Mostrando postagens com marcador Argentina. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Argentina. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Trabalho, educação e cultura

por Alberto Buela

Trabalho

Costuma-se recomendar na filosofia, assim como fizeram entre outros Heidegger, Zubiri, Bollnow e nosso Wagner de Reyba, que a primeira aproximação (aproximación) ao objeto de estudo seja através de um aperfeiçoamento (acercamiento) etimológico. Porque, como afirma Heidegger: "a linguagem começa e termina ao fazermo-nos sinais da essência de uma coisa"[1]. Assim comprovamos que o trabalho provém do verbo latino tripaliare que por sua vez provém de tripalium=três varas (palos), que era um poste ou jugo feito com três varas onde se atavam os bois e também os escravos para açoitar. Vemos como o aperfeiçoamento etimológico ao termo trabalho nos revela sua vinculação ao sofrer, a qualquer atividade que produz dor no corpo. Daqui que o verbo tripaliare significa em latim atormentar, causar dor, torturar.

Esclarecido o termo passemos agora a sua descrição fenomenológica. O trabalho, que pode ser definido como a execução de tarefas que implicam um esforço físico ou mental para a produção de algum tipo de bens ou serviços para atender as necessidades dos homens, tem duas manifestações: como opus= obra e como labor=labor. Enquanto a obra expressa o produto ou bem objetivo que produz, assim como labor expressa o produto subjetivo que logra.

Sobre a obra não há discussão, a obra está aí, ao alcance da mão e da vista, no máximo se pode discutir se esta está bem ou mal feita. O assunto se complica no trabalho como labor, pois implica uma subjetividade, a do trabalhador. Pois no labor está implicado a expressão do próprio trabalhador. Até não muito [tempo atrás] se reservava o termo de "labores" a uma matéria nos colégios de senhoritas. Creio que a matéria se denominava "manualidades e labores", onde tecido (hilado), o bordado, o tecido (tejido) e a costura constituíam sua temática. É que o trabalho como labor implica a formação profunda do homem que trabalha. Não é necessário esclarecer que o termo homem compreende tanto a mulher quanto o varão, pois ambos formam parte do gênero homem. A língua alemã possui também dois termos para designar as manifestações do trabalho: Arbeit para obra e Bildung para labor. E este último tem o sentido de formação.

E aqui é onde encontramos nós a vinculação entre o trabalho e a escola: na busca não tanto da informação, de conhecimentos, mas na busca da formação do educando.

E a isto sobretudo ajuda o trabalho em uma época tão dessacralizada como a que hoje nos toca viver, pois o sagrado desapareceu de nossa consciência habitual. E a educação nos valores morais se tornou muito difícil, tendo em conta que o que o menino vê diariamente é corrupção, crimes, assassinatos, roubos, golpes, droga, desordem, anomia etc.

Assim o trabalho é o único meio que temos em mãos para criar virtude[2], pelo menos pela repetição de atos, de nos levantarmos todos os dias cedo ainda que não gostamos. De lavarmos o rosto e nos pentearmos. A cumprir um horário. De ter que escutar o companheiro de trabalho com suas diferenças e nos acostumarmos a conviver com o outro, ainda que mais não seja por oito ou seis horas diárias. O trabalho limita e faz moderar (morigera) o capricho subjetivo, de onde nascem todas nossas arbitrariedades e nossos males.

E como a virtude se funda na repetição habitual de atos bons, o trabalho nos permite o passo inicial à virtude, que é fazer as coisas bem, corretamente, evitando o dano ao outro e ao meio ambiente.

Em nosso país temos tido o privilégio de proclamar que existe uma só classe de homem: o que trabalha. Ou outro: governar é criar trabalho. Incluso a máxima obra teórico-política que com traços próprios e originais se realizou na Argentina durante o século XX foi a Constituição do Chaco de 1951, onde em seu preâmbulo afirma: Nós o povo trabalhador... e não como as Constituições de 1853, incluso a de 1949 e a atual 1994: Nós o povo... ao típico estilo liberal, filho dos jjuristas da Revolução Francesa.

É que em uma época não tão longínqua se sustentava e se proclamou aos quatro ventos o ideal da liberação pelo trabalho e através dele, a poupança (ahorro).

Hoje, pelo contrário, o não-trabalho e o subsídio vieram substituir o ideal da liberação pelo trabalho. Esperemos que não seja para sempre e possamos retomar tão louvável ideal.

Educação

Como fizemos com o termo trabalho, observamos que educação vem do latim ducere que significa guiar, conduzir. De modo que educar consiste em poder guiar conduzir o educando ao logro de sua formação de homem como tal.

Este ideal educativo nos chega dos gregos com sua famosa paideia, que significou a formação do homem de acordo com seu autêntico ser; o da humanitas romana do Varrón e Cicerón, de educar o homem de acordo com sua verdadeira forma humana; o do mundo cristão com sua ideia de exemplariedade em todos os tratados De Magistro dos pensadores medievais que têm Cristo como mestre dos mestres e o do mundo moderno com Johann Pestalozzi e seu método.

Todo este ideal educativo se plasmou em nosso país a partir da lei 1420 pela qual a educação primária tem como objetivo a eliminação do analfabetismo e a formação no menino dos valores morais. (Ensinam-se modos maneiras, costumes. Em uma palavra, ensinam-se hábitos práticos etc.) De igual maneira a educação média tem por objetivo fortalecer a consciência de pertença histórico-política à Nação a que se pertence. (Ensinam-se valores cidadãos e pátrios. Em uma palavra hábitos socio-políticos)

E finalmente a educação superior que tem por objetivo entregar um método de estudo sistemático e reconhecido, onde os logros dos níveis prévios podem se expressar e se detectem as carências. Todo este ideal educativo se questionou a partir do último quarto do século XX quando massivamente a escola deixou seus ideais de formação para se limitar, no melhor dos casos, a ser uma simples transmissora de conhecimentos.

A escola, e há que recordar mais uma vez, como seu nome indica é e deve ser antes que nada o lugar do ócio. O termo vem do latino schola, o que por sua vez vem do grego (scholé, N.A) que significa ócio. Antes que qualquer coisa, a escola é o lugar do ócio. Se se quer, o lugar onde não se faz nada. Nada de útil, nada que não tenha seu fim em si mesmo. Nada em vista de outra coisa que não seja a formação do próprio educando. O caráter de útil, a utilidade, vem depois da escola e é em geral uma preocupação dos pais. Uma vez que se determinou a escola se verá se seus ensinos são úteis. Mas a escola não é outra coisa que o lugar para aprender no ócio. É o desfrutar jogando na aprendizagem, uma aprendizagem que vale por si mesmo e não em vista de outra coisa. Este aprender é por nada. Tem um fim em si mesmo que é o acesso ao saber e à sabedoria.

Faz 2500 anos Platão na Carta VII nos legou um ensino perdurável de como nos aproximarmo-nos do saber e da sabedoria: primeiro através do nome, depois buscando a definição, em terceiro lugar a imagem representada para chegar por último ao conhecimento mesmo. E para que se entenda põe o exemplo do círculo. Em primeiro lugar temos um nome chamado círculo, depois buscamos a definição composta de nomes e predicados: aquele cujos extremos distam todos igual do centro. Em terceiro lugar a imagem como representação sensível, cópia imperfeita e não permanente exemplificada por círculos e rodas. Para chegar finalmente ao conhecimento mesmo, tudo o que "depois de uma longa convivência com o problema e depois de ter ganhado intimidade com ele, de repente, como a luz que salta da faísca, surge a verdade na alma[3].

