades com virtude, com coragem e paciência, com fé e esperança, com agradecimento e alegria, é o maior testemunho da salvação divina que pode possivelmente ser. Nada pode comparar-se a uma tal pessoa, porque o louvor de Deus na aflição e na angústia é a maior oferta possível que o homem pode fazer de sua vida na terra.

Todo santo que tenha vivido sofreu enfermidades físicas. E todos eles, virtualmente sem exceção - até mesmo quando curavam outros por suas rezas - não pediam ou recebiam salvação para eles próprios. Este é o caso mais evidente de Jesus, o servo sofrido de Deus.

Ele foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de tristezas, íntimo com  o pesar; como alguém do qual os homens escondiam seus rostos...

Certamente Ele deu nascimento aos nossos sofrimentos, e carregou nossas tristezas; contudo O reputávamos como angustiado, ferido por Deus e oprimido. Mas Ele foi machucado por nossas transgressões, Ele foi machucado por nossas iniquidades, sobre Ele foi o castigo que nos curou, e com as feridas dEle somos curados... o Senhor pôs sobre Ele a iniquidade de todos nós.

E eles fizeram Sua tumba com os perversos e com um homem rico (i.e. José de Arimateia, Matheus 27:57) em Sua morte... quando Ele fez de Si mesmo uma oferta para o pecado... (Isaías 53, cf. Salmos 22, 38, 41)

Cristo "poured out His soul to death [derramou Sua alma para a morte]" (Isaías 53:12) quando Ele esteve apenas na terceira década de Sua vida. Muitos dos santos dificilmente viviam muito, e virtualmente todos sofreram, como São Paulo, de algum "thorn in the flesh [espinho na carne]", normalmente compreenderam como aflição corporal.

...a thorn was given me in the flesh, a messenger of Satan to harass me, to keep me from being too elated. Three times I besought the Lord about this, that it should leave me; but He said to me, “My grace is sufficient for you, for my power is made perfect in weakness,” that the power of Christ may rest upon me…for when I am weak, then I am strong.
[...um espinho foi me dado na carne, uma mensagem do Satã para me molestar, impedir-me de ser tão exultante. Três vezes eu supliquei ao Senhor sobre isso, que isso deveria me soltar; mas Ele disse para mim, "Minha graça é suficiente para você, porque meu poder é perfeito na fraqueza", que o poder de Cristo pode repousar sobre mim... porque quando estou fraco, então estou forte]. (2 Coríntios 12:7-10)

Todas as pessoas espirituais seguem o exemplo de Christo e de São Paulo e todos os santos em sua apreciação da doença. Eles dizem ao Pai, "Thy will be done [Teu será feito]", e transformar sua fraqueza, pela graça de Deus, em meios para a salvação deles mesmos e de outros.

O SOFRIMENTO

Não há vida neste mundo sem sofrimento. A cessação do sofrimento acontece somente no Reino de Deus. Há geralmente três fontes de sofrimento neste mundo: sofrimento da perseguição de outros no corpo e na alma, sofrimento de doença e enfermidade, e sofrimento no espírito por causa dos pecados do mundo. Há apenas dois modos possíveis de lidar com tais sofrimentos. Ou humildemente se aceita ou se os transforma no caminho da salvação de si e de outros; ou se é derrotado por eles com a rebelião e rejeição, e então "curses God and dies [blasfema Deus e morre]" tanto fisicamente como na eternidade nos tempos que virão (cf. Jó 2:9-10)

Temos visto já que "all who desire to live a godly life in Christ Jesus will be persecuted [Todos os que desejam viver uma vida divina em Jesus Cristo serão perseguidos]" (I Timótio 3:12); e que os cristãos deveriam "count it all joy [considerar tudo alegria]" quando "meet various trials [encontram várias provações]" (Tiago 1:2), "rejoicing that they were counted worthy to suffer dishonor for the name [regozijando-se de que eles foram dignos de sofrer desonra pelo nome]" (Ats 5:41)

Nós também vimos que aqueles que sofrem por conta de doenças e enfermidades com toda a virtude de Cristo receberão "sufficient grace [graça suficiente]" de Deus para serem fortes no Senhor na sua fraqueza corporal, e então tornar seus sofrimentos "not unto death [não em morte]", mas em "glory of God [glória de Deus]" (cf 2 Coríntios 12:7-10, João 11:4)

Since therefore Christ has suffered in the flesh, arm yourselves with the same thought, for whoever has suffered in the flesh has ceased from sin, so as to live for the rest of time in the flesh no longer by human passions, but by the will of God. [Desde que então Cristo sofreu na carne, armem-se com o mesmo pensamento, porque quem quer que tenha sofrido na carne deixou de pecar, para então viver pelo resto do tempo na carne e não mais sob paixões humanas, mas pela vontade de Deus] (I Pedro 4:1-2)

Now I rejoice in my sufferings for your sake, and in my flesh I complete what is lacking in Christ’s afflictions for the sake of His body, that is the church… [Agora eu me regozijo em meus sofrimentos por tua causa, e em minha carne eu completo o que está faltando nas aflições de Cristo por causa do Seu corpo, que é a igreja](Colossians 1:24)

Assim não perdemos o coração. Embora nossa natureza externa esteja definhando, nossa natureza interna está sendo renovada todos os dias. Por isso a angústia leve momentânea está preparando para nós um peso eterno de glória para além de toda comparação, porque olhamos não as coisas que são vistas, mas as coisas que não são vistas; porque as coisas que são vistas são passageiras, mas as coisas não vistas são eternas.
Pois sabemos que se a tenda terrena na qual vivemos é destruída, temos uma construção de Deus, uma casa não feita com as mãos, mas eterna nos céus. Aqui de fato nós gememos, e muito para vestir nossa habitação celestial, a fim de que vestindo-a não nos encontremos nus. Por enquanto estamos silentes nessa tenda, suspiramos com ansiedade; não que deveríamos nos descobrir, mas que deveríamos estar ainda mais bem vestidos, a fim de que o que é mortal possa ser engolido pela vida. Quem preparou-nos para isso é Deus, aquele que nos deu o Espírito como garantia.

So we are always of good courage; we know that while we are at home in the body, we are away from the Lord… [Assim somos sempre de boa coragem; sabemos que enquanto estivermos em casa no corpo, estamos sempre longe de Deus...] (2 Coríntios 4:16-5:6)

A pessoa espiritual, quando sofre na carne, usa suas angústias para se libertar do pecado e se tornar "perfect through suffering [perfeita através do sofrimento]" como o próprio Jesus.  (Hebreus 2:10) Ele sabe que conforme sua "outer nature is wasting away [natureza externa definha]" ele está nascendo no Reino de Deus se ele sofre em e com Jesus, o Senhor.

Em um sentido bem real o sofrimento mais penoso de todos não é na carne, mas no espírito. Este é o sofrimento que atormenta a alma quando, pela graça de Deus e na luz de Cristo, a pessoa espiritual vê a suprema futilidade, feiúra e mesquinhez do pecado que destrói os homens que são imagem de Deus. De acordo com o grande teólogo da Igreja, este sofrimento foi o mais penoso de todos para o próprio Jesus Cristo (cf. Anthony Khrapovitski Metropolitano, 20º, o Dogma da Redenção)

Jesus conheceu a plenitude e a perfeição da beleza divina de Deus; Ele conheceu Sua piedade e Seu amor, a glória do paraíso, a bondade de Sua criação. Contemplando tudo isto, dado ao homem como presente, e contemplando ser desprezada e rejeitada em Sua própria pessoa, foi infinitamente mais doloroso e torturante ao Senhor que qualquer espancamento, flagelação e a pregação na cruz. Pois a cruz em si foi o grande escândalo do ódio e da rejeição do homem ao amor, à luz e à vida de Deus dada ao mundo na pessoa de Cristo. Assim, a agonia e o tormento do Senhor em Seu ser morto na cruz foi a agonia divina, em corpo e alma, da recusa do homem contra a vida divina. Nenhuma agonia maior que esta pode existir, e nenhuma mente humana pode sondar o infinito escopo de seu horror e tragédia.

