(Por Robert Bridge, RT)
Em um tempo em que metade de Hollywood, para não mencionar o
exército americano, está saindo do armário – a atriz Jodi Foster, por exemplo,
acabou de usar seu discurso de aceitação na premiação do Golden Globe para
anunciar sua orientação sexual – e nove estados dos EUA legalizaram o casamento
entre o mesmo sexo, a polícia cultural está condenando a Rússia pelo seu
estilo-de-vida “anti-gay”.
Mas quanta verdade há nos ataques? A Rússia pode realmente
ser taxada de “anti-gay”?
A polícia, com cassetete em punho, está chutando a porta de
parceiros homossexuais, forçando-os a sair da cama e entrar em uma cela
acolchoada? A polícia do pensamento esta monitorando o telefone e os e-mails
para encontrar nuances incriminatórias? A legislação ‘anti-gay’ da Rússia fará
com que as cinzas e deprimentes prisões do interior se tornem coloridas de
arco-íris e estilosas do dia para a noite?
A resposta para esta pergunta é não, não e absolutamente
não.
No entanto, a Rússia está tentando proteger sua juventude
contra a “influência ocidental” que ela condena como extremamente liberal no
seu panorama. Parece haver alguma verdade nessas alegações. Atualmente,
crianças e adolescentes estão sendo forçados a considerar matérias – em grande
parte graças à internet onipresente e à indústria do entretenimento – que a
maioria de nós nunca teve que pensar até muito mais tarde na vida (nos nossos
dias, até crianças de 8 anos são mestres em surfar na internet e são
expectadores contínuos de toda forma de entretenimento; as gerações mais antigas
tinham que esperar para achar as últimas edições da playboy jogadas fora para
se entreter). Quem poderia negar que há uma super-exposição de absolutamente
tudo hoje em dia; uma prateleira de revistas eletrônicas para todo estilo de
vida possível? Seria ingênuo pensar que isso não apresenta às nossas crianças
saturadas-de-informação com um monte de confusão desnecessária em um período
que elas menos precisam. A puberdade é complexa o suficiente para adolescentes
sem que eles também tenham que declarar uma aliança prematura a bissexuais,
homossexuais, transsexuais, metrossexuais, ou mesmo, “que os céus os livrem”,
aos heterossexuais.
À luz dessa avalanche de mensagens sexualmente-carregadas,
muitas das que são apresentadas de maneira pura e juvenil, pode-se argumentar
que a legislação “draconiana” da Rússia, na verdade serve para apoiar a
liberdade de uma jovem pessoa (um estudo apresentado pela Televisão do Conselho
de Pais mostrou que, em 171 horas de programação do Spring Break da MTV,
houveram 1.548 cenas sexuais, contendo 3.056 representações de sexo e várias
formas de nudez e 2.881 referências sexuais verbais. Não tenho certeza se há
uma conexão, mas tiraram o plug da MTV da tomada em 2013 na Rússia).
Afinal de contas, crianças e adolescentes menores de 18 anos
não são legalmente adultos, portanto, eles devem estar “livres” de ser expostos
a mensagens “perturbantes” que nenhum deles esta preparado e nem se espera que
entendam. De fato, os legisladores russos por trás da lei dizem que menores
precisam ser protegidos da “propaganda homossexual” porque eles são incapazes
de avaliar criticamente a informação.
Após a mágica idade de 18, no entanto, as pessoas devem ser
permitidas de adotar qualquer estilo-de-vida que eles achem corretos, [pois]
estão no seu direito, e eles devem fazê-lo sem medo de retaliação. A legislação
“anti-propaganda-gay” da rússia, que é fortemente apoiada pela Igreja Ortodoxa
Russa, imporia uma proibição nacional de entretenimento e informação que é
definida como “propaganda de sodomia, lesbianismo, bissexualismo a transgenerismo”.
A legislação proposta também proibiria qualquer evento público que promovas os
estilos-de-vida gay que poderiam influenciar crianças em qualquer forma.
São Petersburgo e muitas outras cidades russas já têm leis
similares em seus livros.
Sob o risco de soar como um puritano de meia idade, eu
levaria a lei proposta pela Rússia um passo adiante e proibir todas as
mensagens e imagens exageradamente sexuais – heterossexual, homossexual e tudo
no meio- de todos os canais de mídia (depois das 23:00 horas, no entanto,
quando as crianças estão repousando pela noite, tudo seria permitido). Vamos
fazer com que artistas e diretores propaguem suas mensagens de maneiras mais
sutis e criativas.
Indo tão longe quanto legalizar “paradas gays”, o que aconteceria
em áreas urbanas se toda pessoa, de qualquer orientação sexual, fosse permitida
marchar pela Rua Principal balançando sua própria bandeira? Nossas cidades
iriam se moer em um impasse sob um mar metálico de engarrafamento e caos geral.
Além disso, é realmente necessário inflamar as paixões públicas em um assunto
tão seriamente divisivo colocando nossas escolhas pessoais em uma parada
chocante? Pessoalmente, eu realmente não vejo para que serve tal estratégia,
especialmente porque tantas pessoas não têm a cabeça-aberta sobre o assunto em
primeiro lugar.
Contrariamente à crescente e notável propagação de materiais
explicitamente sexuais no ocidente, a legislação russa parece indicar uma
consciência de que as crianças não estão sendo protegidas contra os meios
tecnológicos de distribuir as mensagens. Como de costume, a democracia está ficando
muito para trás dos passos-relâmpago da tecnologia. Em uma idade quando as
crianças mais novas podem carregar um mundo inteiro de informações no seu
bolso, nós precisamos garantir que eles não sejam expostos a matérias que vão
além do seu nível de possibilidade. Como fazer isso sem que os advogados da
privacidade saiam gritando censura ou repressão, é outra história.
De qualquer forma, é revigorante ver que a Rússia está ao
menos tentando manter o passo dos tempestuosos ventos da mudança tecnológica em
um esforço para manter a mente das crianças focadas em problemas mais
importantes, como completar seus estudos e seguir uma carreira.
Escolher um modo de vida sexual não deve ser a prioridade
principal de uma criança pequena.
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