Cultura

Cada vez que escutamos falar de cultura ou de gente culta, associamos a ideia com a gente que sabe muito, que tem títulos, que é lida, como diziam nossos pais, longe e há tempo. É por isso que fez fama, apesar de sua demonização política, a frase de Goebbels: Cada vez que me falam de cultura levo a mão ao meu revólver. Porque sintetiza melhor que nada, em um brevíssimo juízo, o rechaço do homem comum, do homem de classes mais baixas (pueblo llano), ao monopólio da cultura que desde a época do Iluminismo para cá possuem e exercem os ilustrados e suas academias.

Cultivo

Por outro lado, para nós cultura é o homem se manifestando. É tudo aquilo que ele faz sobre a natureza para que esta lhe outorgue o que de seu e espontaneamente não lhe dá. É por isso que o fundamento último do que é cultura, como seu nome indica, é o cultivo.

Cultura é tanto a obra do escultor sobre a pedra amorfa quanto a obra do torneiro sobre o ferro bruto ou como a da mãe sobre a manualidade do menino, quando lhe ensina tomar o talher.

Vemos de início não mais, como esta concepção é diametralmente oposta a essa noção livresca e acadêmica que mencionamos no começo.

O termo cultura provém do verbo latino colo/cultum que significa cultivar.

Para o pai dos poetas latinos, Virgílio, a cultura está vinculada no genis loci (o nascido da terra em um lugar determinado) e ele lhe outorgava três traços fundamentais: clima, solo e paisagem.

Caracterizado assim o genius loci de um povo, este podia compartilhar com outros o clima e a paisagem, mas não o solo. Assim como nós os argentinos compartilhamos o clima e a paisagem com nossos vizinhos, mas não compartilhamos o solo. E isso não apenas porque é que neste último se assenta o Estado-Nação, mas da perspectiva de Virgílio o solo é para ser cultivado pelo povo[,] sobre ele assenta para conservar sua própria vida e produzir sua própria cultura.

Enraizamento

Mas para que um cultivo frutifique, este deve deixar boas raízes, profundas e vigorosas que deem seiva ao plantado. Toda cultura genuína exige um enraizamento (arraigo) como o exige toda planta para crescer vigorosa e forte, e neste sentido recordemos aqui de simone Weil, a mais original filósofa do século XX, quando em seu livro L'Enracinement nos diz: o reconhecimento da humanidade do outro, este compromisso com o outro, só se faz efetivo se há "raízes", sentimento de coesão que enraiza as pessoas a uma comunidade"[4]. A filósofa deu um passo além, pois, passou do mero deixar raízes ao enraizamento que sempre indica uma pertença a uma comunidade em um lugar determinado. O enraizamento, diferente da terra natal que é o pedaço de terra natal, abarca a totalidade das referências à vida que nos são familiares e habituais. O enraizamento genuíno se expressa em um ethos nacional.
Fruto

Logo de ter arado, rastreado, semeado, regado e esperado o amadurecer, aparece o melhor que dá o solo: o fruto, que quando é acabado, quando está maduro, quer dizer perfeito, dizemos que o fruto expressa plenamente o labor e então nos gosta.
Sabor

E aqui aparece um desses paradoxos da linguagem que nos deixam pensando sobre o intrincado emparelhamento entre as palavras e as coisas Nós ainda usamos para expressar o gosto ou o prazer que nos produz um fruto ou uma comida uma velha expressão em castelhano: o fruto nos "sabe bem". E saber provém do latim sapio, e sapio significa sabor. De modo tal que podemos concluir que o homem culto não é aquele que sabe muitas coisas, senão o que saboreia as coisas da vida.

Sapiente

Existe para expressar este saber um termo que é o de sapiente, que nos indica, não só o homem sábio, mas aquele que une a si mesmo sabedoria mais experiência pelo conhecimento de suas raízes e sua pertença ao meio[5]. Os antigos gregos tinham uma palavra para expressar este conceito: (phrónesis)

Vemos, então, como a cultura não é algo externo, mas que é um fazer-se e um manifestar-se da coisa mesma (uno mismo). Por outro lado a cultura, para nós argentinos, tem que se americanizar, mas isto não se entende se se concebe a cultura como algo externo. Como uma simples imitação do que vem de fora, do estrangeiro.

Não há que esquecer que por detrás de toda cultura autêntica está sempre o solo. Que como dizia nosso mestre e amigo o filósofo Rodolfo Kusch: "Ele simboliza a margem de enraizamento que toda cultura deve ter. É por isso que se pertence a uma cultura e se recorre a ela nos momentos críticos para enraizar-se e sentir que está com uma parte de seu ser preso ao solo"[6].

Cultura e Dialética

É sabido desde Hegel para cá que o conceito é "o que existe fazendo-se", que para ele, encontra sua expressão acabada na dialética, que tem três momentos: o suprimir, o conservar e o superar. E não a vulgar expressão de tese, antítese e síntese a que não têm se acostumado os manuais. Temos visto até agora como a cultura põe fim, faz cessar a insondável completude (oquedad) da natureza primitiva com o cultivo, a pedra ou o campo bruto, por exemplo, e em um segundo momento conserva e retém para si o sabor e o saber de seus frutos, vgr.: as obras de arte. Falta ainda descrever o terceiro dos momentos desta Aufhebung ou dialética[7].

Se bem podemos, em uma versão sociológica, entender a cultura como o homem se manifestando, "a cultura, afirmamos em um velho trabalho, não é só a expressão do homem se manifestando, mas que também envolve a transformação do homem através de sua própria manifestação"[8].

O homem não só se expressa através de suas obras, mas que suas obras, finalmente, o transformam ele mesmo. Assim na medida em que passa o tempo o campesinato se mimetiza com seu meio, o obreiro com seu trabalho, o artista com sua obra.

Esta é a razão última, em nossa opinião, pela qual o trabalho deve ser expressão da pessoa humana, porque do contrário o trabalhador perde seu ser nas coisas. O trabalho devém trabalho alienado. E é por isso, por um problema eminentemente cultural, que os governos devem privilegiar e defender como primeira meta e objetivo: o trabalho digno.

Esta imbricação entre o homem e seus produtos onde em um primeiro momento aquele quita o que sobra da pedra dura ou o ferro amorfo para dar-lhe a forma preconcebida ou se se quer, para desocultar a forma, e, em um segundo momento se goza em seu produto, para, finalmente, ser transformado, ele mesmo, como consequência desse deleite, desse sabor que é, como vimos, um saber. Esse saber gozado, experimentado, é o que cria a cultura genuína.

Assim a sequência cultura, cultivo, enraizamento, fruto, sabor, sapiência e cultura descreve esse círculo hermenêutico da ideia de cultura.

Círculo que se alimenta dialeticamente neste fazer-se permanente que é a vida, onde compreendemos o mais evidente quando chegamos a conjecturar o mais profundo: que o ser é o que é, mais o que pode ser.

Resumindo, vimos como o trabalho gera virtude, pelo menos mundana ou não transcendente, que se relaciona com a educação enquanto ambas atividades buscam a formação do homem em seu ser, para que este possa plasmar em sua vida uma cultura genuína, isto é, vinculada a seu enraizamento.

NOTAS

[1] Heidegger, Martín: Poéticamente habita el hombre, Rosario, Ed. E.L.V., 1980, p. 20.-

[2] Outro grande iniciador laico, em algumas virtudes, é o esporte.

[3] Platão: Carta VII, 341 c4. Também em Banquete 210e 

[4] Weil, Simone: Echar Raíces, Barcelona, Trotta, 1996, p. 123.-

[5] Buela, Alberto: Traducción y comentario del Protréptico de Aristóteles, Bs.As., Ed. Cultura et labor, 1984, pp. 9 y 21. "Temos optado por traduzir phronimós por sapiente e phrónesis por sapiência, por dois motivos. Primeiro porque nossa menosprezada língua castelhana é a única das línguas modernas que, sem forçar, assim o permite. E, segundo, porque dado que a noção de phrónesis implica a identidade entre o conhecimento teórico e a conduta prática, o traduzi-la por "sabedoria" a seca, tal como se fez habitualmente, é mutilar parte da noção, tendo em conta que a sabedoria implica antes de nada um conhecimento teórico".

