sábado, 20 de outubro de 2012

Um ano sem Gaddafi e a Líbia em caos



Passado um ano do 'triunfo' da revolução líbia que finalizou com o linchamento e assassinato do chefe do país, Muammar Gaddafi, a Líbia está todavia muito longe da paz.

Faz um ano as imagens do assassinato do ex-líder líbio Muammar Gaddafi  foram difundidas durante vários dias como um troféu pelos meios de comunicação estadounidenses.

Os líderes ocidentais aplaudiram a morte do coronel. A secretaria de Estado norteamericana, Hillary Clinton, disse a respeito rindo-se: "Viemos, vemos, e ele morreu".

Durante quase quatro dias o corpo de Gaddafi foi exposto em um refrigerador industrial na cidade de Misurata.

Restrições ao invés de liberdades

Estas imagens deviam dar passo a um novo futuro para Líbia; uma abertura de portas à outra época, tão desejada por aqueles manifestantes que durante vários meses exigiam uma mudança no poder e respeito aos direitos humanos.

Sem embargo, quando todos os rebeldes esperavam que chegara a liberdade de expressão com a morte do coronel, na Líbia proibiram criticar a revolução que o derrocou. Um paradoxo total respeito ao que tanto se ansiava e que é somente uma mostra do caos em que está submetido o país. As liberdades foram cortadas tanto que inclusive muitos grupos sociais temem por suas vidas.

Ademais, quando se acreditava que na Líbia eram rebeldes líbios lutando por si contra Gaddafi, na verdade se tinha mercenários vindos de países como Colômbia, Inglaterra, entre outros muitos. No vídeo em que mostrava-se a tortura e a caça contra Gaddafi, os "rebeldes" falavam espanhol e inglês, tendo características físicas nada condizentes com o povo líbio. Em outros casos, os "rebeldes", em fotografias, utilizavam mantos para esconder seus rostos, certamente de países muito longe do qual alegavam ser.

Os conflitos internos estão destruindo o país

"Vimos como derrotaram totalmente a cidade de Tawergha com 30.000 habitantes. Havia muitos líbios negros. Vimos os integrantes das brigadas de Misurata, que segundo que eles mesmos dizem, se dedicam a eliminar a gente negra. Uma ideologia 'maravilhosamente humanitária' e 'libertadora'. Com este pretexto derrotaram a cidade, eles estavam perseguindo a gente de Tawengha". Assim descreve o ativista e jornalista Sukant Chandan a triste realidade da época pós-gaddafista.

Por outro lado, os enfrentamentos entre as tribos, cujo número ascende aos 140, estão aumentando. A maioria destes grupos estão imersos nas relações hostis, o que somando os aproxima de 20 milhões de armas que circulam na Líbia depois das batalhas contra o ex-líder líbio, converte a estas etnias em poeira.

O eco da guerra civil, que guerrearam várias regiões do país, parece formar parte da vida cotidiana da Líbia na atualidade. Em diferentes localidades cresce o número de grupos islâmicos radicais, que buscam aproveitar-se da dúbia política governamental. Bengasi, Misurata, Zintan e Trípoli são só algumas cidades nas que a população arma seus próprios exércitos. Esta medida parece ser a única forma para sobreviver em um país caótico em que, cada vez mais, cada grupo deve defender o seu.

A estes choques de caráter local se somam as dificuldades a nível nacional. Agora as autoridades buscam uma maneira de frear a insubordinação em vários pontos do território líbio como, por exemplo, em um dos últimos baluartes gaddafistas: a cidade de Bani Walid.

Soldados dos Estados Unidos pisarão em solo líbio

A atitude das autoridades líbias se explica pelo apoio estadounidense que recebem. Assim, o Departamento de Estado norteamericano e o Pentágono estão incrementando seus esforços para combater os extremistas islâmicos em solo líbio. No mês passado, o Governo de Obama recebeu a aprovação do Congresso para "redigir" uns 8 milhões de dólares para formar as tropas de elite destinadas à Líbia.

A todos os argumentos que os EUA puderam esgrimir para estar presente em solo líbio, se soma ademais o recente caso da morte de seu embaixador na cidade de Bengasi.

"Vamos descobrir quem o fez e o vamos caçar. Porque uma das coisas que disse durante minha presidência é que se alguém se mete com os estadounidenses nós o caçaremos", prometeu o presidente Obama depois de que se produziu o ataque contra o consulado estadounidense em Bengasi.

As novas ações impulsionadas pelos EUA na Líbia têm o suposto propósito de solucionar os problemas da população deste país. Sem embargo, de cara às eleições presidenciais nos EUA, poderiam estar buscando uns objetivos distintos aos anunciados pela Casa Branca. Poderia ser uma tentativa do Governo estadounidense para aproximar a distância de Obama à reeleição?

Via RT

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