A pessoa espiritual, de acordo com a graça dada por Deus, participa espiritualmente nessa agonia de Cristo. Este é o maior sofrimento dos santos, infinitamente mais insuportável que qualquer perseguição ou doença humana. É o tormento da alma sobre a suprema imbecilidade do pecado. É a agonia do amor sobre aqueles que perecem. Foi em tal retitude da alma que o Apóstolo Paulo pôde exclamar: "...I have great sorrow and anguish in my heart, for I wish that I myself were accursed and cut off from Christ for the sake of my brethren, my kinsmen by race [... tenho grande tristeza e angústia no meu coração, pois desejo que eu mesmo fosse amaldiçoado e rompido de Cristo em benefício dos meus irmãos, meus parentes pela raça]." (Romanos 9:3)

É com esta mesma agonia do amor que Santo Isaac da Síria pôde dizer sobre os santos, "se eles fossem lançados ao fogo dez vezes por dia em benefício do homem, para eles isso ainda seria bem pouco". (Mystic Treatises [Tratados Místicos], Wensick, ed.) Este mesmo Santo Isaac foi conhecido por derramar lágrimas ferventes de amor sofrido por todos os homens, por toda a criação, e até mesmo pelo mal.

Assim, a última forma de todos os sofrimentos que pode levar à salvação é o amor compassivo por tudo que perece pela ridícula imbecilidade do pecado. Cristo sofreu por este amor até a mais ilimitada extensão de Sua divindade. E cada pessoa sofre conforme a extensão que ela é deificada em Cristo pela graça do Espírito.

A MORTE

Não há pessoa alguma que não morrerá. A preparação para a morte é o centro da vida espiritual.

Lord, let me know my end, and what is the measure of my days; let me know how fleeting my life is! Behold, Thou hast made my days a few handbreadths, and my lifetime is as nothing in Thy sight. Surely every man stands as a mere breath! Surely man goes about as a shadow! Surely for nought are they in turmoil; man heaps up, and knows not who will gather! [Senhor, deixe-me conhecer meu fim, e o que é a medida dos meus dias; deixe-me conhecer o quão fugaz é minha vida! Contempla, Tu tem feito dos meus dias palmos, e meu tempo de vida não é nada como Tua visão. Certamente todo homem é como mero suspiro! Certamente o homem vai como uma sombra! Certamente por nada estão em desordem; o homem amontoa, e não conhece aquele que colherá!] (Salmos 39-4-6)

Que o homem morra não é vontade de Deus, pois como as escrituras dizem, "God did not make death [Deus não criou a morte]".

God did not make death, and takes no pleasure in the destruction of any living thing; He created all things that they might have being. [Deus não criou a morte, e não tem prazer algum na destruição de qualquer coisa viva; Ele criou todas as coisas que podem existir] (A Sabedoria de Salmoão 1-13)

For I have no pleasure in the death of anyone, says the Lord God; so turn and live [Pois não tenho prazer na morte de coisa alguma, diz Senhor Deus; então vá e viva]. (Ezequiel 18:32)


Death is the result of sin. It is the final victory of the devil, the result of his destructive activity. If man had not sinned, he would not have died. His body may have changed and evolved over great periods of time, but it would not have been separated from his spirit to return to the dust, And man’s soul itself would not have been corrupted, losing power over its body and becoming its slave. This is the meaning of the sin of Adam, that man has emerged on the face of the earth, made in God’s image and inspired with His Spirit, and has chosen death instead of life, evil instead of righteousness, and so through defilement of his nature in rebellion against God, brought corruption and death to the world. [A morte é o resultado do pecado. É a vitória final do mal, o resultado de sua atividade destrutiva. De o homem não tivesse pecado, não teria morrido. Seu corpo pode ter mudado e evoluído durante grandes períodos de tempo, mas não estaria separado do seu espírito para retornar ao pó, A a alma do homem em si não teria sido corrompida, perdendo poder sobre seu corpo e se tornando escrava. Este é o significado do pecado de Adão, que o homem emergiu na face da terra, feito imagem de Deus e inspirado em Seu Espírito, e tendo escolhido a morte ao invés da vida, o mal ao invés da justiça, e assim através da corrupção de sua natureza em rebelião contra Deus, trazido corrupção e morte ao mundo] (cf. Gênese 3, Romanos 5:12-21)

"Sin spread to all men because all men sinned [O pecado se espalhou para todos os homens porque todos os homens pecaram]" (Romanos 5:12); e no pecar o homem trouxe a morte às crianças que participam dessa natureza e vida mortais. Em um mundo limitado pelo pecado, ninguém escapa, até mesmo aqueles que são pessoalmente sem-culpa e inocentes, pois todos são tomados pelos pecados do mundo.

Behold, I was brought forth in iniquity, and in sin did my mother conceive me. [Contempla, fui trazido para a iniquidade, e no pecado minha mãe me concebeu] (Salmos 51:5)

Até mesmo a toda-pura Virgem Maria, que deu a luz ao Cristo na carne não poderia escapar das armadilhas da morte. Pois toda sua inocência e perfeição espiritual, ela também precisava da salvação da morte por seu Filho, e seu espírito regozijou-se em Deus seu Salvador (cf. Lucas 1:47).

De acordo com a fé do Cristianismo Ortodoxo, apenas Jesus Cristo, de todos os homens, como Filho encarnado e Palavra de Deus, não precisa morrer. Da morte de todos, só a dEle foi perfeitamente voluntária. Ele veio com fim de morrer, e por Sua morte libertar todos que estivessem presos pelo poder da morte.

For this reason the Father loves me, because I lay down my life that I may take it again. No one takes it from me, but I lay it down of my own accord. I have the power to lay it down, and I have the power to take it again; this charge I have received from my Father [Por esse motivo o Pai me ama, é porque eu entrego minha vida que eu a retomo de volta. Ninguém a toma de mim, mas eu a entrego de minha própria vontade. Tenho o poder de entregá-la, e eu tenho o poder de tomá-la de volta; este peso eu recebi do meu Pai]. (João 10:17-18)

Now is my soul troubled. And what shall I say? “Father, save me from this hour?” No, for this purpose I have come to this hour.

Now is the judgment of the world, now shall the prince of the world be cast out; and 1, when I am lifted up from the earth, will draw all men to my- self.

He said this to show by what death He was to die (i.e. crucifixion).

The crowd answered Him, “We have heard from the law that the Christ (i.e. Messiah) remains forever. How can you say that the Son of Man must be lifted up? Who is this Son of Man?”

Jesus said to them, “The light is with you for a little longer…” 
[Agora minha alma está perturbada. E o que eu deveria dizer? "Pai, salva-me desta hora?" Não, para este fim eu vim para esta hora.

Agora é o julgamento do mundo, agora o príncipe do mundo deve banir; e eu, quando sou erguido da terra, atrairei todos os homens para mim.

Ele disse isso para mostrar por qual morte Ele teve que morrer (i.e. crucificação).

A multidão O respondeu, "Nós ouvimos das leis que o Cristo (i.e. Messias) permanece para sempre. Como você diz que o Filho do Homem deve ser erguido? Quem é este Filho do Homem?"