[6] Kusch, Rodolfo: Geocultura del hombre americano, Bs.As. Ed. F.G.C., 1976, p.74.

[7] Buela, Alberto: Hegel: Derecho, moral y Estado, Bs.As. Ed. Cultura et Labor- Depalma, 1985, p. 61 "Em uma sucinta aproximação podemos dizer que Hegel expressa o conceito de dialética através do termo alemão Aufhebung ou Aufheben sein, que significa tanto suprimir, conservar como superar. A palavra tem em alemão um duplo sentido: significa tanto a ideia de conservar, manter como ao mesmo tempo a de cessar, pôr fim. Claro está que estes dois sentidos implicam um terceiro que é o resultado da interação de ambos, que é o de superar ou elevar. Daí que a fórmula comum e escolástica para explicar a dialética é a de: negação da negação".

[8] Buela, Alberto: Aportes al pensamiento nacional, Bs.As., Ed. Cultura et labor, 1987, p.44.- 


domingo, 1 de novembro de 2015

Dos verdadeiros mecanismos da economia liberal: um caso brasileiro



por Maurício Oltramari

Assim como a grande maioria dos países do Ocidente, nas últimas décadas o Brasil tem sido cada vez mais consoante com a abertura de seus mercados a empresas multinacionais e com a integração de suas transações econômicas à dinâmica de negociação dos mercados globalizados. Essa postura trouxe ao país investimentos em setores importantes da indústria, do comércio e da prestação de serviços, e com eles, a chegada -ou a formação- de novos oligopólios e monopólios, fenômeno ao qual estão suscetíveis todas as economias regionais integradas aos seus respectivos mercados nacionais e ao mercado global.



As mesmas estruturas e poderes reguladores do liberalismo econômico -o sistema capitalista- que permitem a formação desses monopólios e oligopólios a nível internacional, também permitem, mutatis mutandis, a sua formação na esfera nacional. Isso significa, em termos econômicos, que há setores da prestação de serviços, do comércio e da indústria nacional que são dominados por uma empresa ou um seleto (e pequeno) grupo de empresas. Fato que dificulta e prejudica gravemente a existência e a manutenção dos pequenos e micro negócios em geral, nos quais se incluem, evidentemente, as empresas e os ofícios familiares.



Distante da obsoleta teoria econômica da “mão invisível”, -proposta por Adam Smith em “A Riqueza das Nações”- que postula a existência de uma determinada ordem de interesses coordenando a economia como uma entidade autônoma, as transações econômicas dos mercados globalizados movimentam-se por “mecanismos” muito diferentes, que nada tem a ver com a “oferta e demanda” que descreve a figura metafórica do filósofo inglês.



A nível nacional e internacional, esses “mecanismos” são os verdadeiros reguladores dos preços e de outras variáveis que estão diretamente relacionadas com a produção e venda de determinados bens e serviços. Nesse caso específico, estamos falando dos cartéis ou dos acordos informais -para definição de preços e quantidade de produção de bens- que os grandes empresários estabelecem entre si para garantir a maximização dos seus lucros. No caso brasileiro há alguns exemplos que podem ser utilizados para echar luz sobre essa realidade nefasta que passa despercebida pela grande maioria da população. Nesse texto, relataremos o caso de uma empresa que foi confrontada pela realidade dos oligopólios em um setor da indústria brasileira, e decidiu levar até as últimas consequências a determinação de não cooperar com a formação desses verdadeiros cartéis. Tratam-se dos fatos que levaram ao fechamento das empresas do empresário argentino Ramiro Vasena. O relato que segue é uma reprodução resumida de sua entrevista dada ao canal argentino Toda La Verdad Primero, no programa Producción Nacional, apresentado e comandado por Juan Manuel Soaje Pinto.



O caso do empresário e hoje dirigente político, aconteceu no Rio de Janeiro nos anos 90 e ganhou notoriedade na mídia nacional, tendo matérias publicadas nos principais veículos de comunicação do país. Ramiro Vasena foi proprietário de um grupo de empresas fabricante de peças para automóveis e caminhões, que registrava um crescimento expressivo nesse setor da indústria em meados da década de 90. A primeira empresa do grupo foi fundada por seu pai na zona oeste do Rio de Janeiro, e na época que Ramiro assumiu, contava com cerca de 50 funcionários. A empresa foi constituída com o intuito de suprir a necessidade de mercadorias daquele setor, já que existia uma grande demanda por esses produtos e os mecânicos e industriais -os principais consumidores- reclamavam dos preços altos e abusivos cobrados pelos fabricantes. Depois de cinco anos à frente do comando das empresas -que contavam já com mais de 550 funcionários no total- e alavancando seus negócios a patamares cada vez mais altos o empresário viu de súbito sua empresa ser subjugada pelos interesses de um oligopólio que manejava os preços das mercadorias segundo seus próprios interesses econômicos.



Quando as empresas do seu grupo abarcavam já uma fatia expressiva no mercado consumidor brasileiro do ramo de autopeças, o empresário foi procurado pelos maiores industriais do ramo e convidado a fazer parte de uma associação informal que estabelece preços e regras específicas para a produção e venda dessas peças. Em definitivo: uma associação ilícita; um cartel. Como nos relata Ramiro, as regras propostas pelo cartel foram as seguintes: elevar os preços dos bens e reduzir a produção, com o intuito de maximizar o lucro e reduzir os custos. E assim, alinhar-se aos preços praticados pelo mercado, ou seja, os preços definidos arbitrariamente por um seleto grupo de empresários, proprietários das maiores empresas do ramo em questão.  



Ramiro afirma que se negou a atender a essas exigências dos outros industriais, entendendo as consequências que essa decisão poderia trazer: iria prejudicar tanto aos seus consumidores quanto ao povo brasileiro como um todo, já que estaria infringindo as leis que vigoravam no país naquele momento. Como Ramiro enfatiza, periodicamente as novas exigências e regras decididas pelo cartel eram transmitidas ao empresário. Confrontado e ameaçado caso não aceitasse os termos impostos, manteve a decisão de não fazer parte da associação e ele salienta o que lhe diziam os empresários que o intimaram: “o Brasil é nosso”.



Inicialmente, a empresa de Ramiro foi alvo de um conhecido “mecanismo” regulador do mercado, o dumping. Resumidamente, essa prática comercial consiste na venda -por parte de uma ou mais empresas- de produtos por um preço considerado abaixo ou muito abaixo de seu valor justo ou do preço praticado em um determinado país. O intuito dessa técnica é prejudicar ou eliminar os concorrentes, fato que se verificou nas empresas do empresário argentino, quando seus concorrentes reduziram os preços de determinados produtos para valores que estavam abaixo do preço de custo desses bens. Além do dumping, Ramiro afirma que muitos de seus produtos eram sabotados e danificados nas lojas de revenda de autopeças. Nessa época, a empresa já enfrentava dificuldades para a realização e entrega de pedidos dos clientes.



