Copenhague, 6 fev (EFE).- O ultradireitista Anders Behring Breivik, autor confesso do duplo atentado de 22 de julho na Noruega onde morreram 77 pessoas, pediu nesta segunda-feira sua libertação imediata e condecoração pelo que considerou atos patrióticos.
Na audiência para prolongar sua prisão preventiva, Breivik assumiu novamente autoria dos fatos, mas reafirmou inocência, dizendo: "atuei em uma situação de emergência em favor do meu povo, da minha cultura e de meu país", sob a ameaça do que considera defensores do multiculturalismo que está destruindo a Noruega.
"Os ataques contra o complexo do Governo tinham como alvo os traidores que cometem a destruição cultural, a desconstrução do grupo étnico norueguês. Foi uma limpeza étnica norueguesa", disse Breivik, provocando risos na sala, onde estavam presentes sobreviventes dos atentados.
O fundamentalista católico proclamou sua condição de "militante militarista, um comandante dos Cavalheiros Templários da Noruega" e advertiu que "o movimento de resistência norueguês" continuará lutando contra os "traidores" do Partido Trabalhista, que governa o país há anos.
Breivik, que leu um manuscrito levado por ele mesmo, considerou que o duplo atentado foi um "ataque preventivo" e que por este feito ele deveria receber a Cruz de Guerra com três espadas, a mais alta distinção concedida pelas autoridades norueguesas por atos patrióticos.
Esta de hoje trata-se da segunda das cinco audiências desde sua prisão há seis meses, aberta ao público, mas a primeira em que Breivik concordou em ser fotografado, antes do início da sessão.
Vestido terno escuro e algemado, Breivik esboçou um sorriso ao entrar na sala e fez uma saudação com os braços estendidos para frente.
Seu advogado, Geir Lippestad, confirmou depois que Breivik havia contado a ele anteriormente que pretendia fazer a saudação fascista.
O ultradireitista norueguês pediu a inabilitação da juíza, porque seu mandato foi concedido "pelas organizações que apoiam o multiculturalismo", e chamou o relatório psiquiátrico que concluiu que ele sofre de esquizofrenia de "ridículo".
Breivik reiterou que não pensa em submeter-se a novos exames psiquiátricos para o novo relatório pedido pelos tribunais, embora possa ser obrigado a fazê-lo.
Está previsto que a juíza anuncie às 15h30 (de Brasília) a extensão por 12 semanas da prisão preventiva, com isso Breivik deve continuar preso até o início do julgamento em 16 de abril.
O Supremo norueguês deverá decidir nos próximos dias sobre o recurso de Breivik contra a nomeação de outros dois psiquiatras diferentes que farão um novo relatório psiquiátrico.
O relatório anterior, divulgado em novembro, concluiu que Breivik sofre de "esquizofrenia paranoica", o que pelas leis norueguesas impede uma pena de prisão, que seria substituída por uma hipotética condenação de tratamento psiquiátrico forçado.
Breivik detonou em 22 de julho de 2011 um carro-bomba no complexo do Governo de Oslo, com a morte de oito pessoas, e imediatamente depois se dirigiu à ilha de Utoeya, a 45 quilômetros da capital, onde disparou de forma indiscriminada matando outras 69.
A maioria das vítimas de Utoeya participava do acampamento da Juventude Trabalhista.
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