Por Thierry Meyssan
Washington, que falhou em bombardear a Líbia e a Síria simultaneamente, está agora engajado em novas demonstrações de sua força: organizar mudanças de governo em três Estados ao mesmo tempo, em diferentes regiões do mundo: Síria (CentCom), Ucrânia (EuCom) e Venezuela (SouthCom).
Para isso, o Presidente Obama mobilizou quase todo o time do Conselho de Segurança Nacional.
Primeiro a Conselheira Susan Rice e Embaixadora da ONU Samantha Power. Essas duas mulheres são campeãs da conversa ‘democrática’. Por muitos anos elas se especializaram em advogar interferências nos assuntos internos de outros países sob o pretexto de prevenir genocídio. Mas por trás dessa retórica generosa, elas não poderiam ligar menos para vidas não estadounidenses, como mostrado pela Sra. Power durante a crise de armas químicas no subúrbio Goutha de Damasco. A Embaixadora, que estava ciente da inocência das autoridades sírias, tinha ido para a Europa com o marido para participar de um festival de cinema dedicado a Charles Chaplin, enquanto o seu governo denunciava um crime contra a humanidade, sendo a resposanbilidade colocada sobre o Presidente Al Assad.
Então os três coordenadores regionais: Philip Gordon (Oriente Médio e Norte Africano), Karen Donfried (Europa e Eurasia) e Ricardo Zuñiga (América Latina).
- Phil Gordon (amigo pessoal e tradutor de Nicolas Sarkozy) organizou a sabotagem da Conferência de Paz Geneva 2 enquanto a questão palestina não fosse resolvida ao gosto dos EUA. Durante a segunda sessão da conferência, enquanto John Kerry falava de paz, Gordon se reuniu em Washington com os chefes de inteligência da Jordânia, Qatar, Arábia Saudita e Turquia para preparar outro ataque. Os conspiradores juntaram um exército de 13.000 homens, dos quais apenas 1.000 receberem um breve treinamento militar para dirigir tanques e tomar Damasco. O problema é que a coluna pode ser destruída pelo Exército Sírio antes de chegar à Capital. Mas eles falharam em fechar um acordo sobre como defendê-la sem a distribuição de armas anti-aéreas que posteriormente poderiam ser usadas contra Israel.
- Karen Donfried é a antiga official da inteligência nacional na Europa. Ela há muito lidera o German Marshall Fund em Berlim. Hoje ela manipula a União Europeia para esconder a intervenção de Washington na Ucrânia. Apesar da conversa de telefone vazada envolvendo a Embaixadora Victoria Nuland, ela obteve sucesso em convencer os europeus de que a oposição em Kiev quer unir-se a eles e lutam pela democracia. Não obstante, mais da metade dos rebeldes do Maidan são membros do partido nazista e brandem retratos do colaborator [nazista] Stepan Bandera.
- Finalmente, Ricardo Zuñiga, que é neto do homônimo Presidente do Partido Nacional de Honduras, que organizou os golpes de 1963 e 1972 em favor do General López Arellano. Ele dirigia a estação da CIA em Havana, onde ele recrutou e financiou agentes para formar oposição a Fidel Castro. Ele mobilizou a extrema esquerda trotskista da Venezuela para depor o Presidente Nicolás Maduro, acusado de ser um stalinista.
O processo todo é auxiliado pela liderança de Dan Rhodes. Esse especialista em propaganda já escreveu uma versão oficial do onze de setembro, esquematizando o relatório da Comissão Presidencial de Inquérito. Ele conseguiu remover todos os traços do golpe militar (o poder foi removido das mãos de George W. Bush próximo das 10 da manhã e retornado naquela noite; todos os membros de seu gabinete e do Congresso foram colocas em bunkers vigiados para ‘garantir a sua segurança’) para que nós lembremos apenas dos ataques.
Em todos os três casos, a narrative do EUA ée baseada nos mesmos princípios: acuse os governos de matarem os próprios cidadãos, qualifique os oponentes como ‘democráticos’/ imponha sanções contra os ‘assassinos’ e por fim opere o golpe.
Cada vez o movimento começa com protestos durante os quais os oponentes são mortos e onde ambos lados se acusam mutuamente de violência. Na verdade, forças especiais dos EUA ou OTAN são colocadas em telhados e atiram tanto no povo quanto na polícia. Este foi o caso em Daraa (Síria) em 2011, em Kiev (Ucrânia) e Caracas (Venezuela) essa semana. Ah, que azar: autopsias na Venezuela mostraram que duas vítimas, um oponente e um pró-governo, foram mortos pela mesma arma.