Jesus disse a eles, "A luz ainda está com vocês por pouco tempo..."] (João 12:27-35, cf. Matheus 16:21-23, 17:9-13)

Jesus veio "para nós, homens, e para nossa salvação" com fim de morrer. (Credo Niceno) Ele veio para que por Sua morte e ressurreição todos os homens devem ser erguidos da morte para a vida eterna no Reino de Deus. Essa é a fé cristã.

...for the hour is coming when all who are in the graves will hear the voice of the Son of God, and come forth, for those who have done good, to the resurrection of life, and those who have done evil, to the resurrection of damnation [pois a hora está chegando, quando todos aqueles que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho de Deus, e virão, pois aqueles que terão feito o bem, a ressurreição da vida, e para aqueles que terão feito o mal, a ressurreição da danação] (João 5:25-29)

Isso também é a doutrina dos apóstolos (cf. Atos 2:22-36)

But in fact Christ has been raised from the dead, the first fruits of those who have fallen asleep. For as by a man came death, by a man has come also the resurrection of the dead. For as in Adam all die, so also in Christ shall all be made alive. But each in his own order: Christ the first fruits, then at His coming those who belong to Christ. Then comes the end, when He delivers the kingdom to God the Father after destroying every rule and every authority and power. For He must reign until He has put all His enemies under His feet. The last enemy to be destroyed is death. [Mas na verdade Cristo foi ressuscitado dos mortos, os primeiros frutos daqueles que caíram dormentes. Pois como a morte veio com um homem, com um homem veio também a ressurreição dos mortos. Pois como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos devem viver. Mas cada um em sua própria ordem: Cristo os primeiros frutos, então em Sua vinda aqueles que pertencem a Cristo. Então vem o fim, quando Ele entrega o reino a Deus, o Pai, depois de destruir toda regra e toda autoridade e poder. Pois Ele deve reinar até que Ele tenha posto todos os Seus inimigos sob Seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte] (I Coríntios 15:20-26)

Pois o trompete soará, e os mortos serão erguidos imperecíveis, e nós devemos estar mudados. Pois esta natureza perecível deve vestir a imperecível, e esta natureza mortal deve vestir a imortalidade. Quando o perecível vestir o imperecível, e o mortal vestir a imortalidade, então deve ocorrer o que está escrito:
"A morte é engolida na vitória.
Ó morte, onde está tua vitória?
Ó morte, onde está teu ferrão?"
O ferrão da morte é pecado, e o poder do pecado é a lei. Mas graças a Deus, que nos deu a vitória através do nosso Senhor Jesus Cristo. (I Coríntios 15:52-57)

The whole essence of the spiritual life is to die with Christ to the sins of this world and to pass through the experience of bodily death with Him in order to be raised up “on the last day” in the Kingdom of God. [Toda a essência da vida espiritual é morrer com Cristo para os pecados do mundo e passar através da experiência da morte corporal com Ele com fim de ser ressuscitado "no último dia" no Reino de Deus] (cf. João 6:39-44, 54)

Pelo poder de Cristo e pela graça do Espírito Santo, os cristãos podem e devem transformar suas mortes em atos de vida. Eles devem enfrentar a tragédia da morte com fé no Senhor, e derrotar o "último inimigo - a morte" (I Coríntios 15:26) pelo poder da fé.

Nenhum de nós vive para si mesmo, e nenhum de nós morre para si mesmo. Se vivemos, vivemos para o Senhor, se morremos, morremos para o Senhor, então se vivemos ou morremos, somos do Senhor. Pois para este fim Cristo morreu e viveu de novo, que Ele pode ser Senhor tanto dos mortos quanto dos vivos. (Romanos 14:8-9)

Truly, truly I say to you, he who hears my word and believes in Him who sent me has eternal life; he does not come to judgment, but has passed from death to life. [Em verdade, em verdade vos digo: aquele que ouve minha palavra e crê nEle, que me enviou, tem vida eterna; ele não vem para ser julgado, mas passou da morte para a vida.] (João 5:24, cf. João 6:29-58)

I am the resurrection and the life; he who believes in me, though he die, yet shall he live, and whoever lives and believes in me shall never die. [Eu sou a ressurreição e a vida; aquele que acredita em mim, embora morra, viverá, e quem quer que viva a crê em mim nunca morrerá.] (João 11:25-26)

Para os cristãos, como para todos os homens, a morte é uma tragédia. Quando confrontados pela morte, como todos os homens, e como Jesus e Seus apóstolos, os cristãos podem apenas gemer e chorar. (cf. João 11:35, Matheus 26:37-38, Marcos 14:33-34, Lucas 22:42-44, Atos 8:2) Mas para os cristãos, plenos de fé em Cristo e em Seu Pai, a tragédia da morte pode ser transformada em vitória.

domingo, 7 de junho de 2015

O Riso do Idiota

por Manuel Ochsenreiter

Muitos políticos e jornalistas europeus do sistema hoje choram lágrimas de crocodilo sobre a antiga Palmira síria sob controle terrorista. Expressam sua preocupação porque os militantes armados do "Estado Islâmico" destruíram a Palmyra, que alberga as ruínas de uma grande cidade que uma vez foi um dos centros culturais mais importantes do mundo. Não seria a primeira vez que o "Estado Islâmico" destrói o patrimônio cultural.

Mas essas preocupações são profundamente hipócritas: porque muitos dos que agora estão "preocupados" são em verdade os spin doctors [1] ideológicos do "Estado Islâmico" e outros grupos terroristas na Síria e no Iraque. Com seu apoio à chamada "Revolução Síria" eles alimentaram estes grupos.

O "Estado Islâmico", hoje em dia simplesmente executa seu trabalho: destruindo a civilização, desintegrando uma nação inteira, matando tudo o que representa a "ordem" da maneira mais brutal possível. Eles atomizam a Síria, o obstáculo geopolítico aos olhos de Washington e Bruxelas.

Esse padrão não é de forma alguma novo:

- Em Kosovo, extremistas albaneses não só atacam os sérvios, atacam e destróem igrejas servio-ortodoxas e cemitérios. Eles não só querem se desfazer da população sérvia, querem desfazer-se da presença história da Sérvia. Os albano-kosovares profanam tumbas sérvias pondo nelas cadáveres de animais.

- No Cáucaso Sul, as igrejas e monastérios armênios foram objetos das forças de Azerbaijão durante a guerra de Nagorno-Karabaj. A catedral armênia de Sushi foi profanada e convertida em um arsenal de armas pelas forças azeris.

Não é uma coincidência que esta guerra bárbara e anti-cultural fora apoiada por "voluntários" (como johadistas chechenos e afegãos) em ambos os casos, da ex Iugoslávia e do sul do Cáucaso.

A destruição do patrimônio cultural, histórico, religioso e nacional é uma forma eficaz de criar um "fato consumado" nos campos de batalha geopolíticos. O propósito dessas "medidas de guerra" é tirar à força a população inimiga de suas identidades e vínculos coletivos históricos, culturais e religiosos.

E este é exatamente o conceito ideológico do Ocidente pós-modernista e liberal. Eles fazem o mesmo na Europa - por suposto com outros meios, com o "poder brando". Aqui nossas elites políticas e culturais negam a existência e a importância das identidades coletivas, fantaseiam em nossas universidades sobre holografias intelectuais como "identidades híbridas", e assim sucessivamente. Lutam contra a religião, "desconstróem" a família, inclusive criaram incontáveis gêneros para negar a existência do "macho" e da "fêmea". Eles convertem igrejas em grandes armazéns ou edifícios de apartamentos. Adoram o "indivíduo", que é "livre" para atuar em uma "sociedade aberta", que em verdade significa: "mercado livre".