Com o faturamento prejudicado e reduzido frente às condições impostas pelas regras ocultas do mercado, as empresas do grupo de Ramiro começaram a enfrentar dificuldades financeiras. Mas essas dificuldades não afetaram somente a Ramiro e sua família, mas a todos os seus trabalhadores e suas famílias. Mais uma vez estavam se repetindo a sina da desigualdade e injustiça impostas por um sistema econômico que favorece a ganância de poucos e prejudica os mais necessitados: os trabalhadores e suas famílias.  Por fim, ele decidiu levar a questão à Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, apresentando uma denúncia formal, relatando a situação atual de sua empresa e apontando as práticas ilegais levadas a cabo pelos industriais do ramo de autopeças. As denúncias foram por abuso de poder econômico, tentativa de formação de cartel e práticas ilegais de comércio, segundo o empresário, que chegou a conversar com cinco ministros de justiça durante todo o período em que tentava desmantelar o cartel e dar fim às injustiças que lhe eram impostas.



Ele aponta a existência de uma “máfia” por detrás das empresas e dos órgãos de justiça no Brasil. Segundo as gravações que ele fez de suas conversas com participantes do cartel, como Roberto Kasinski*, ficou comprovada a ligação que eles mantinham com Salomon Rotenberg, diretor da Secretaria de Direito Econômico na época em que as denúncias foram feitas. O diretor era amigo pessoal de Kasinski, e segundo o que este último havia dito em tom claro ao próprio Ramiro, nada aconteceria se as denúncias fossem levadas à frente. De forma concomitante, os veículos de comunicação que inicialmente haviam dado grande atenção ao seu caso, agora silenciavam.



Ramiro relata também como organizou protestos nas ruas do Rio de Janeiro para tornar público o que acontecia com suas empresas, quando era auxiliado pela polícia e muitos voluntários, sendo esta a única forma que ele conseguia para que o processo na justiça fosse levado adiante. Enquanto toda essa epopeia às avessas se desdobrava, eram as famílias dos trabalhadores que sofriam as consequências mais nefastas dessa verdadeira conspiração, que não é uma exceção no mundo empresarial dos mercados liberais.



Não será difícil para o leitor imaginar qual é o fim dessa história. Com suas empresas severamente prejudicadas pela ação desse cartel e acumulando um número cada vez maior de dívidas Ramiro teve que retirar-se do ramo da venda de autopeças e sua empresa acabou vendida para uma multinacional estrangeira. Na esfera econômica, viu a sina dos negócios familiares repetir-se: os grandes oligarcas engoliram sua empresa e continuaram tornando-se ainda mais ricos e projetando suas garras país afora. Na esfera social, viu seus trabalhadores e a comunidade prejudicados e sem possibilidade de reação, engolindo as injustiças e as dificuldades, sempre esperando por dias melhores. A cartilha liberal foi seguida à risca.



É evidente pelo relato da experiência de Ramiro -e como o próprio industrial afirma- a existência de uma “máfia”; um cartel estabelecido no ramo de autopeças do Brasil, mas não apenas isso. É possível estender essa experiência para que possamos analisar outros grandes setores da indústria e do comércio no Brasil e no mundo, e entender quais são os verdadeiros “mecanismos” e agentes ocultos que orientam a economia das nações. Cujas únicas preocupações são o próprio enriquecimento e a perpetuação de seu status de elite mundial, à custa, obviamente, da exploração dos povos e de suas culturas.



Estabelecidas e sustentadas pelas estruturas de poder das democracias do Ocidente, as elites ocultas que determinam o rumo das economias nacionais e dos mercados globais continuam a exercer seu poder, fundado nos princípios do liberalismo econômico. Sem o ataque direto ao aparato militar e econômico dos centros de poder será impossível reverter a situação que recai sobre nossas cabeças e afeta a todos, principalmente aos trabalhadores e aos empresários familiares, que estão à base da comunidade. E são esses trabalhadores e empresários -o povo brasileiro- os responsáveis diretos pela tarefa de desmantelar essa teia liberal, infiltrada -através da economia- em todos os aspectos da vida cotidiana, e assim restaurar ao trabalho e ao comércio o lugar e a dignidade que lhes pertence dentro da sociedade.



*Filho de Abraham Kasinski, fundador e dono de uma das maiores empresas de autopeças do Brasil nos anos 90, a COFAP.

Entrevista (em espanhol)

sábado, 16 de maio de 2015

Alberto Buela: Quem controla o mundo?

Por Alberto Buela*

Pela primeira vez desde a finalização da segunda guerra mundial (1945) os Estados Unidos tomam uma decisão política internacional à qual se opõe o Estado de Israel e os judeus em geral, como é o acordo nuclear com o Irã com o apoio da Alemanha, Grã Bretanha, Rússia, China e França.

Este acordo que tem que ser feito em forma definitiva em 30 de junho para fechar os detalhes técnicos e jurídicos é explicitamente boicotado pelo Estado de Israel e o lobby judeu estabelecido nos governos dos Estados Unidos, Alemanha, Grã Bretanha, França e, inclusive, Irã. Sobre este último recordemos que nos funerais do Papa João Paulo II, teve só dois chefes de Estado que falavam farsi, o aiatolá Jatami e o então presidente israelita Moshe Katsav, e entre eles se entenderam. A comunidade judia no Irã é a mais forte dentre todos os países árabes.

O Irã é considerado um perigo para a existência do Estado israelita. Os atentados de Buenos Aires há 23 anos se explicam como atentados de falsa bandeira produzidos por serviços secretos de Israel e dos EUA para buscar um motivo pelo qual declarar guerra ao Irã.

Este objetivo depois se deixou de lado e nós, os argentinos, terminamos pagando os pratos vermelhos e medidos em um conflito que não têm nada que ver conosco, mas que pagamos generosamente com o dinheiro de nosso minguado Estado.

Os lobbies judeus estão trabalhando contra o tempo para fazer abortar o pacto final do acordo que acaba de ser feito nesta primeira semana de abril de 2015, e nesse sentido já o chefe supremo iraniano Ali Khamenei acaba de pôr em dúvida que se possa firmar o acordo definitivo em 30 de junho.

Os dirigentes máximos do mundo, em sua maioria, veem com bons olhos o acordo de um pacto nuclear, pois isso traria algo de tranquilidade ao infortúnio internacional que estamos vivendo hoje. Até o Papa Francisco, de quem ninguém pode duvidar que é, por convicção própria, o maior defensor dos interesses judeus, apoiou o pacto.

De modo tal que não fica nenhuma autoridade de peso sobre a terra que se oponha ao acordo de há uma semana atrás, mas, não obstante, há indícios de que o pacto não seja fechado de forma definitiva. E então surge a questão "mas quem manda no mundo? Quem tem o mais poder que a vontade explícita dos cinco poderosos da terra, para anular sua decisão?"

Retorna mais uma vez à nossa memória o velho ensinamento do velho ministro inglês Disraeli quando afirmou: Ignora o mundo quem maneja o poder detrás dos bastidores. Será o imperialismo internacional do dinheiro manejado pelos dois bancos mais poderosos: Rockefeller e Rotschild?

A nós, como convidados de pedra destas grandes medidas geopolíticas e estratégicas, só cabe distinguir que estas são manobras dos homens, mas que outras podem ser as medidas de Deus. Mal de muitos consolos de pobres.

*Filósofo e escritor

via elespiadigital

domingo, 12 de abril de 2015

Para além das Malvinas, o colonialismo moderno no mundo

 Por Frederico Larsen - A reivindicação argentina pela soberania sobre as Ilhas Malvinas não é o único pedido de descolonização pendente no mundo, 17 territórios são hoje monitorados para terminar com o colonialismo a nível global.

Durante o século XX deu-se a grande onda de descolonização a nível global que permitiu o surgimento de novos Estados-Nação em todo o mundo. Se bem a África e a Ásia foram os continentes mais afetados pelo fenômeno, em todas as latitudes se sentiu com firmeza a reivindicação pela autodeterminação dos povos a eleger suas formas de governo e exercer sua soberania.