Qualificar os oponentes como ativistas democráticos é um mero jogo e retórica. Na Síria eles são Takfiristas apoiados pela pior ditadura do mundo, a Arábia Saudita. Na Ucrânia, uns poucos sinceros pro-europeus rodeados de muitos nazistas. Na Venezuela, jovens trotskistas de boas famílias cercados de esquadrões de assassinos. Em todos os lados o falso oponente dos EUA, Johhn McCain, traz o seu apoio, verdadeiro ou falso, aos oponentes.
O apoio aos opositores se dá com o National Endowment for Democracy (NED - Doação Nacional para a Democracia). Essa agência do governo dos EUA se apresenta falsamente como uma ONG fundada pelo Congresso. Mas ela foi criada pelo presidente Ronald Reagan, junto com o Canadá, o Reino Unido e a Austrália. É chefiada pelo neocon Carl gershman e pela filha do General Alexander Haig (antigo Comandante Supremo da OTAN e posteriormente Secretário de Estado), Barbara Haig. Este é o NED (na verdade, o Departamento de Estado), que empre o ‘opositor’ senador John McCain.
A este grupo operacional, deve-se adicionar o Albert Einstein Institute, uma ‘ONG’ financiada pela OTAN. Criada por Gene Sharp, ela treinou agitadores profissionais em duas bases: Sérvia (Canvas) e Qatar (Academy of Currency).
Em todos os casos, Susan Rice e Samantha Power demonstram ares de ultraje antes de impor penaliades, logo repetidas pela União Europeia, enquanto elas são na realidade patrocinadoras da violência.
Ainda está para ser visto se os golpes serão bem-sucedidos. O que está longe de ser uma certeza.
Washington, então, está tentando mostrar ao mundo que ainda é o mestre. Para ter mais certeza sobre si mesmos, ele lançou os operações na Ucrânia e Venezuela durante os Jogos Olímpicos de Sochi. Mas Sochi acabou este final de semana. Agora é a vez de Moscou de jogar.
Via Voltairenet
Washington, que falhou em bombardear a Líbia e a Síria simultaneamente, está agora engajado em novas demonstrações de sua força: organizar mudanças de governo em três Estados ao mesmo tempo, em diferentes regiões do mundo: Síria (CentCom), Ucrânia (EuCom) e Venezuela (SouthCom).
Para isso, o Presidente Obama mobilizou quase todo o time do Conselho de Segurança Nacional.
Primeiro a Conselheira Susan Rice e Embaixadora da ONU Samantha Power. Essas duas mulheres são campeãs da conversa ‘democrática’. Por muitos anos elas se especializaram em advogar interferências nos assuntos internos de outros países sob o pretexto de prevenir genocídio. Mas por trás dessa retórica generosa, elas não poderiam ligar menos para vidas não estadounidenses, como mostrado pela Sra. Power durante a crise de armas químicas no subúrbio Goutha de Damasco. A Embaixadora, que estava ciente da inocência das autoridades sírias, tinha ido para a Europa com o marido para participar de um festival de cinema dedicado a Charles Chaplin, enquanto o seu governo denunciava um crime contra a humanidade, sendo a resposanbilidade colocada sobre o Presidente Al Assad.
Então os três coordenadores regionais: Philip Gordon (Oriente Médio e Norte Africano), Karen Donfried (Europa e Eurasia) e Ricardo Zuñiga (América Latina).
- Phil Gordon (amigo pessoal e tradutor de Nicolas Sarkozy) organizou a sabotagem da Conferência de Paz Geneva 2 enquanto a questão palestina não fosse resolvida ao gosto dos EUA. Durante a segunda sessão da conferência, enquanto John Kerry falava de paz, Gordon se reuniu em Washington com os chefes de inteligência da Jordânia, Qatar, Arábia Saudita e Turquia para preparar outro ataque. Os conspiradores juntaram um exército de 13.000 homens, dos quais apenas 1.000 receberem um breve treinamento militar para dirigir tanques e tomar Damasco. O problema é que a coluna pode ser destruída pelo Exército Sírio antes de chegar à Capital. Mas eles falharam em fechar um acordo sobre como defendê-la sem a distribuição de armas anti-aéreas que posteriormente poderiam ser usadas contra Israel.