O filósofo e politólogo russo Professor Alexandr Dugin descreveu uma vez este processo como uma maneira de difundir um "idiotismo" moderno. Na antiga Grécia o termo "idiota" faz alusão a um "cidadão particular, que não tem conhecimento profissional, um profano". "Idiota" foi utilizado na antiga Atenas para se referir a quem recusava tomar parte na vida pública, alguém sem vínculos coletivos.

O "Estado Islâmico" é hoje o bulldozer desse tipo de guerra para destruir qualquer vínculo coletivo no Oriente Médio. Não é outra coisa que a ala militante do liberalismo ocidental.

[1] Spin doctors: manipuladores de informação. Normalmente são os assessores de imprensa ou de imagem dos políticos.

via paginatransversal

sábado, 6 de junho de 2015

Tantra, Artes Marciais e a Metafísica da Dor

por Craig Williams

"A dor é uma das chaves para desbloquear o ser mais íntimo tão bem como o mundo", escreveu Ernst Junger. "Onde quer quer se alcance os pontos onde o homem prova a si mesmo ser igual ou superior à dor, ganha-se acesso às fontes deste poder e o segredo oculto por trás de seu domínio. Conte-me sua relação com a dor, e eu te direi quem és!"

A sensação da dor é talvez a experiência humana mais preocupante e fundamentalmente desconfortável. Uma grande força equalizadora, a dor espalha sua influência para além de todas as fronteiras de raça, gênero, idade e condição sócio-econômica. Como humanos e como uma sociedade nós tememos a sensação da dor e buscamos suprimir e limitar sua voz a todo custo, independentemente do resultado em longo prazo. Assim a voz da dor frequentemente transmite grandes ensinamentos e lições esotéricas se aprendermos a ouvir, sintonizando nossos ouvidos para longe da mente egóica e da direção do "coração" ou da Alma, um tipo de cárdio-sonografia que pode guiar nossas vidas de modos extremamente transformador e misterioso. O respeito pela dor é tido em grande consideração em práticas de artes marciais e tantra, duas sistêmicas visões-de-mundo que buscam explorar e refinar o corpo físico como um campo de transformação, manifestação e auto-realização (Self-Realization: realização do Si, em sentido espiritual, e não "auto-realização" no sentido mundano, fantasioso ou egóico. N. do B.).

A voz da dor funciona como um poderoso catalisador para o crescimento e para a transformação juntamente dos profundos sistemas de artes marciais/tantra, expressando-se no terreno físico e psicológico do corpóreo, "paisagem (landscape: panorama, vista. N. do B.) do corpo". Nesses sistemas a dor pode ser criativa ou destrutiva, um fogo alquímico que pode talhar e queimar as ilusões egóicas que agem como obstáculos para nossa maturação e crescimento como lutadores e como seres auto-realizados. Bruce Lee frequentemente discutiria essa importante ideia em suas complexas revelações na luta e em seu paradigma geral para o auto-desenvolvimento. Um simples e poderoso exemplo disso é a discussão de Bruce Lee sobre as armas de luta e a "posição de luta". Nas exposições de Lee em seu sistema de Jeet Kun Do ele menciona que as armas de luta servem a um propósito duplo:

Destruir o oponente na sua frente - aniquilação de coisas que permanecem no caminho da paz, da justiça e da humanidade... e destruir nossos próprios impulsos causados pelos instintos da auto-preservação. Destruir qualquer coisa que atormenta sua mente, não machucar qualquer um, mas superar sua própria cobiça, sua raiva e tolice... Socos e chutes são armas para matar o ego.

Esta descrição de "armas de luta" contém poderosas metáforas para uma luta muito maior que um básico encontro pugilístico; isso descreve o campo de batalha da mente e do corpo assim que buscamos perder a segurança do ego em nossa visão da Alma. Estes são os ideais exatos do tantrika dessintonizando-se da mente e do corpo ao buscar escapar ou transcender o corpóreo; o corpo em si se torna uma arma mágica para a auto-realização, uma arma contra a fortaleza do ego condicionado e suas fantasias futurísticas escapistas; um instrumento que é bem sintonizado por um cultivo sistemático de práticas esotéricas. Bruce Lee também discutiu a ideia da "posição" como fundamento de seu sistema de Jeet June Do e descreveu o "posicionamento fundamental" da posição como:

Uma simples, mas efetiva organização de si mentalmente e fisicamente... facilidade, conforto, e o corpo sente durante a manutenção da "posição do espírito"... simplicidade: movimento com nenhuma tensão; ser neutro, não tem comprometimento em direção ou esforço.
Bruce Lee (E) e Yukio Mishima (D)

Uma vez mais a descrição de Lee da "posição de luta" contém metáforas para uma visão ainda maior e ecoa muito dos ideais práticos da física tântrica. A posição que assumimos em nossas batalhas diárias determinarão o resultado antes da luta que ainda não começou. No tantra o corpo é cultivado a um estado de harmonia mental e física sem engajamento fanático em míopes paradigmas fundamentalistas: "movimento sem tensão". O físico tântrico está sempre em guarda e sempre pronto a assumir uma posição natural para administrar a batalha diária da mente condicionada e na guerra contra a pedra-de-toque fundamentalista. Como Lee afirmou, "Enquanto os socos estão vindo, mantenha seus olhos abertos cada minuto. Os socos não esperarão por você. Eles acertarão inesperadamente e, a menor que você seja bem treinado o bastante para acertá-los, eles serão difíceis de parar". Então tentamos impiedosamente estar prontos e em um estado relaxado confrontar os golpes diários da mente condicionada e da fortaleza das forças egóicas. Nosso corpo e nossa mente constantemente buscarão apoiar as ilusões do ego em uma tentativa de nos manter a salvos, em nossas zonas de conforto. No entanto, isso nos impede de crescer e realizar nosso verdadeiro Si (Self, N. do B.) e de manifestar nossa Visão da Alma. Isto foi apropriadamente descrito em Sun and Steel pelo gnóstico controverso Yukio Mishima:

Eu chamo atenção aqui para um fato: que tudo... procedeu da minha 'mente'. Eu acredito que assim como o treinamento físico transformará os músculos supostamente involuntários em voluntários, do mesmo modo uma transformação similar pode ser alcançada através de uma tendência inevitável que pode-se também chamar de lei natural, são inclinados ao descuido no automatismo, mas eu descobri com a experiência que um grande fluxo pode ser defletido ao cavar um pequeno canal.

Esse é outro exemplo da qualidade que nossos espíritos e corpos têm em comum: que a tendência compartilhada pelo corpo e pela mente instantaneamente criam seu próprio pequeno universo, sua própria 'falsa ordem', onde quer que, em um tempo particular, são tomados pelo controle de alguma ideia particular.... Essa função do corpo e da mente em criar por um momento sua própria miniatura de universo é, na verdade, nada mais que uma ilusão: então o senso fugaz de felicidade na vida humana pertence precisamente a esta 'falsa ordem'. É um tipo de função protetora da vida em face do caos em torno dela, e relembra o modo como um ouriço rola como uma bola. A possibilidade então apresentou-se a demolição de um tipo de 'falsa ordem' e cria outra no lugar, de retornar a si mesmo essa função obstinada e resetando-a em uma direção melhor acordada com seus próprios fins".