Depois de acompanhar esse processo e acabar com o colonialismo europeu no mundo, as Nações Unidas instituíram a "Declaração sobre a concessão da independência aos países e povos coloniais", conhecida também como a Declaração sobre a Descolonização, em 1961. Um ano mais tarde se constituiu o Comitê Especial de Descolonização, conformado por 24 países que devem assegurar a aplicação dos princípios fundamentais da declaração. No último fevereiro, Equador foi reeleito na presidência do comitê.

Atualmente existem 17 "territórios não autônomos", como os define a ONU, onde vivem milhões de pessoas. Dez deles são controlados pelo Reino Unido: Anguila, Bermudas, Gibraltar, Ilhas Caimã, Ilhas Malvinas, Ilhas Turcas e Caicos, Ilhas Virgens Britânicas, Montserrat, Pitcain e a ilha de Santa Elena; três pelos Estados Unidos: Guam, Ilhas Virgens dos EUA e a Samoa Americana; e dois em mãos da França: Nova Calcedônia e a Polinésia Francesa. A estes é necessário acrescentar dois mais, que recebem uma atenção especial por parte da ONU, e são Porto Rico, considerado um "Estado livre associado", mas não incorporado aos EUA, e a República Árabe Saharaui Democrática, ocupada por Marrocos depois da cisão espanhola.

Contrariamente ao que se pode pensar, na maioria dos casos estes territórios não constituem nenhuma vantagem econômica direta para os colonizadores. Pelo contrário, o status econômico que conseguiram, especialmente entre os anos 70 e 90, comporta uma série de obrigações administrativas muitas vezes onerosas para as potências administradoras.

Embora os povos "não autônomos" possam eleger um poder legislativo e um primeiro ministro, o Poder Executivo é compartilhado com um governador eleito diretamente da potência colonial, que toma as decisões sobre a política externa, militar e de comércio internacional, e os pressupostos de investimentos em infraestrutura são geralmente cobertos pelo país colonizador.

Não obstante, em sua maioria -10 de 17 - estão incluídas dentro da lista internacional de paraísos fiscais da OCDE, dando conta de um nível altíssimo de vida alcançado sob esta organização ao amparo da especulação financeira a nível mundial. Boa parte destes países são conhecidos por informação "de cor" que as potências difundem em muitos casos para refletir um estado de paz.

Samoa, por exemplo, se tornou famosa recentemente por sua seleção de futebol, reconhecida pela FIFA e considerada a pior do mundo, mas também a primeira a incorporar uma jogadora transexual entre seus homens.

Assim a atualidade destes territórios não se reduz a seu status de paraísos fiscais ou turísticos. Sua submisão aos governos centrais e os movimentos independentistas que surgiram ao longo dos anos trouxeram não poucos conflitos.

Um dos mais ressonantes é o que enfrenta hoje Paris contra a Polinésia Francesa, que reivindica uma boa indenização por ter sido durante 30 anos a zona de provas nucleares da República Francesa.

Entre as 118 ilhas que compõem este enclave colonial no Pacífico, se encontram as tristemente famosas Mururoa e Fangataufa, onde entre 1968 e 1996 França exportou 193 artefatos nucleares deixando, segundo denunciaram as autoridades polinésias ano passado, 3200 toneladas de material radioativo em suas costas.

Paris deve também atender outra frente no âmbito da descolonização nos próximos meses. Trata-se da Nova Calcedônia, que fará cumprir uma das cláusulas do Acordo de Noumea firmado em 1998 entre os moradores das ilhas e França, que prevê a celebração de um referendo independentista "entre 2014 e 2018".

Embora a força política majoritária há 25 anos ali seja a direitista UMP - partido liderado por Nicolás Sarkozy - que se opõe a qualquer reivindicação independentista, o Front de Libération Nationale Kanak et Socialiste (FLNKS), com forte presença indígena, está cobrando cada vez mais força e hoje lidera a campanha em favor da independência.

Os domínios britânicos tampouco estão livres de conflitos. O Primeiro Ministro de Anguilla, Hubert Hughes, voltou no final de 2013 a insistir na celebração de um referendo, de comum acordo com Londres, para definir o status colonial da ilha. A última vez que se levou a cabo uma iniciativa similar foi em 1967 quando 1813 moradores da ilha contra 5 votaram em favor da independência. Dois anos mais tarde os paraquedistas britânicos chegaram para estabelecer a ordem.

A política plebiscitária para resolver este tipo de controvérsias também está sendo fortemente criticada. Existem casos, como o do referendo nas Ilhas Malvinas de 2013, onde o resultado da consulta é evidentemente influenciado pela política colonial da potência administradora.

Este sentou precedentes no âmbito internacional, como no caso de Guam, no Pacífico Ocidental sob o controle norteamericano. Ali em 1982 os 180.000 habitantes da ilha foram chamados a um plebiscito que não chegou ao quórum necessário. Dois anos mais tarde, a ONU culpou a uma das mais imponentes bases militares dos EUA, instalada em 1976, de ser "o maior obstáculo" para que a população possa eleger livremente seu destino.

Em outros casos, as promessas de autodeterminação nunca se cumprem, como na República Árabe Saharaui Democrática, que espera a celebração de seu referendo independentista desde 1991 depois do estabelecimento dos primeiros acordos de paz com Marrocos e Espanha.

O direito internacional tentou estabelecer regras para a descolonização dos territórios não autônomos em várias ocasiões sem obter resultados confiantes. Basta recordar que a resolução da ONU 2708 de 1970 e concordantes -35/119; 36/38; 37/35; 39/91-, estabelecem a proibição de instalar bases militares nestes territórios. Mas a militarização dos mesmos cresce ou decresce em função das necessidades geopolíticas das potências administradoras e não das resoluções internacionais.

A isto se acrescenta que a maioria das ações multilaterais que se levam adiante passam por um Conselho de Segurança da ONU anacrônico, dominado pelas três potências coloniais que se opõem a qualquer discussão sobre a situação atual.

O caso Malvinas resulta então de profunda relevância internacional. É o único - excetuando algum muito débil protesto espanhol pelo Penhão de Gibraltar - onde um Estado decidiu avançar diplomaticamente na resolução do conflito por vias pacíficas. Qualquer avanço que se alcance nesse sentido poderia sentar precedente para as demais populações sob o domínio colonial.

Via paginatransversal

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Brasil e Argentina se aliam à Rússia para projetos nucleares



 

RT informou que a Rússia negocia com Argentina e Brasil a possibilidade de construir novas centrais nucleares. Segundo funcionários da nação eurasiática, os países da América Latina são muito interessantes para a Russia neste campo.

O diretor da agência russa Rosatom informou que um grupo de Estados latinoamericanos está interessado em desenvolver seus próprios programas nucleares.

“Uma série de países anunciou seus programas de desenvolvimento de energia nuclear, e o alcance destes programas é compreensível, mas não passaram ao nível da licitação. Por ora se mantêm conversações preliminares. Entre eles figuram, por exemplo, Argentina e Brasil. América Latina apresenta para nós um grande interesse”, afirmou Serguéi Kiriyenko, conselheiro delegado da corporação estatal Rosatom.

No final do ano passado informou-se que Argentina ia anunciar um concurso para a construção de uma central nuclear com capacidade de 1800 megavats. Neste país latinoamericano agora opera a central nuclear Atucha, com duas unidades de potência, uma das quais está sendo completada e cuja realização está prevista para este ano de 2014.

Quanto a Brasil, Rosatom mostrou interesse em particular como construtor e investidor no programa estatal de construção de entre quatro e oito centrais nucleares para 2030.

Ao mesmo tempo, o funcionário informou que a Rússia também mantém negociações com Eslováquia neste sentido, “mas a discussão segue sendo preliminar”, segundo Kiriyenko.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Do zorzal ao sabiá



Por Alberto Buela(*)

Com motivo da publicação de um livro nosso em português, Hispanoamérica Contra o Ocidente[1], tivemos ocasião de passar alguns dias em Curitiba, capital do Estado do Paraná.