- Karen Donfried é a antiga official da inteligência nacional na Europa. Ela há muito lidera o German Marshall Fund em Berlim. Hoje ela manipula a União Europeia para esconder a intervenção de Washington na Ucrânia. Apesar da conversa de telefone vazada envolvendo a Embaixadora Victoria Nuland, ela obteve sucesso em convencer os europeus de que a oposição em Kiev quer unir-se a eles e lutam pela democracia. Não obstante, mais da metade dos rebeldes do Maidan são membros do partido nazista e brandem retratos do colaborator [nazista] Stepan Bandera.
- Finalmente, Ricardo Zuñiga, que é neto do homônimo Presidente do Partido Nacional de Honduras, que organizou os golpes de 1963 e 1972 em favor do General López Arellano. Ele dirigia a estação da CIA em Havana, onde ele recrutou e financiou agentes para formar oposição a Fidel Castro. Ele mobilizou a extrema esquerda trotskista da Venezuela para depor o Presidente Nicolás Maduro, acusado de ser um stalinista.
O processo todo é auxiliado pela liderança de Dan Rhodes. Esse especialista em propaganda já escreveu uma versão oficial do onze de setembro, esquematizando o relatório da Comissão Presidencial de Inquérito. Ele conseguiu remover todos os traços do golpe militar (o poder foi removido das mãos de George W. Bush próximo das 10 da manhã e retornado naquela noite; todos os membros de seu gabinete e do Congresso foram colocas em bunkers vigiados para ‘garantir a sua segurança’) para que nós lembremos apenas dos ataques.
Em todos os três casos, a narrative do EUA ée baseada nos mesmos princípios: acuse os governos de matarem os próprios cidadãos, qualifique os oponentes como ‘democráticos’/ imponha sanções contra os ‘assassinos’ e por fim opere o golpe.
Cada vez o movimento começa com protestos durante os quais os oponentes são mortos e onde ambos lados se acusam mutuamente de violência. Na verdade, forças especiais dos EUA ou OTAN são colocadas em telhados e atiram tanto no povo quanto na polícia. Este foi o caso em Daraa (Síria) em 2011, em Kiev (Ucrânia) e Caracas (Venezuela) essa semana. Ah, que azar: autopsias na Venezuela mostraram que duas vítimas, um oponente e um pró-governo, foram mortos pela mesma arma.
Qualificar os oponentes como ativistas democráticos é um mero jogo e retórica. Na Síria eles são Takfiristas apoiados pela pior ditadura do mundo, a Arábia Saudita. Na Ucrânia, uns poucos sinceros pro-europeus rodeados de muitos nazistas. Na Venezuela, jovens trotskistas de boas famílias cercados de esquadrões de assassinos. Em todos os lados o falso oponente dos EUA, Johhn McCain, traz o seu apoio, verdadeiro ou falso, aos oponentes.
O apoio aos opositores se dá com o National Endowment for Democracy (NED - Doação Nacional para a Democracia). Essa agência do governo dos EUA se apresenta falsamente como uma ONG fundada pelo Congresso. Mas ela foi criada pelo presidente Ronald Reagan, junto com o Canadá, o Reino Unido e a Austrália. É chefiada pelo neocon Carl gershman e pela filha do General Alexander Haig (antigo Comandante Supremo da OTAN e posteriormente Secretário de Estado), Barbara Haig. Este é o NED (na verdade, o Departamento de Estado), que empre o ‘opositor’ senador John McCain.
A este grupo operacional, deve-se adicionar o Albert Einstein Institute, uma ‘ONG’ financiada pela OTAN. Criada por Gene Sharp, ela treinou agitadores profissionais em duas bases: Sérvia (Canvas) e Qatar (Academy of Currency).
Em todos os casos, Susan Rice e Samantha Power demonstram ares de ultraje antes de impor penaliades, logo repetidas pela União Europeia, enquanto elas são na realidade patrocinadoras da violência.
Ainda está para ser visto se os golpes serão bem-sucedidos. O que está longe de ser uma certeza.
Washington, então, está tentando mostrar ao mundo que ainda é o mestre. Para ter mais certeza sobre si mesmos, ele lançou os operações na Ucrânia e Venezuela durante os Jogos Olímpicos de Sochi. Mas Sochi acabou este final de semana. Agora é a vez de Moscou de jogar.
Via Voltairenet
Tradução Sérgio Gouvêa
Nenhum comentário:
Postar um comentário