As revelações poéticas de Mishima ecoam muito dos profundos ideais do tantra. Mais que abandonar a mente e o corpo, o tântrico busca usar esses membros egóicos como armas para a transformação alquímica e uma verdadeira posição do elan vital: abraçando o mundo ao invés de buscar escapar dele, abraçando a batalha diária com o ego e suas ilusões condicionadas ao invés de buscar fugir, abraçar a batalha diária como uma oportunidade para a auto-realização! Isso não é mera postura retórica. Atualmente é uma descrição convincente do que é referido em Left Hand Tantra como o "caminho impiedoso". A aceitação diária dos desafios da carne e as miragens da mente é de fato uma batalha, que inevitavelmente termina em morte. Assim como o lutador busca ser capaz de manter sua posição num instante sempre pronto para os inesperados e imprevisíveis golpes da vida, o tântrico busca assumir uma posição na qual está sempre pronto para ver a luta interior como um raro e efêmero presente e se esforça em ser capaz de assumir essa posição no evento inesperado e imprevisível: a morte. Como disse Mishima:

Se a solenidade e a dignidade do corpo se elevam sozinhas do elemento da mortalidade que espreita dentro dele, então a estrada que leva à morte, eu conclui, deve ter algum caminho privado que conecta com a dor, com o sofrimento, e a contínua consciência que é prova da vida. E eu não poderia deixar de sentir que se houvessem alguns incidentes nos quais dores de morte violentas e músculos bem desenvolvidos fossem habilmente combinados, apenas ocorreria em resposta às demandas estéticas do destino. Claro que o destino não tem o costume de levar uma orelha em considerações estéticas.

Artes marciais e física tântricas veem a inevitável experiência da dor como portões sacros dentro da mente e do corpo que, se corajosamente e estrategicamente perpassados, podem levar o explorador em uma paisagem da Alma, a verdadeira visão da liberdade e da auto-realização. Não há escapatória para a dor. No entanto, podemos refinar nossas mentes e nossos corpos a ver o encontro com a dor como uma oportunidade para áreas expostas à revelação que precisam mudar, evoluir, amadurecer ou morrer. Não podemos ser preguiçosos ou adiar essa perseguição como se não tivéssemos garantia do tempo alocado a nós no campo de batalha. Não há troféus ou premiações nesse campo de batalha, apenas cicatrizes que servem como lembranças da nossa dedicação e comprometimento no caminho e nas lições transmitidas para nós por nossas respectivas linhagens e professores. É o último presente que é somente premiado aos poucos e verdadeiramente corajosos que caminharão o caminho impiedoso e aprenderão a ouvir a voz da dor. Qual é sua posição? Está pronto para ouvir?

via peopleofshambhala

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Ameaças ao Brasil: Projeto Triplo A e outros ataques

É sabido que universidades brasileiras estão se reaproximando da Rússia (UFRGS, UFSM, UNB, etc.) a fins de projetos tecnológicos, energéticos e geopolíticos. Este é o motivo pelo qual começam a receber ataques vergonhosos como o feito contra a UFSM recentemente. Ademais, há uma suposta crise financeira que abala as universidades e as dificulta de levar os projetos adiante e de criar outros; tudo não passa de uma reação dos ativistas e espiões da OTAN, que abundam no Brasil, com vistas a derrubar o atual governo e retirar o país do seu rumo para guiá-lo segundo os interesses dos EUA e da OTAN.

As conspirações crescem, os ataques crescem, em todas as frentes: os escândalos da FIFA (detenção de José Maria Marin e afastamento de Blatter) são a maneira que os agentes atlantistas encontraram para dificultar o andamento da Copa e das Olimpíadas, respectivamente na Rússia e no Brasil, que muito temem o "propagandismo político", medo responsável também pelo silêncio de muitas mídias ocidentais sobre os eventos do Dia da Vitória ocorridos na Rússia (os maiores do mundo todo), ofuscados por eventos improvisados e mal-feitos em países da OTAN para ter pretexto de dominar o assunto na mídia. O objetivo social é este: isolar a Rússia, impedir a aproximação cultural/intelectual/geopolítica do povo brasileiro com os russos. O objetivo político é este: manter o país na progressiva decadência anti-tradicional, laica e de ideologia liberal. O econômico é este: dominar os setores mais importantes do país e tomar o controle da "cabeça" (ver: FHC promete entregar parte do Brasil aos EUA).

Abaixo, reportagem retirada de Sputnik:

No Dia Mundial do Meio Ambiente, o Brasil se vê diante de uma proposta do presidente da Colômbia para criar um “corredor ecológico” que iria dos Andes ao Atlântico, passando pela Amazônia. Segundo o professor Rogério Maestri, porém, as preocupações supostamente ambientais do projeto podem esconder interesses estrangeiros bem mais perversos.

“Esse tal corredor ecológico, que pra mim não é um corredor, é uma verdadeira ocupação. É o germe de uma ocupação de uma parte do Brasil com o objetivo de isolá-lo do norte, do Caribe, e a América do Sul da parte norte”, disse o especialista em entrevista à Sputnik.

Professor visitante de Engenharia Hidráulica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Maestri se preocupa não apenas com os aspectos técnicos da questão ambiental, mas também com os fatores geopolíticos por trás de ideias como a do chefe de Estado colombiano, Juan Manuel Santos, que anunciou publicamente em fevereiro que iria propor ao Brasil e à Venezuela este “ambicioso” corredor ecológico.

“Será o maior corredor do mundo, com 136 milhões de hectares, que batizamos de Triplo A, pois seria andino, amazônico e atlântico, indo dos Andes até o Atlântico, no Brasil”, declarou Santos no programa oficial de televisão Agenda Colômbia, em 16 de fevereiro. Segundo as palavras do presidente colombiano, a proposta serviria para “preservar a área e como uma contribuição da humanidade para a discussão sobre como deter as mudanças climáticas”. No entanto, de acordo com Maestri, é bastante provável que o discurso de Santos esconda intenções menos louváveis.

Em primeiro lugar, conforme aponta o professor, o termo “corredor ecológico” é impróprio para qualificar o projeto do Triplo A. “De acordo com o costume internacional, se fazem corredores com largura de, digamos, no máximo 1 km. (…) O que chamam de corredor ambiental é algo que varia aqui [no Triplo A] de 50km a 500km”, ressaltou.

“Pode ser qualquer coisa, menos corredor ambiental. É um rasgo que se faz no norte do Brasil”.

De fato, segundo lembra Maestri, um corredor ecológico legítimo na Amazônia, a saber, que levasse em conta a necessidade de preservar a integridade de uma determinada extensão de mata a fim de garantir o fluxo genético entre espécies e evitar a endogamia, deveria integrar outras regiões mais prejudicadas pela exploração humana na região, e não teria a necessidade ambiental de ir até o Atlântico.

“Por que ir até o Atlântico? Se é problema ambiental, era pra ir mais para o sul, mais para baixo da Venezuela, por exemplo, e não precisava ir exatamente até o Atlântico. Chegar de um lado a outro é claramente estratégico, e não é por acaso que [o Triplo A] teria dois pontos de acesso”.

Talvez seja interessante notar que a ideia inicial do “ambicioso” projeto de Santos seja atribuída a Martín von Hildebrand, fundador da ONG Gaia Amazonas e membro da Gaia Foundation, organização também não governamental, mas com fortes vínculos com a Casa Real Britânica.

Segundo o site oficial da ONG inglesa, o trabalho na Amazônia começou com a mediação do ambientalista brasileiro José Lutzenberg, que também atuou no ministério do governo Fernando Collor de Mello. Na época, ele sofreu diversas críticas, sendo acusado inclusive de receber dinheiro indevido da Gaia Foundation, como noticiado pela revista Executive Intelligence Review, bem como de isolar os ambientalistas brasileiros das decisões políticas, preferindo o conselho de estrangeiros.

“Todas as cabeças coroadas europeias gostam muito de ONGs – não as que queiram fazer alguma coisa no seu próprio país, mas que queiram fazer nos outros países”, afirmou o professor da UFRGS.