Que surpresa foi a nossa quando às quatro e meia da manhã nos acorda, assim como acontece todos os dias em Buenos Aires, o belo porém interminável canto do zorzal, que lá o chamam de sabiá.

Mas esta não seria a única coincidência. Na conferência[2] que citamos se tomava mate, tiveram assistentes vestidos de gaúchos, todo o pessoal que encontramos se mostrou predisposto a falar em portunhol, viajando ao litoral marítimo observamos o costume de pintar as casas de azul e branco, o homem curitibano é muito parecido com o tipo argentino. Enfim, pareceu estarmos em um pedaço da nossa terra.

Quando chegamos ao aeroporto e, como os amigos que viriam nos receber se atrasaram, perguntamos a um policial que estava por aí o que poderíamos fazer e, ao observar nosso pouco domínio do português, nos pediu que falássemos em castelhano, porque ele era descendente de guaranis paraguaios.

No museu histórico paranaense pudemos observar uma sequência histórica temporal da região sobre um grande mural e ali, em homenagem à verdade, figura um primeiro período tupi-guarani, um segundo espanhol e um terceiro bandeirante e, depois, a chegada dos negros, assim até chegar aos dias de hoje.

Como no dia 20 de Novembro se celebra o dia da consciência negra no Brasil, surgiu uma polêmica sobre se o declarassem feriado ou não.

Da leitura dos jornais pudemos aprender que todo o pensamento progressista do Brasil, no qual se inclui o marxismo político e universitário, está em favor da festa e do feriado como uma reivindicação do sofrimento da escravidão negra.

Conversando com alguns amigos de Curitiba comentamos que nos parecia um grave erro, uma imbecilidade. Primeiro porque o monopólio da dor e da exploração não só possuem os negros no Brasil. E se tivesse que homenagear alguma etnia ou comunidade, esta seria a de São Paulo para baixo, a tupi-guarani, que foi massivamente exterminada pelos bandeirantes. Segundo porque outras coletividades, como os italianos, poloneses, alemães, japoneses, espanhóis e chinêses, também podem reclamar o mesmo. Terceiro porque Zumbi dos Palmares é uma lenda marxista para usar os negros como elemento para acelerar a contradição na sociedade brasileira. Além disso, Zumbi dos Palmares, o ídolo negro, tinha uma comitiva enorme que, enfim, vendia como escravos aos bandeirantes. Quarto porque a teoria do multiculturalismo, segundo a qual uma minoria tem razão só pelo fato de ser minoria e não pelas razões de conduzem a seu favor, é uma invenção da intelligensia norteamericana para quebrar as unidades nacionais.

O Brasil, como a Argentina, são grandes espaços territoriais que se conformaram através de uma cultura de síntese. Na verdade, não somos muitas culturas separadas como pretende o multiculturalismo “a la carte”, mas uma intercultura. Quer dizer que em cada um de nós, sul-americanos, que não somos nem tão europeus nem tão índios, vivem várias culturas ao mesmo tempo. Isto deu lugar a esta cultura de síntese, que foi expressa na ideia de mestiçagem, mistura ou simbiose que expressou com grande clareza e lucidez, entre outros, este grande pensador social brasileiro, Alberto Torres (1865-1917).

E esta cultura deu ao mundo um arquétipo de homem que foi e é o gaucho ou gaúcho, cujo território e vigência se extende desde o pampa e a mesopotâmia argentina, passando pelo Uruguai, até os estados do Rio Grande, Santa Catarina e Paraná.

Pensado em termos antropoculturais, esta grande região gaúcha já tem uma expressão unificada: o portunhol. Um arquétipo humano: o gaucho ou gaúcho. Uma história comum: a luta contra Espanha e Portugal e a contemporânea contra os interesses ingleses e norteamericanos. Politicamente, neste grande espaço convergem hoje quatro países: três estados do Brasil, três províncias argentinas, todo o Uruguai e a parte oriental do departamento de Canindeyú do Paraguai. Tudo isso dá para pensar em quantas coisas nos unem, os povos da América do Sul.

[1] Editora Austral (N.T.) 

(*) arkegueta, aprendiz constante, melhor que filósofo

Traduzido por Álvaro Hauschild

domingo, 24 de novembro de 2013

Argentina: GMOs causam graves defeitos em fetos


Argentina se tornou um dos maiores produtores de soja, com a maioria de sua safra sendo composta de organismos geneticamente modificados (GMO). A pulverização agrotóxica no país aumentou consideravelmente nos últimos anos, em 1990 9 milhões de barris de agrotóxicos foram requeridos, comparado aos 84 milhões de barris que hoje se demanda. Incluído nisto está o uso de mais de 200 milhões de litros de herbicidas contendo venenos como glifosfato, principal ingrediente no Roundup. Toda a safra do país, em todas as safras de algodão e milho, se tornou geneticamente modificada nesta última década. Juntamente com o aumento da safra GMO e com o uso de pesticidas, o país recebe um preocupante e alarmante crescimento de defeitos de nascença, estatísticas de câncer, e outras doenças. Isto levou muitos dos cidadãos, incluindo profissionais médicos, a afirmar que pesticidas, GMOs e gigantes de biotecnologia são os únicos culpados.

A menina Camila Veron, de dois anos de idade [na imagem acima], nasceu com problemas múltiplos nos órgãos e gravemente deficiente. Os médicos contaram à família que a culpa é provavelmente dos agrotóxicos. Dezenas de outros casos similares estão preocupando a região. É fortemente pensado que o herbicida usado nas safras geneticamente modificadas agiu no período de gravidez, causando defeitos no cérebro, coração, intestinos, no feto. Em Ituzaingo, um distrito composto de 5 mil pessoas [e rodeado por muitos campos] vivenciaram nos últimos oito anos mais de 300 casos documentados de câncer associados a fumigação e pesticidas. Eles reportaram estatísticas de câncer 41 vezes mais que o padrão nacional.

A Monsanto [não surpreendentemente] negou as reclamações de que seus GMO têm contribuído de alguma forma para o aumento na ocorrência de nascimentos defeituosos no país. Com aquelas dezenas de casos expostos, que ilustram o desuso e ilegalidade de aplicação pesticida, os pesticidas estão aparecendo em estatísticas alarmantes no solo e na água ingerida. De forma perturbadora, em 80% das crianças sobreviventes em um local foram encontrados pesticidas no sangue. Estudos demonstraram que baixa concentração de pesticidas [como o glifosfato] leva a células humanas adoecerem e a causar câncer.

Infelizmente, para o departamento de relações públicas da Monsanto, a Associated Press documentou muitos casos dentro do país onde os venenos foram e estão sendo aplicados de muitas formas proibidas por lei, ou desaconselhável pela ciência. Profissionais de medicina também avisam seus clientes que a aplicação de pesticida no país é a culpada. Não só é o aumento das safras Roundup um risco para os residentes na região, mas um perigo para o meio ambiente, e outros animais que se alimentarão das safras. Na luta contra os gigantes de alimentos geneticamente modificados e tecnologia biotecnológica [protegidos pelo governo], como a Monsanto, é crucial lembrar que os alimentos geneticamente modificados nunca foram seguros para consumo por um período de tempo estendido. Uma única esperança é que as corporações como Monsanto, que destróem vidas e comunidades, sejam responsabilizadas por seu descaso e ações deploráveis.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Alerta sobre a implacável redução dos glaciares argentinos

A NASA detectou a partir do espaço a rápida redução dos glaciares da Patagônia argentina, um processo que vem sendo observado há várias décadas e cujos principais responsáveis são as mudanças climáticas e o atual período geológico.



