terça-feira, 5 de março de 2013

Revolução Francesa: Vingança dos Templários?

 Por Julius Evola
(Traduzido por Álvaro Hauschild)

 Um historiador francês observou que enquanto hoje se reconhece já que as enfermidades do organismo humano não nascem sozinhas, mas que se devem a agentes invisíveis, a micróbios e bactérias, no referente a enfermidades destes organismos maiores que são as sociedades e Estados, enfermidades correspondentes às grandes crises históricas e revoluções, se pensa que ali por sua vez as coisas sucedem de outra maneira, isto é, que se trataria de fenômenos espontâneos ou devido a simples circunstâncias exteriores, enquanto que as mesmas podem ter atuado com grande vigor um conjunto de forças invisíveis similares aos micróbios nas enfermidades humanas.

Foi escrito muito a respeito da Revolução Francesa e sobre a causa que a originou; habitualmente se reconhece o papel que, pelo menos como preparação intelectual, teve certas sociedades secretas e especialmente a dos denominados Iluminados. Uma tese específica e mais avançada é aquela que a tal respeito sustenta que a Revolução Francesa representou uma vingança dos Templários. Já em um período bem próximo àquela revolução se tinha asomado uma ideia semelhante. Seguidamente De Guaita tinha de retomá-la e aprofundá-la.

A destruição da Ordem dos Cavaleiros Templários foi um dos acontecimentos mais trágicos e misteriosos da Idade Média. Os Templários era uma Ordem cruzada de caráter ascético ou guerreiro, fundada desde 1118 por Hugues de Payns. Exaltada por São bernardo em sua Laude de nova Milícia, tinha de converter-se rapidamente em uma das Ordens cavalheirescas mais ricas e poderosas. Improvisadamente em 1307, a mesma foi acusada pela Inquisição. A iniciativa partiu essencialmente de uma figura sinistra de soberano, por parte de Felipe o Belo da França, que impôs sua vontade ao débil Papa Clemente V, apontado assim a ficar com as grandes riquezas da Ordem. Se reprovava os Templários de professar só em aparências a fé cristã, de ter um culto secreto e uma iniciação alheia ao cristianismo e ainda anticristã. Como foram as coisas verdadeiramente é algo que não se pôde saber com exatidão. De qualquer maneira o processo concluiu com uma condenação: a Ordem foi dissolvida, a maior parte dos Templários foi massacrada e terminou na fogueira. Foi queimado também o Grão Mestre Jacques de Molay. Este justamente na fogueira salientou os dias da morte dos responsáveis da destruição da ordem, do rei e do pontífice. Felipe o Belo e Clemente V tinham de morrer exatamente dentro dos termos profetizados pelo Grão Mestre templário para apresentarem-se diante do tribunal divino.

Se diz que alguns Templários que se salvaram do massacre se refugiaram na corte de Robert Bruce, rei da Escócia, e que se integraram á certas sociedades secretas preexistentes. De qualquer maneira, de acordo com a tese mencionada no começo, certas derivações dos Templários tinham continuado de maneira oculta até o mesmo período da Revolução Francesa e tinha preparado, como uma verdadeira vingança, a queda da casa da França. Que algumas sociedades secretas tivessem organizado para fins revolucionários, é algo revelado pela investigação histórica. Uma mera causalidade - o fato de que um correio das mesmas fosse abatido por um raio - permitiu descobrir documentos dos Iluminados que levava consigo e que continham planos revolucionários. Mais importante ainda foi a reunião secreta que se realizou em Frankfurt em 1780. Foi descrita de maneira novelesca por Alejandro Dumas em seu famoso livro José Bálsamo, onde se servia seguramente dos apontamentos, publicados na Itália em 1790 e na França em 1791, do processo realizado pelo Santo Ofício a este misterioso personagem conhecido sob o nome de Cagliostro. Em sua exposição Cagliostro fala daquela reunião, faz menção aos Templários, disse que os convocados tinham se comprometido a tombar a casa da França; que logo da queda desta monarquia sua ação tinha devido dirigir-se até a Itália tendo em mira particularmente Roma, sede do Papado.

A tudo isto deve se acrescentar as revelações feitas em 1796 por parte de Gassicourt no livro raro, Le Tombeau de Jacques de Molay. No mesmo se sustenta que "os fatos da Revolução Francesa tem um signo templário". Segundo o autor o mesmo nome dos Jacobinos - quer dizer, quem foram os principais promotores da Revolução - viria do Grão Mestre templário, Jacques de Molay, e não, como costuma acreditar-se, da igreja de religiosos jacobinos, lugar de reunião que a organização secreta tinha eleito por mera causalidade no nome. E a consigna da seita, a que devia ser mantida ainda sucessivamente em alguns altos graus de associações similares, se compunha das iniciais do nome completo do Grão Mestre templário.

Outra circunstância estranha e significativa está representada pela eleição do lugar onde foi mantido prisioneiro o último rei da França, Luis XVI; lugar que só abandonaria no momento de subir ao patíbulo. Enquanto que a Assembleia Nacional tinha lhe assignado como carcere um local do Palácio de Luxemburgo,, ele por sua vez foi enclausurado no Templo, quer dizer, na antiga sede dos Templários de Paris: quase como um símbolo da vingança que golpeaba, na pessoa de seu último descendente, a dinastia culpável da destruição da Ordem, no lugar mesmo que a mesma tinha ocupado.

São ademais acrescentados outros elementos como sustentação da tese. Naturalmente, uma investigação que, como esta, verte sobre o que foi desenvolvido nas sombras, por detrás dos bastidores da história conhecida, encontra particulares dificuldades. No caso específico, ainda admitindo todos os indícios, ficaria por verificar se existiu uma continuidade entre os agentes revolucionários ao redor de -89 e os verdadeiros Templários medievais, podendo também ser que os primeiros tivesse tomado dos segundos o nome, enquanto que por sua vez obedecido a forças obscuras de um tipo muito distinto. De qualquer maneira a hipótese aqui salientada é conhecida por parte daqueles que levam a mirada sobre o que bem poderia ser denominado como a dimensão em profundidade da história.

Roma, 1º de Maio de 1956.
Via Australistraditio

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