De acordo com Maestri, de fato, o envolvimento da Gaia Foundation na proposta do Triplo A é mais um indício “de uma direção em termos de ocupação de espaço por outros países”.

“Se se olha a tradição europeia, vê-se que eles enxergam muito longe… Não é, por exemplo, como o americano, que é um pouco mais intempestivo, que tenta invadir no momento. Os ingleses, europeus, em geral, têm um raciocínio mais em longo prazo. Então eles vão implantando essas pequenas coisas, esse tal corredor ecológico, que pra mim não é um corredor, é uma verdadeira ocupação”.

Além disso, Maestri também chama a atenção para o fato de a ideia ser patrocinada pela Colômbia, um dos maiores aliados dos EUA na América Latina, onde Washington dispõe de sete bases militares.

“Do lado da Colômbia tem bases americanas, e do lado do Brasil pode ter bases francesas. Então nas duas extremidades ficam países do Norte, com grande possibilidade de ter acesso a esse ‘corredor’… a essa ocupação. Faz sentido dentro de uma lógica estratégica”, explica o professor.

Se efetuado, o Triplo A seria composto em 62% por território brasileiro, 34% por território colombiano e 4% por território venezuelano. Ou seja, a gestão do “corredor” teria que ser tripartite, o que, de acordo com Maestri, facilitaria a dominação estrangeira da região amazônica, especialmente porque o projeto da Gaia Foundation envolve o conceito de autogestão dos povos indígenas.

“Essas tribos estão em um processo de incorporação de tecnologias modernas, algumas ainda bem atrasadas, outras mais evoluídas. (…) Com essa autogestão, eles [os índios] ficam sujeitos à manipulação. É mais ou menos o que acontece em diversos países da África, que foram fragmentados ao extremo e agora são sujeitos a invasões permanentes de tropas neocoloniais. (…) Ou seja, essa visão de uma autodeterminação também serve [a interesses estrangeiros]; pode levar eles, daqui a um tempo, a escolherem o país que vai ser o seu suporte. Isso já contraria o princípio pétreo da Constituição que é a indivisibilidade do Brasil”, adverte o especialista.

“Essas comunidades têm todo o direito e devem ser preservadas (…). Porém, provavelmente com o tempo – e isso é mais ou menos lógico –, essas culturas indígenas não vão ficar satisfeitas em viver na ‘Idade da Pedra’ e vão querer mais. Bem, quem vai fornecer esse mais? Vai ser o Brasil, a Colômbia, a Venezuela, ou os países europeus?”, acrescentou.

A gigantesca área abrangida pelo Triplo A guarda enormes reservas de água, minérios e biodiversidade. Ou seja, seria uma imensa riqueza a ser pretensamente “gerida” por povos indígenas, que, segundo observa o professor, “podem ser enganados por qualquer um, um posseiro qualquer”, assim como “podem ser enganados por outros países”.

Outra evidência dos interesses econômicos por trás da proposta, segundo o professor, é o fato de que o corredor abarcaria a região acima do Rio Amazonas – partes mais altas que, sendo mais secas, seriam mais aproveitáveis para atividades lucrativas, como a criação de gado.

De qualquer forma, o presidente colombiano prometeu apresentar o projeto na próxima conferência ambiental da COP 21, que será realizada entre os dias 7 e 8 de dezembro em Paris. Na opinião de Maestri, entretanto, a ideia não deve dar frutos pelo menos dentro dos próximos cinco anos.

“É um projeto de longo prazo. Depois da COP 21, [a ideia] vai evoluindo, evoluindo, até que vão questionar a própria capacidade do Brasil de gerir essa parte. Como se eles, os europeus, americanos, fossem capazes de gerir. As florestas deles simplesmente foram acabadas. Onde teve colonialismo, acabaram com florestas imensas”, notou o professor.

“Somos tão incompetentes assim? Se a Amazônia existe, é porque tinha um governo brasileiro, que bem ou mal ainda conservou. Qual a moral que têm países que desmataram, que colonializaram ao máximo – e ainda colonizam, agora com o neocolonialismo –, em chegar e falar que o Brasil é incapaz?”

De acordo com Maestri, não se pode negar a importância da conservação da Amazônia, mas a tarefa deve ser levada a cabo “dentro da lógica nacional”. O especialista defende, sobretudo, a “presença forte do Exército brasileiro impedindo o corte dessas matas”, o reforço da ocupação do Estado na região e uma “cobertura de satélites” para melhorar o monitoramento, tarefa que, segundo ele, pode ser feita em parcerias múltiplas com outros países, inclusive com o sistema de navegação GLONASS, da Rússia, que acaba de ganhar sua segunda estação no Brasil.

No entanto, Maestri ressalva que o Estado tem que se fazer presente não só na parte da defesa, mas também na esfera social. “A Amazônia não é um vazio”, diz o professor, defendendo a necessidade de dar assistência em saúde e educação às pessoas que habitam a região amazônica. “Ocupar a Amazônia para evitar ser ocupado”, resume ele.

“Se o Estado brasileiro ocupar aquela região efetivamente, ninguém entra. Ocupar integralmente, desde o médico, da professora, do pequeno hospital, até as Forças Armadas”, concluiu o especialista.

Saibamos escolher nossos parceiros que não querem nos subjugar, mas ajudar a nos erguermos.
LUTEMOS PELO BRASIL!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Hackers expõem George Soros como o arquiteto por trás da Ucrânia


Apenas alguns dias depois de George Soros anunciar que a Terceira Guerra Mundial é iminente a não ser que Washington recuasse à China para a inclusão no FMI, o hacker collective CyberBerkut expôs o bilionário como o real estrategista por trás das cenas na Ucrânia. Em três esplêndidos documentos, alegadamente hackeados do email de correspondência entre o especulador e o presidente ucraniano, Poroshenko, Soros dispõe "Uma estratégia compreensiva de curto e médio prazo para a nova Ucrânia", expressa sua ousadia que os EUA deveriam providenciar à Ucrânia assistência de militaria letal, "com o mesmo nível de sofisticação em armas de defesa para combater a força opositora", e finalmente explicou que a "primeira prioridade", de Poroshenko, "deve ser retomar o controle dos mercados financeiros", que ele assegura que o presidente poderia ser ajudado pelo FED (Reserva Federal dos EUA), acrescentando que "estou pronto para chamar Jack Lew do Tesouro dos EUA, para então avisá-lo do acordo". O grupo hacker CyberBerkut afirma que penetrou no site da administração presidencial da Ucrânia e obteve correspondências entre Soros e o presidente ucraniano Piotr Poroshenko. O grupo logo depois postou todos os pdfs interceptados na internet no seguinte link. Mais detalhes, conforme a Russia Today:

Os hackers publicaram três arquivos online, que incluem um plano de "curto e médio prazo para a nova Ucrânia", de Soros (datado de 12 de março de 2015); um não datado papel de assistência militar para Kiev; e a carta do bilionário para Poroshenko e o primeiro ministro ucraniano, Arseny Yatseniuk, datada em 23 de dezembro de 2014.

De acordo com os documentos hackeados, Soros apoiou a posição de Barack Obama sobre a Ucrânia, mas acredita que os EUA deveriam agir mais.

Ele crê que os EUA deveriam providenciar à Ucrânia assistência com armas militares letais, "com o mesmo nível de sofisticação em armas de defesa para equiparar com o nível da força opositora".

"Em termos provocadores, os EUA vão 'se adequar, mas não levantar", explicou o lobista de 84 anos, supostamente assinando uma das cartas como "um defensor voluntário da nova Ucrânia".

