Novas eleições foram atencipadas para 22 de janeiro de 2013. Campanha
eleitoral será marcada por temas sociais e de segurança. Resultado da
eleição presidencial nos EUA deve influenciar o pleito israelense.
A maioria do parlamento israelense votou na noite desta segunda-feira
(15/10) por sua própria dissolução e, assim, abriu caminho para a
realização de novas eleições legislativas no dia 22 de janeiro de 2013.
Inicialmente, as eleições estavam previstas para outubro.
A campanha eleitoral deve ser dominada por dois temas centrais: o conflito nuclear Israel-Irã e os gastos sociais do país.
No parlamento, a briga acerca do conflito nuclear com o Irã já deu o
tom nos discursos. O presidente de Israel, Shimon Peres, disse que a
liderança de Teerã é "um perigo grande e imediato para todo o mundo, não
só para Israel".
"Todas as opções, incluindo a militar, devem estar sobre a mesa para que o Irã entenda a seriedade da situação", disse Peres.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanjahu, disse que "quem não
leva a sério a ameaça que representa o armamento nuclear do Irã não tem
direito de governar Israel nem por um dia".
As novas sanções contra Teerã, decididas também nesta segunda-feira pela
União Europeia, teriam sido avaliadas como mais rigorosas do que nunca
pelo premiê israelense. "Hoje em dia temos possibilidades de atuar
contra o Irã e seus aliados que não tínhamos antes", afirmou Netanjahu.
O atual primeiro-ministro é considerado o claro favorito para as
eleições antecipadas. Analistas calculam que sua coalizão de
centro-direita, favorável à política de assentamentos, poderia aumentar
sua presença de 66 para 68 assentos no parlamento. Desta forma, a
coalizão de Netanjahu - que já possui a maioria das 120 cadeiras -
sairia do pleito ainda mais forte.
Por sua vez, os partidos de oposição, de esquerda e de centro, estão
enfraquecidos e disputam entre si. Até as próximas eleições, o
parlamento só deve se reunir em sessões extraordinárias.
Temas sociais e segurança
A campanha eleitoral será marcada pelo temas segurança nacional e
investimentos na área social. Desta forma, Netanjahu terá pela frente
uma agenda política difícil, principalmente após seu anúncio anterior de
cortes na ordem de 13 bilhões de shekel (cerca de 2,6 bilhões de euros)
realizados nas áreas de defesa, infraestrutura e transportes.
Mas, depois de significativos protestos de seus parceiros políticos –
Netanjahu governa por meio de uma coalizão de cinco partidos –, o premiê
decidiu retirar parte dos cortes nos setores social e de defesa. No
entanto, seu partido aliado, o conservador-religioso Shas, considerava
os cortes ainda muito altos, então Netanjahu decidiu convocar eleições
antecipadas.
O cientista político da Universidade de Haifa, Israel, Gabriel
Weimann, disse que as despesas sociais deverão desempenhar um papel
importante durante a campanha eleitoral do atual premiê israelense.
"Netanjahu deverá se concentrar em perguntas sobre segurança, como a
construção de uma bomba nuclear iraniana e o terrorismo", frisou o
especialista.
Ele afirmou, ainda, que Netanjahu poderá somar pontos com essa agenda de
discussões. "Em contrapartida, ele não deve querer que os eleitores se
ocupem com os perguntas sobre economia e temas sociais, como a divisão
social dentro do próprio país", disse Weimann.
O cientista político espera que esse tema seja abordado, principalmente,
pelos partidos de esquerda. "O resultado das eleições vai depender,
consideravelmente, de quem conseguir impôr seus temas, e como o eleitor
os aceitarão."
Influência das eleições norte-americanas
De acordo com Weimann, há uma ligação estreita entre o pleito israelense
e as eleições presidenciais nos Estados Unidos. "Em toda a história de
Israel, essa ligação nunca foi tão forte como será neste ano." Isso
estaria ligado, naturalmente, à proximidade das duas eleições.
"Mas, independentemente para Netanjahu, a pergunta quem será o próximo
presidente dos Estados Unidos tem grande significado. Se Romney ganhar,
Netanjahu vai se beneficiar desse fato para a sua própria eleição. Isso
porque Romney é considerado definitivamente um apoiador de Israel."
Se Obama for eleito, Netanjahu deve estar preparado para a
continuação de uma relação difícil com a administração norte-americana.
"Uma vitória de Obama não seria qualquer obstáculo para Netanjahu – mas
com certeza também nenhuma vantagem", disse Weimann.
Alfred Wittstock vê também uma relação estreita entre as duas eleições.
Se Obama ganhar, seria duplamente importante para Netanjahu ser
confirmado também pelos eleitores israelenses. "Se ele for novamente
eleito, pode se sentir mais forte para um novo enfrentamento com Obama."
Mas, se ocorrer o contrário e Romney passar a comandar a Casa Branca,
Netanjahu deve enfrentar menos resistência contra a sua política externa
e, consequentemente, contra os efeitos negativos de sua política em
relação ao programa nuclear iraniano. "Então se pode supor que Romney
estabeleceria a mesma política seguida por Netanjahu contra o Irã",
conclui Wittstock.
Via DW
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