O Senado argentino aprovou na madrugada desta quinta-feira o projeto
da presidente Cristina Kirchner para expropriar o controle acionário da
espanhola Repsol sobre a petroleira YPF, e enviou o texto à Câmara dos
Deputados.
Governistas, aliados e as principais forças da oposição
votaram a favor do projeto, que obteve 63 votos. Três senadores foram
contra e quatro se abstiveram. O texto foi enviado na madrugada
desta quinta-feira à Câmara dos Deputados, cujo plenário votará a medida
em uma semana, também sob o apoio do peronismo governista, aliados e
das principais forças da oposição, incluindo social democratas e
socialistas.
O projeto estabelece que o Estado argentino
controlará 51% da YPF - divididos entre o governo (26,03%) e as
províncias (24,99%). O grupo Petersen mantém 25,46%, a própria Repsol
fica com 6,43% e as demais ações (17,09%) permanecem no mercado.
O
líder do bloco governista (peronismo kirchnerista), Miguel Pichetto,
encerrou o debate no Senado com um discurso no qual assinalou que
"ninguém vai derramar uma lágrima pela Repsol na Espanha, porque estão
fazendo investimentos fora da Espanha e estão confundindo uma empresa
com um país".
A YPF produz 34% do petróleo e 25% do gás da
Argentina, e responde por 54% do refino para o mercado, segundo o
Instituto Argentino do Petróleo (IAP).
O projeto avança no
legislativo em meio a fortes críticas por parte de Espanha, União
Europeia, Estados Unidos e alguns organismos internacionais. A Espanha anunciou represálias e deixou de importar quase um bilhão de dólares de biodiesel argentino. Alegando
falta de investimentos na Argentina por parte da petroleira espanhola, o
governo da presidente Cristina Kirchner anunciou na segunda-feira
passada a nacionalização da YPF, após sua privatização em 1999.
O
grupo Repsol advertiu no início da semana que processará qualquer
empresa que aproveitar a expropriação da YPF para investir na petroleira
argentina.
"Nós nos reservamos o direito de empreender ações
legais contra qualquer investimento na YPF ou em seus ativos ilegalmente
expropriados da Repsol", declarou à AFP o porta-voz da empresa Kristian
Rix. O presidente do grupo espanhol, Antonio Brufau, anunciou que
exigirá "uma compensação através da arbitragem internacional" que
deverá "ser no mínimo igual" ao valor da participação da Repsol na YPF,
estimada em 10,5 bilhões de dólares.
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