sábado, 2 de fevereiro de 2013

Porque a Rússia quer esmagar a parada gay



(Por Robert Bridge, RT)

Em um tempo em que metade de Hollywood, para não mencionar o exército americano, está saindo do armário – a atriz Jodi Foster, por exemplo, acabou de usar seu discurso de aceitação na premiação do Golden Globe para anunciar sua orientação sexual – e nove estados dos EUA legalizaram o casamento entre o mesmo sexo, a polícia cultural está condenando a Rússia pelo seu estilo-de-vida “anti-gay”.

Mas quanta verdade há nos ataques? A Rússia pode realmente ser taxada de “anti-gay”?

A polícia, com cassetete em punho, está chutando a porta de parceiros homossexuais, forçando-os a sair da cama e entrar em uma cela acolchoada? A polícia do pensamento esta monitorando o telefone e os e-mails para encontrar nuances incriminatórias? A legislação ‘anti-gay’ da Rússia fará com que as cinzas e deprimentes prisões do interior se tornem coloridas de arco-íris e estilosas do dia para a noite?

A resposta para esta pergunta é não, não e absolutamente não.

No entanto, a Rússia está tentando proteger sua juventude contra a “influência ocidental” que ela condena como extremamente liberal no seu panorama. Parece haver alguma verdade nessas alegações. Atualmente, crianças e adolescentes estão sendo forçados a considerar matérias – em grande parte graças à internet onipresente e à indústria do entretenimento – que a maioria de nós nunca teve que pensar até muito mais tarde na vida (nos nossos dias, até crianças de 8 anos são mestres em surfar na internet e são expectadores contínuos de toda forma de entretenimento; as gerações mais antigas tinham que esperar para achar as últimas edições da playboy jogadas fora para se entreter). Quem poderia negar que há uma super-exposição de absolutamente tudo hoje em dia; uma prateleira de revistas eletrônicas para todo estilo de vida possível? Seria ingênuo pensar que isso não apresenta às nossas crianças saturadas-de-informação com um monte de confusão desnecessária em um período que elas menos precisam. A puberdade é complexa o suficiente para adolescentes sem que eles também tenham que declarar uma aliança prematura a bissexuais, homossexuais, transsexuais, metrossexuais, ou mesmo, “que os céus os livrem”, aos heterossexuais.

À luz dessa avalanche de mensagens sexualmente-carregadas, muitas das que são apresentadas de maneira pura e juvenil, pode-se argumentar que a legislação “draconiana” da Rússia, na verdade serve para apoiar a liberdade de uma jovem pessoa (um estudo apresentado pela Televisão do Conselho de Pais mostrou que, em 171 horas de programação do Spring Break da MTV, houveram 1.548 cenas sexuais, contendo 3.056 representações de sexo e várias formas de nudez e 2.881 referências sexuais verbais. Não tenho certeza se há uma conexão, mas tiraram o plug da MTV da tomada em 2013 na Rússia).

Afinal de contas, crianças e adolescentes menores de 18 anos não são legalmente adultos, portanto, eles devem estar “livres” de ser expostos a mensagens “perturbantes” que nenhum deles esta preparado e nem se espera que entendam. De fato, os legisladores russos por trás da lei dizem que menores precisam ser protegidos da “propaganda homossexual” porque eles são incapazes de avaliar criticamente a informação.
Após a mágica idade de 18, no entanto, as pessoas devem ser permitidas de adotar qualquer estilo-de-vida que eles achem corretos, [pois] estão no seu direito, e eles devem fazê-lo sem medo de retaliação. A legislação “anti-propaganda-gay” da rússia, que é fortemente apoiada pela Igreja Ortodoxa Russa, imporia uma proibição nacional de entretenimento e informação que é definida como “propaganda de sodomia, lesbianismo, bissexualismo a transgenerismo”. A legislação proposta também proibiria qualquer evento público que promovas os estilos-de-vida gay que poderiam influenciar crianças em qualquer forma.

São Petersburgo e muitas outras cidades russas já têm leis similares em seus livros.

Sob o risco de soar como um puritano de meia idade, eu levaria a lei proposta pela Rússia um passo adiante e proibir todas as mensagens e imagens exageradamente sexuais – heterossexual, homossexual e tudo no meio- de todos os canais de mídia (depois das 23:00 horas, no entanto, quando as crianças estão repousando pela noite, tudo seria permitido). Vamos fazer com que artistas e diretores propaguem suas mensagens de maneiras mais sutis e criativas.

Indo tão longe quanto legalizar “paradas gays”, o que aconteceria em áreas urbanas se toda pessoa, de qualquer orientação sexual, fosse permitida marchar pela Rua Principal balançando sua própria bandeira? Nossas cidades iriam se moer em um impasse sob um mar metálico de engarrafamento e caos geral. Além disso, é realmente necessário inflamar as paixões públicas em um assunto tão seriamente divisivo colocando nossas escolhas pessoais em uma parada chocante? Pessoalmente, eu realmente não vejo para que serve tal estratégia, especialmente porque tantas pessoas não têm a cabeça-aberta sobre o assunto em primeiro lugar.
Contrariamente à crescente e notável propagação de materiais explicitamente sexuais no ocidente, a legislação russa parece indicar uma consciência de que as crianças não estão sendo protegidas contra os meios tecnológicos de distribuir as mensagens. Como de costume, a democracia está ficando muito para trás dos passos-relâmpago da tecnologia. Em uma idade quando as crianças mais novas podem carregar um mundo inteiro de informações no seu bolso, nós precisamos garantir que eles não sejam expostos a matérias que vão além do seu nível de possibilidade. Como fazer isso sem que os advogados da privacidade saiam gritando censura ou repressão, é outra história.

De qualquer forma, é revigorante ver que a Rússia está ao menos tentando manter o passo dos tempestuosos ventos da mudança tecnológica em um esforço para manter a mente das crianças focadas em problemas mais importantes, como completar seus estudos e seguir uma carreira.

Escolher um modo de vida sexual não deve ser a prioridade principal de uma criança pequena.

Nenhum comentário:

Postar um comentário