domingo, 29 de janeiro de 2012

Países da Eurozona querem que UE controle a Grécia; Atenas se nega

Vários países da zona do euro, entre eles a Alemanha, querem impor um controle europeu ao orçamento heleno, uma possibilidade rejeitada categoricamente por Atenas por constituir uma "perda de soberania".

"Há debates e propostas no seio da Eurozona, entre elas uma da Alemanha" para "reforçar o controle dos programas e das medidas", declarou esta fonte, que pediu para não ser identificada, confirmando uma informação do jornal Financial Times.

A Comissão Europeia reconheceu neste sábado que deseja "reforçar" o controle sobre as finanças públicas gregas, ampliando sua "capacidade de atuação" em Atenas, mas afirmou que a Grécia permanecerá soberana.

"A Comissão está comprometida em reforçar sua capacidade de controle e atualmente já está aumentando sua capacidade no terreno", disse o porta-voz de Assuntos Econômicos, Amadeu Altafaj, depois do pedido da Alemanha para que a UE tomasse o controle do orçamento grego.

Segundo o porta-voz, as decisões cruciais "continuarão sendo de completa responsabilidade do governo grego".

"O governo de Atenas é responsável por seus cidadãos e instituições", disse o porta-voz, afirmando que "essa responsabilidade e da Grécia e continuará sendo".

O executivo europeu se manifestou após informações reveladas por fontes europeias em Frankfurt, confirmadas posteriormente por fontes governamentais na Grécia, sobre a existência de uma proposta não escrita apresentada por vários países europeus, entre eles Alemanha, sobre a tutela europeia permanente do orçamento da Grécia, uma possibilidade que Atenas descarta.

Representantes da 'Troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) já estão na Grécia para ajudar na aplicação e no controle desses programas.

Segundo o Financial Times, um comissário nomeado pelos ministros de Finanças da zona do euro teria o poder de impor um veto às decisões tomadas pelo governo grego em matéria orçamentária.

Este projeto se tornou público ao mesmo tempo em que continuam as negociações em Atenas entre o governo heleno e seus credores privados para um perdão parcial da dívida grega e antes da reunião de segunda em Bruxelas, na qual os dirigentes europeus adotarão um novo tratado orçamento europeu.

Vários países da zona do euro se impacientam ante os lentos progressos realizados por Grécia, que necessita urgentemente dos 130 bilhões de euros em créditos incluídos no segundo plano de ajuda pelos Estados europeus em outubro.

A proposta do comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, de ampliar essa quantidade foi debatida com Alemanha e França.

As complicadas negociações, iniciadas há três semanas, continuaram neste sábado. O principal responsável pelo lobby bancário mundial IIF, Charles Dallara, chegou à residência do primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, às 15H20 local (13H20 GMT - 11H20 de Brasília) para prosseguir com as discussões.

Uma fonte do Ministério das Finanças grego disse que foram feitos "progressos importantes", mas reconheceu que ainda "há muito trabalho por fazer".

Paralelamente, a Grécia negocia com seus credores públicos a aplicação do segundo plano de ajuda, por um montante total de 130 bilhões de euros, prometido pelos Estados europeus em outubro em troca de mais reformas.

Prova de que vários países da zona do euro se impacientam ante os lentos progressos realizados pela Grécia é que a proposta do comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, de ampliar a ajuda em 10 ou 15 bilhões foi recebida com frieza por Alemanha e França.

Nesse contexto, o governo grego de Lucas Papademos se encontra atualmente sob pressão máxima por parte de seus sócios para que acentue as medidas para sair da crise, endurecendo ainda mais os planos de austeridade e liberalizando a economia.

A desconfiança europeia cresce ante o governo de coalizão grego, formado, desde a saída em novembro do primeiro-ministro socialista eleito, Georges Papandreou, por três partidos (socialista, conservador e extrema direita) cada vez menos dispostos a aplicar os novos sacrifícios pedidos aos gregos.

A Alemanha já fez diversas advertências à Grécia de que não haverá mais ajudas se não forem intensificadas as reformas.


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