O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, criticou nesta
terça-feira, na Bolívia, os países "colonialistas" que se opõem ao
desenvolvimento das nações, coincidindo com o diálogo sem consenso
realizado em Moscou entre o Grupo 5+1 e Teerã sobre o polêmico programa
nuclear do Irã. "O longo período de colonialismo é o resultado da
atitude e das ações de governos e Estados (...) que são avarentos e se
opõem ao desenvolvimento e à liberdade dos outros", afirmou o mandatário
iraniano em declarações à imprensa em La Paz.
Ahmadinejad assinou nesta terça-feira, em La Paz, acordos de
cooperação com o colega boliviano, Evo Morales, em uma visita relâmpago
antes de sua participação na cúpula Rio+20. Ahmadinejad e Morales viajam
juntos ao Rio de Janeiro, onde é realizada a Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, anunciou o presidente
boliviano, após assinar um acordo de combate às drogas com o colega
iraniano em La Paz.
A viagem do mandatário pela América Latina, onde depois da Rio+20
deve visitar o presidente venezuelano Hugo Chávez, ocorre em um momento
em que negociações complexas são realizadas em Moscou entre os países do
chamado Grupo 5+1 e Irã sobre seu plano nuclear, onde há "divergências
significativas", segundo os últimos informes.
Em Moscou, o chefe dos negociadores da questão nuclear iraniana, Said
Jalili, considerou nesta terça-feira que os dois dias de negociações
com as grandes potências em Moscou tinham sido "mais sérios e realistas"
do que antes e pediu a estas qua ajam para "por fim ao impasse". "Nós
insistimos no fato de que o enriquecimento de urânio com um objetivo
pacífico em todos os níveis é um direito da República Islâmica",
acrescentou Jalili.
O Irã propôs quatro eixos de cooperação: a confiança, a cooperação
pela transparência, a luta contra a proliferação das armas nucleares e a
cooperação nuclear, ressaltou Jalili. "Insistimos no fato de que a
cooperação pode ser realizada com gestos feitos por uma parte e pela
outra, gestos que não são contrários aos direitos do Irã, principalmente
o enriquecimento de urânio, incluindo o enriquecimento a 20%",
insistiu.
No entanto, a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine
Ashton, considerou ainda existem "divergências significativas" entre a
República Islâmica e as grandes potências nas negociações sobre o
programa nuclear de Teerã. "Há divergências significativas sobre
aspectos fundamentais", afirmou Ashton à imprensa, após uma série de
encontros "duros e francos" na capital russa. Uma reunião de
especialistas será realizada no dia 3 de julho em Istambul, e será
seguida por uma outras de líderes de alto nível em uma data ainda não
estabelecida, acrescentou Ashton.
Durante as negociações em Moscou entre o grupo 5+1 (Estados Unidos,
Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) e o Irã, as grandes
potências reafirmaram o seu pedido a Teerã para que cesse as suas
atividades de enriquecimento de urânio a 20%, como é o caso atualmente, e
feche a sua usina subterrânea de Fordo, ressaltou a chefe da diplomacia
europeia.
Os presidentes de Estados Unidos e Rússia, Barack Obama e Vladimir
Putin, disseram nesta segunda-feira que o Irã "deve empreender sérios
esforços para recuperar a confiança internacional sobre a natureza
exclusivamente pacífica de seu programa nuclear". Washington e Moscou
advertiram que "para isso, Teerã deve cumprir seus compromissos
completamente (...) e cooperar com a Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA) para solucionar rapidamente todos os assuntos pendentes".
Terra
Nenhum comentário:
Postar um comentário