Em imagens obtidas a partir do espaço e difundidas pela NASA se detecta que o glaciar argentino Upsala sofreu om retrocesso de 3 quilômetros nos últimos 12 anos.

"Há um retrocesso glaciar a nível global que se observa desde o começo do século XX e, particularmente, o glaciar Upsala, que a tempos vem se reduzindo a um ritmo bastante acelerado", disse a EFE Juan Carlos Leiva, investigador do Instituto Argentino de Nivologia, Glaciologia e Ciências Ambientais (IANIGLA).

O cientista assegurou que o IANIGLA tem dados que verificam "um retrocesso contínuo" do Upsala "desde antes de 1967". Além disso, explicou que esse fenômeno se deve ao "aumento da temperatura do gelo, que se torna mais macio e escoa mais rapidamente, e então pode chegar a produzir mais icebergs e perder a âncora no fundo do leito, por isso vai perdendo cada vez mais massa".

"Agora estamos em um período geológico interglaciar pelo que naturalmente os glaciares estão em uma situação que os obriga a perder massa, mas a esse fenômeno se soma a injeção que fez a atividade humana de gases de efeito estufa em grandes proporções na atmosfera, que aumenta e acelera o processo natural", disse Leiva.

Enquanto o derretimento dos glaciares "não tem solução", o cientista argentino explicou que pode-se mitigar o efeito estufa deixando de usar certos gases e combustíveis e mudando os sistemas de produção atuais. "Mas os que já estão, já era. Os gases permanecem na atmosfera por pelo menos um século", assegurou o cientista.

Via RT

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Uma bandeira Argentina flamulando nas Ilhas Malvinas

"As Malvinas são parte de nosso território e estão em poder de uma potência extrangeira, por isso temos um vínculo afetivo de permanência com o lugar e uma reivindicação histórica", assegurou à Infobae o Prefeito do Partido (Município) de La Consta, Juan Pablo de Jesús, quem recentemente expôs uma bandeira com as cores do país com 15 metros de largura no arquipélago.



O prefeito do município encontrou esta forma particular de expressar a reivindicação da soberania junto a um grupo de ex-combatentes desse distrito que viajaram ao arquipélago para homenagear o combatentes caídos.

Durante sua visita, o prefeito de La Costa percorreu os vários campos de batalha da ilha e hasteou o símbolo nacional sobre o Cemitério Darwin, onde jazem 239 soldados argentinos que perderam a vida durante o conflito bélico.

Entre os soldados ainda não identificados, jazem os corpos de dois dos três soldados costeiros, José Luis Rodriquez e Omar Ferreira, cujas mães vivem em La Costa. Em honra destes, De Jesús deixou uma placa de homenagem em Monte London, lugar onde ambos jovens perderam a vida e ocorreu uma das batalhas mais sangrentas da guerra protagonizada entre Grã-Bretanha e Argentina. O terceiro caído é Heitor Doufrechou, cujo corpo se encontra no cemitério local.

 Na assembléia da ONU, a presidente Cristina Kirchner voltou esta semana a acusar o Reino Unido de "militarização do Atlântico Sul e enviar submarinos nucleares" para a área, e reiterou "o pedido de que país respeite a resolução da ONU em 'sentar e conversar' "sobre a disputa pela soberania das Malvinas.

via Infobae

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Espanha disposta a fazer frente conjunta com Argentina para reivindicar Malvinas e Gibraltar

O ministro de Assuntos Exteriores espanhol, José Manuel García-Margallo, confirmou que estão abertos a apoiar as reivindicações argentinas contra a Grã-Bretanha, se receberem o mesmo.



"Nós sempre estivemos de acordo com a Argentina em três coisas que são as três em que Gibraltar e Malvinas são idênticas", afirmou José Manuel García-Margallo.

Esses pontos coincidentes são que em ambos os casos "se aplica o princípio de integridade territorial e não o princípio da autodeterminação e os dois devem ser resolvidos da negociação das partes", assinalou o ministro espanhol.

"Caso se ponha nesses termos votaremos as resoluções em favor da Argentina como os argentinos votarão a favor da Espanha", assegurou García-Margallo, antes de acrescentar que "outra coisa são medidas que cada país - Argentina ou Espanha - adotem para resolver o litígio, no que podemos estar de acordo ou não".

García-Margallo insistiu que em Madri "se analisa todas as opções para resolver o conflito" criado sobre Gibraltar, incluindo o recurso à Corte Internacional de Justiça de Haya.

"É música para nossos ouvidos escutar ao ministro que Espanha considera levar esse caso a tribunais internacionais", afirmou o ministro principal de Gibraltar, Fabián Picardo, em uma entrevista publicada domingo no El País.

Extraído de infobae

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Quando não importa a autodeterminação - a moral dúbia do Reino Unido dos Grandes Piratas

Por Emilio Cárdenas

Island of Shame ("Ilha da vergonha"), livro de David Vine, é relevante para todos os argentinos com sua conexão direta com a conduta da Grã-Bretanha, a potencia colonial uma vez ocupante da ilha denominada Diego Garcia. Se trata da primeira investigação acadêmica - completa e bem documentada - sobre o que efetivamente ocorreu, há quatro décadas, na ilha localizada no Oceano Índico, entre a África e Indonésia.

Diego Garcia, com sua forma de arco, é na verdade a maior de um conjunto de sessenta e quatro pequenas ilhas que compõem um grande atol de coral.

O interesse no trabalho de Vine aumenta em especial quando acabamos de testemunhar um referendo ilegal de autodeterminação nas Ilhas Malvinas, em função da qual seus habitantes ratificaram que não têm outra identidade senão britânica. Isso significa ter-se auto-excluído como parte que reclama uma individualidade própria, distinta da potência colonial ocupante, nas futuras negociações sobre a soberania das Ilhas Malvinas. O que naturalmente não quer dizer que os habitantes das Malvinas não devam ser levados em conta ao se discutir o futuro das ilhas. O que chegará em algum momento. mas não serão uma terceira "perna", presumivelmente autônoma, nas negociações sobre a soberania das ilhas. Porque se proclamaram o que sempre foram e todos nós sabíamos o que eram: britânicos. (nota do tradutor: colonos postos para o império garantir sua pretensa legitimidade territorial, vide "O Príncipe" de Maquiavel, capítulo V).

A obra de Vine desmascara claramente o cinismo e a incrível "moral dúbia" da Grã-Bretanha que, apesar de ser consciente de que a população de Diego Garcia teria certamente direito à autodeterminação, optou por expulsá-la sem a menor cerimônia da terra em que viviam, para poder construir ali uma gigantesca base militar estadunidense, de importância estratégica e geopolítica. Desde lá, lembremos, foram organizadas recentemente algumas das mais cruciais operações militares estadunidenses, como as que ocorreram no Iraque e Afeganistão.

Grã Bretanha - segundo prova Vine ao longo de sua investigação muito bem documentada, extensa e minuciosa - expulsou com a maior crueldade todos os habitantes de Diego Garcia. Ou seja, aos chamados "ilois", que no idioma crioulo local significa "ilhéu", "insulano" (habitante da ilha). O fez sem hesitar um único instante frente ao enorme custo humano que os "ilois" tiveram que pagar. Manejando, segundo demonstra Vine, o tema de modo sigiloso, ao fazer os britânicos o "trabalho sujo" por exigência dos EUA, para que os feitos não chegassem ao conhecimento do Comitê de Descolonização das Nações Unidas senão logo após que foram consumados.

Os ilois (também chamados de "chagosianos", expressão que vem da palavra "chaga") chegaram em Diego Garcia em 1783. Ali estiveram por um período de tempo de dois séculos, até que os britânicos (sem consultar-los em nada) decidiram sua expulsão massiva. Para o que inventaram o chamado "Território britânico do Oceano Indico" em 1965, estabelecido por "decreto imperial", de modo a não advertir o que acontecia nem mesmo a seu próprio Parlamento.