Os ocidentais querem que Kiev "seja restaurada à capacidade de guerra da Ucrânia sem violar o tratado de Minsk", Soros escreveu.

Entre outras coisas, os documentos hackeados afirmam que as autoridades ucranianas foram também requisitadas para "restaurar alguma aparência de estabilidade e de funcionamento do sistema bancário" e "proteja a unidade entre os vários braços do governo" com fim de receber assistência de aliados estrangeiros.

Soros acredita que cabe à União Europeia o apoio a Kiev com ajuda financeira, salientando que "a Europa deve alcançar um novo tipo de acordo que permitirá a Comissão Europeia mandar $1 bilhão anualmente para a Ucrânia".

Quanto ao atual estado da economia estatal, o bilionário escreveu que o antigo ministro financeiro do Chile, Andres Velasco, depois de visitar a Ucrânia a seu pedido, voltou com "uma visão horrenda da situação financeira".

"A nova Ucrânia está literalmente à beira do colapso" devido ao banco nacional carecer de reservas, Soros disse a Poroshenko.

A correspondência mostra que o bilionário esteve em constante contato com as autoridades em Kiev, consultando-os frequentemente.

Cavando detalhes dos documentos, encontramos um recorte intrigante:

Como você sabe, pedi a Andrés Velasco, um proeminente economista que fora muito bem sucedido como ministro de finanças do Chile de 2006 a 2010, que visitasse Kiev onde se encontrou com o Primeiro Ministro; o presidente esteve em Varsóvia no momento. Velasco voltou com uma horrenda visão da situação financeira. O Banco Nacional da Ucrânia não tem praticamente nenhuma reserva. Isso significa que hryvnia não tem âncora. Se uma pane ocorresse e a reserva atual se esvaziasse como aconteceu na Rússia, o Banco Nacional não poderia estabilizar o nível de troca mesmo se só temporariamente, como a Rússia fez, injetasse $90 bilhões.

Sua primeira prioridade deve ser retomar o controle sobre os mercados financeiros - depósitos bancários e câmbios. Antes que isso tenha sido feito, não terá meio de fazer reformas mais profundas. Eu acredito que a situação poderia ser estabilizada indo ao Conselho Europeu para firmar um comprometimento em princípio de que eles ponham juntos o novo pacote de $15 bilhões que o FMI requer com fim de abrir a próxima tranche de seu pacote original no fim de janeiro de 2015. Baseado no comprometimento, poder-se-ia pedir à Reserva Federal para extender os $15 bilhões em três meses de acordo com o Banco Nacional da Ucrânia. Isso reasseguraria os mercados e evitaria o pânico.

Estou pronto para chamar Jack Lew do Tesouro dos EUA, para então avisá-lo do acordo.

Alguém poderia se perguntar: quais outros assuntos de importância nacional envolvem George Soros com a Secretaria do Tesouro dos EUA que o permite arranjar fundos ilimitados de cortesia da Reserva Federal apenas para promover a agenda de uma pessoa ulterior?

E apenas como isso, a Teoria da conspiração se torna Fato da conspiração mais uma vez.

Os documentos completos estão abaixo:
Ironicamente, o primeiro documento, da "estratégia de curto e médio prazo para a Ucrânia", e assinado por Soros como "um voluntário defensor da Nova Ucrânia", foi criado por Tamiko Bolton, de 40 anos, que se tornou a terceira esposa de Soros poucos anos atrás.

A próxima carta, diretamente enviada por Soros para o presidente ucraniano, Poroshenko, e para o primeiro ministro Yatseniuk, vem de cortesia de um PDF por Douglas York, o assistente pessoal de Soros.


Finalmente, uma carta (de autoria de Yasin Yaqubie do Grupo de Crise Internacional baseado em seu metadata em PDF), cujos lobbies dos EUA "fazem mais".


Para somar: Soros é basicamente o lobbista de interesse da Ucrânia, que usa de dinheiro e armas para se opor a Putin de todos os modos possíveis. Se genuínos, e baseados em seu metadata, parece ser apenas que essas cartas mostram como Soros tenta se adonar dos acordos de Minsk (por exemplo, como treinar os soldados ucranianos sem uma presença real da OTAN na Ucrânia). Os documentos ligam Nuland com Soros, e esclarece que realmente está tentando agitar o Departamento de Estado dos EUA.

Finalmente, enquanto os documentos não mencionem o que Soros tem guardado para a Ucrânia, pode-se usar da imaginação.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Jesus não era simpático, nem você deveria ser um

Este artigo foi retirado daqui e traduzido sob algumas adaptações necessárias.


Não há escassez de heresias nos nossos tempos.

Se você quer adotar alguma visão blasfêmica, pervertida e divertida do cristianismo, você encontrará um verdadeiro buffet de opções. Você pode peneirar todas as variantes e construir sua própria versão pet da Fé. É o Cristianismo do Sorvetinho Social: faça seu próprio sundae! (ou Sunday, como era uma vez).

E, de todas as escolhas heréticas, provavelmente a mais comum - e possivelmente a mais danosa - é a que eu chamo de Doutrina Simpática.

Os propagadores da Doutrina Simpática podem ser vistos e ouvidos a qualquer momento em que qualquer cristão toma uma postura ousada em qualquer assunto cultural, ou usa uma desagradável linguagem de qualquer tipo, ou condena qualquer ato de pecado, ou luta contra o mal com qualquer força ou convicção. Tão logo este se põe de pé a afirmar: "Isto é errado, e eu não vou aceitar", os hereges atacam com seus crentes mantras.

Eles insistem que Jesus era um cara simpático, e que Ele nunca teria feito nada de desagradável para as pessoas. Eles dizem que Ele desceu dos Céus para pregar a tolerância e aceitação geral, e que Ele não teria usado palavras que machucariam os sentimentos das pessoas. Eles confiantemente pregam sermões sobre um Messias manso e suave, que nasceu no seio da Terra em missão de construir um diálogo construtivo.

Os crentes no Jesus Simpático são em geral ignorantes das Escrituras, mas eles realmente sabem que Ele era 'amigo das prostitutas', e uma vez disse algo sobre como nós não deveríamos nos sentir incomodados com as coisas, ou o que seja. Em suas cabecinhas, ele é essencialmente um Cheech Marin (um comediante dos EUA, N. do B.).

Leia os comentários no meu post anterior sobre os militantes dos direitos gays e você verá essa heresia ilustrada. Aquele post gerou um email digno de nota, no qual se diz que eu não estou "agindo como cristão", porque eu "chamo as pessoas pelo nome". Ele diz, em parte:
"Você não está espalhando o cristianismo quando fala desse jeito. Toda a mensagem de Jesus foi que deveríamos ser simpáticos com as pessoas porque nós queremos que elas sejam simpáticas conosco também. Assim é que todos ficamos felizes. Um círculo. É assim simples."

Seja simpático comigo, e eu serei com você, e então todos seremos felizes. Essa é "toda a mensagem" do cristianismo? É sério?

Jesus Cristo pregou uma Verdade não mais profunda ou mais complexa que um slogan em um cartaz de uma sala de aula do jardim de infância? É sério isso?

Uma reivindicação provocadora, para dizer o mínimo. Eu decidi investigar o assunto e, com certeza, encontrei esse excerto do Sermão na Montanha:
"Somos melhores amigos como os amiguinhos devem ser. Com um grande abraço, e um beijo meu em você, você não dirá que me ama também?"

Na verdade espere, desculpe, isso é o tema original do Barney.

Deus nos ajude! Nós transformamos o Filho de Deus em um bonequinho roxo de dinossauro.

Não há jeito de estar certo disso, mas a maior parte dos teólogos acreditam que, apesar da sensação popular, Cristo não tinha nada que ver com isto.

Eu não reconheço este Jesus. Este moderado. Este pacifista. Este cara simpático.

Ele não é o Jesus sobre o qual eu li na Bíblia. Eu li sobre um Salvador forte, viril, durão e ousado. Compassivo, sim. Indulgente, talvez. Amável, sempre amável. Mas não simpático. Ele condenou. Ele denunciou. Ele causou tumulto. Ele rompeu a ordem.

Em uma ocasião - ou pelo menos em uma ocasião relembrada - Ele usou da violência. Este Jesus viu os câmbios de moedas no templo e como Ele respondeu? Ele não foi nem um pouco polido. Eu diria ademais que Ele foi totalmente intolerante. Ele fez um chicote (isso é o que os juízes chamariam de "premeditação") e fisicamente varreu os mercadores para fora. Ele virou mesas e gritou. Causou uma cena. [João 2:15]

Assalto a mãos armadas. Vandalismo. Perturbação da paz. Pior ainda, intolerância. Em duas palavras: nada simpático. De nenhum jeito simpático.

Você pode imaginar como alguns cristãos moderados, piedosos, "simpáticos" de hoje reagiriam ao espetáculo no Templo? Você pode prever os proponentes da Doutrina Simpática, com seus dedos apontados e seus suspiros agressivos e passivos? Estou certo de que eles mandariam ao Jesus um desdenhoso email, talvez deixariam um comentário de desaprovação sob os artigos com relação ao incidente, relembrando Jesus de que Jesus nunca teria sido o que Jesus de fato era.

Pessoalmente, estudei o Novo Testamento e não encontrei um único momento em que Cristo chamava para um "diálogo" com o mal ou buscava o meio termo em um problema. Vejo um absolutista destemido em confronto. Vejo um homem que não hesitou ou deu crédito ao outro lado. Vejo alguém que nunca evitou uma disputa dizendo que Ele simplesmente "concordaria ou discordaria".

Vejo um Cristo que chama as Escrituras e os Fariseus de cobras e víboras. Ele os rotula de assassinos, guias cegos e ridículos, publicamente [Matheus 23:33] Ele mina suas autoridades. Os insulta. Os castiga a todos. Ele não foi simpático com eles.

Jesus repreende e condena. Em Matheus 18, Ele utiliza de imagens mórbidas e violentas, dizendo que seria melhor mergulhar no mar com uma pedra amarrada no pescoço do que perverter uma criança. Estariam nossos políticos modernos em dois mil anos atrás, e estou certo de que eles divulgariam pelas notícias, chocalhando suas cabeças, que "não há lugar para esse tipo de linguagem".

Não há lugar para a linguagem de Deus.

Jesus deliberadamente fez e disse coisas que Ele sabia que atormentaria as pessoas. Ele agitou divisões e controvérsias. Ele provocou. Ele não precisou romper com os costumes estabelecidos, mas Ele fez. Ele não precisou curar a mão do homem no Sabbath, sabendo como isso causaria tumulto e irritação, mas Ele fez, e Ele fez isso com "raiva" [Marcos 3:5]. Ele poderia ter ido com a onda um pouco mais. Ele poderia ter relaxado e ter deixado o passado ser passado, mas Ele não fez assim. Ele poderia ter sido diplomático, mas não foi.

Ele poderia ter dito para todos relaxar, mas ao invés disso Ele tirou-as do conforto. Ele poderia tê-las posto em paz, mas Ele escolheu colocá-las no fio da espada.

Ele convenceu a plebe de não jogar pedra na adúltera [João 8], e você notará que Ele então se voltou a ela e mandou-a parar de pecar. De fato, ele nunca encontrava o pecado e a corrupção e dizia simplesmente "Hey, companheiros, meus manos. Divirtam-se. ULA ULA!"

Os seguidores do Jesus Simpático amam a citação "atire a primeira pedra" - e por boa razão, é uma bela e constrangedora história - mas você raramente ouve a menção da troca que ocorre apenas alguns momentos mais tarde, no mesmo capítulo. Em João 8:44, Jesus repreende os judeus e os chama de "filhos do Mal".

Uau, isto não foi simpático, Jesus! Ninguém lhe contou que você pode catar mais moscas com mel, Jesus? Claro, cataria ainda mais moscas com um monte de lixo, então talvez "catar moscas" não é o ponto. Enquanto frequentemente nos lembramos que Jesus disse "viva pela espada, morra pela espada", parecemos ignorar esta e outras referências de espadas. Como quando ele contou aos seus discípulos para vender seus mantos e comprar uma espada [Lucas 22], ou quando Ele disse que Ele "não veio para trazer a paz, mas a espada" [Matheus 10].

Agora, é verdade que Ele é Deus e nós não. Jesus pode dizer o que Ele quiser. Mas nós somos chamados a sermos como Cristo, que solicita a questão: o que significa ser como Cristo?

Bem, Ele é, entre outras coisas, inflexível. Ele é intolerante com o mal. É intrometido. É às vezes muito severo. É às vezes grosseiro. É às vezes raivoso. É sempre amável.

Cristo não foi e não é um conselheiro-guia cósmico, e Ele não é o melhor amigo da humanidade, nem quer ser. Ele fez os cães para esse papel - nosso destino é mais substancial, e nosso caminho para ele é mais bem mais desafiador e perigoso.

E simpático? Onde está o caráter simpático em tudo isso?
Simpático: afável, macio, fofo.

Simpático não tem nada que ver com o cristianismo. Não tenho nada contra o simpático - simpático é simpático - mas até mesmo os serial killers podem ser simpáticos com as pessoas. Ele geralmente são excepcionalmente afáveis, exceto quando estão matando. Isso significa que eles são simpáticos com 97 ou 98% de todos com quem encontram. Certamente eu devo pensar que eles seguem Cristo quase todo o tempo, certo?

É a tolerância? Tolerância é fácil. Qualquer covarde pode aprender a tolerar. Tolerância é inação; intolerância é ação. Somos chamados a rechaçar a tolerância com o mal. Somos chamados a esbravejar contra ele e trabalhar para destruí-lo.

Quem compreendeu isso - a raiva é tão mais divina do que a tolerância poderia  vir a ser. Obviamente não estou sugerindo que a raiva é automaticamente, ou geralmente, justificada. Cristo exibiu uma raiva verdadeira; raiva verdadeira é o tipo de raiva que naturalmente preenche nossa alma quando confrontamos os abismos da perversão e do pecado. É errado fervilhar em raiva porque alguém passou-nos na frente no trânsito ou fala sobre nós nas nossas costas, mas também é errado não sentir raiva quando os bebês são assassinados e a instituição da família é minada e atacada.

Raiva é bom quando é dirigida para coisas que não nos ofendem, mas ofendem a Deus. Assim como a intolerância de Cristo, como a intolerância que somos comandados a ter, deriva de um desejo de salvar as almas e defender a Verdade.

Até mesmo quando temos raiva verdadeira, não temos carta branca para agir de modo algum. Mas, de acordo com a Bíblia, momentos em que se deve usar de linguagem pesada, momentos em que devemos causar uma cena, momentos que devemos ferir os sentimentos das pessoas, e momentos que devemos usar de força física. Jesus nos mandou oferecer a outra face quando somos atacados; Ele nunca nos disse para dar as costas e deixar a mentira se espalhar e o mal crescer à solta.

Então: basta de simpatias!

É tempo da cristandade resgatar seu espírito guerreiro, o espírito de Cristo. É tempo de se perguntar: "O que Jesus faria?"

E devemos nos responder: Jesus viraria as mesas e berraria.
É hora de segui-lo!