Quando os ilois começaram a ser deportados, aproximadamente dois mil deles moravam no atol. Trabalhavam em plantações de cocos e levavam uma existência pacífica, tranquila, quase idílica, certamente sem sonhar qual seria, de repente, seu final trágico.

O processo que conduziu à sua deportação massiva por parte da Grã-Bretanha foi realmente duro. Tremendo, aliás. Até seus cachorros foram - relata Vine - assassinados com gás na frente deles. Para que não deixassem rastro algum de sua presença em Diego Garcia e poder assim entregá-la aos EUA "desabitadas", como haviam se comprometido com o presidente John F. Kennedy.


Base militar da OTAN imposta em Diego Garcia


A obra de Vine descreve - precisa e detalhadamente - as várias atrocidades cometidas pelos britânicos para "limpar" de gente Diego Garcia. Primeiro, não deixaram regressar à ilha aqueles que tinham saído - absolutamente desprevenidos - dela para curar no exterior seus problemas de saúde, na vizinha Maurícia ou nas Seychelles, ou para fazer turismo ou visitar amigos e familiares. Jamais puderam regressar.

Logo foram, passo a passo, desabastecendo a ilha de alimentos, medicamentos, e de serviços mais básicos e elementares, de maneira a tornar impossível seguir habitando-as. Por fim, fecharam os hospitais, escolas e clínicas.

Os últimos ilois que, apesar de tudo, permaneceram em Diego Garcia, foram finalmente forçados a embarcar em um navio (o último) com excesso de passageiros, a empurrões e com falsas promessas de compensação. para não retornarem mais à sua terra.

O livro relata uma história de horror, que denuncia a hipocrisia daqueles que, de repente, se declaram diante do mundo como pretensos campeões do princípio de "autodeterminação" quando o invocam a favor dos próprios britânicos, mas o ignoram - e até pisam em cima - quando esse recurso corresponde a terceiros.

Desde a sua expulsão pelos britânicos, os ilois caíram em miséria. São apenas alguns milhares de refugiados, abandonados por todos. Sem qualquer peso geopolítico.

De nada serviu os brevíssimos debates que puderam provocar no Congresso dos Estados Unidos em 1975. Nem as denuncias das ONGs. Nem as ações judiciais até agora arquivadas.

Todas as portas se fecharam para eles. Uma atrás da outra. No entanto, para os ilois, a luta não acabou. Por isso falam de "la lit chagossien" ("a luta chagossiana"), que alimenta suas esperanças de algum dia à sua própria terra.

Ninguém renuncia à sua própria identidade. A deixar de ser o que é. Mesmo que uma potência afirme, falsamente, que os ilois nunca existiram.

Via La Nacion

Tradução por Conan Hades

terça-feira, 30 de abril de 2013

Perigo da fragmentação do território Argentino

Por Horacio Ricciardelli

Ainda não chegou o pior. Os anglo-saxões ainda não nos aplicaram tudo o que usaram na construção de seu império. Todavia faltam as "guerras sociais", guerras não convencionais que arrastam às grandes massas sociais a uma guerra de pobres e como consequência da miséria e necessidade de sobrevivência. A miséria será o terreno fértil onde o narcotráfico poderá, a baixo custo, ter seu próprio território.



Um Estado tem território, população, forças armadas e de lei própria. Em muitos países existe uma soma de narco-estados que, ainda que não reconhecido em lei, são de fato Estados. Eles são o tipo de estados que estão olhando para Argentina. A hipocrisia e a desinformação mundial encobrirão todo o resto.

As guerras serão de secessão territorial, onde províncias de menor miséria se separarão do resto. Primeiro promoverão a descentralização em regiões, algumas delas serão as províncias patagônicas, logo que o governo regional promova a secessão, a ONU reconhecerá a "República Patagônia-Andina" e sua "soberania" sobre a Antártida como prolongamento geopolítico.

Para a Nova Ordem Mundial são necessários os pequenos Estados para controlar o Atlântico Sul - Mar Antártico, como Djibuti, Iêmen, ou Omã o são para controlar as entradas do Mar Vermelho ou o Golfo Pérsico.

Via Soberania Argentina

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Argentina denuncia que Grã-Bretanha lançará mísseis nas Malvinas

O Ministério de Relações Exteriores Argentino advertiu hoje sobre a "nova demonstração de desprezo do Reino Unido pelas resoluções das Nações Unidas", confirmando que o governo argentino foi informado que, a partir de hoje até 26 de abril, serão realizados novos exercícios militares no território argentino ocupado, incluindo o lançamento de mísseis a partir das Malvinas.



Através de um comunicado, o Ministério advertiu que essa situação "não só constitui uma nova demonstração de desprezo do Reino Unido pelas resoluções das Nações Unidas, que chama ambas partes a retomar as negociações de soberania e absterem-se de introduzir modificações unilaterais na situação enquanto dure a controvérsia, como também uma nova provocação contra a Argentina".

Nesse âmbito, afirmou que "nosso país manifestou sua vocação para encontrar uma solução pacífica e definitiva à disputa mediante negociações bilaterais com o Reino Unido, tendo em conta os interesses dos habitantes das ilhas, em conformidade com o mandato da ONU".

O documento argumenta ainda que ainda que a República Argentina "condene mais uma vez a persistência do Reino Unido na realização de exercícios militares em uma região caracterizada por sua vocação pacifista e que permanece livre de armas nucleares".

Continua que ainda que a Argentina "considere inadmissível essa nova ação unilateral britânica que não faz nada senão confirmar sua força militar justifica sua presença ilegítima no Atlântico Sul, refletindo seu desprezo aos pronunciamentos da comunidade internacional e, em particular, as preocupações manifestadas por toda região, através de vários pronunciamentos do Mercosul e Unasul, assim como a Cúpula Ibero-americana e a Cúpula dos Países Sul-americanos e Países Árabes (ASPA)".

Recorda ainda que, recentemente, a Reunião Ministerial da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul, realizada em Montevidéu no último janeiro, se "expressou a grande preocupação diante do reforço da presença militar britânica no Atlântico Sul e o desenvolvimento das atividades ilegítimas de exploração de hidrocarbonetos pelo Reino Unido".

Por outro lado, desde o palácio San Martín se refletiu que "o governo argentino transmitiu ao governo Reino Unido seu mais formal e enérgico protesto diante dos mencionados exercícios e manobras militares, exigindo que se abstenha de realizá-los".

Ao mesmo tempo, relembra que "enviou notas para informar o secretário geral das Nações Unidas, o presidente do Comitê Especial de Descolonização do citado organismo internacional, o secretário geral da Organização Marítima Internacional e as presidências Pro Tempore do Mercosul, da CELAC e a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul, assim como o secretário geral do Unasul a realização de exercícios militares nas Ilhas Malvinas".

Via Cadena 3

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Argentina interessada em construir quebra-gelos com Rússia


Argentina está interessada em construir junto com a Rússia um quebra-gelo, informou hoje o chefe do Departamento Regional da exportadora de armas russa Rosoboronexport, Serguei Ladiguin.

"Atualmente o tema da compra de três helicópteros Mi-171 é estudado pela Rússia e pela Argentina. Buenos Aires também mostra interesse pela construção de um quebra-gelo com Rússia", disse Ladiguin que encabeça a delegação russa presente na Feria Aeroespacial e de Defesa da América-Latina (LAAD-2013).

Acrescentou que o país sul-americano mostra também interesse pelos sistemas de defesa antiaérea e pelos veículos terrestres como os Ural.

Via Rianovosti