Um estudo da Universidade de Zurique revelou que um pequeno
grupo de 147 grandes corporações transnacionais, principalmente financeiras e
extrativistas de minério, na prática controlam a economia global. O estudo foi
o primeiro a analisar 43.060 corporações transnacionais e desvendar a teia de
aranha da propriedade entre elas, conseguindo identificar 147 companhias que
formam uma "super-entidade"
O pequeno grupo está estreitamente interconectado através dos conselhos administrativos corporativos e constitui uma rede de poder que poderia ser
vulnerável ao colapso e propensa ao "risco sistêmico", segundo
diversas opiniões. O Projeto Censurado da Universidade Sonoma State da
Califórnia desclassificou esta notícia sepultada pelos meios de comunicação e
seu ex-diretor Peter Phillips, professor de sociologia nesta universidade,
ex-diretor do Projeto Censurado e atual presidente da Fundação Midia
Freedom/Project Censored, a citou em seu trabalho "The Global 1%: Exposing
the Transnational Ruling Class" (1%: exposição da classe dominante
transnacional), firmado com Kimberly Soeiro e publicado em Projectcensored.org.
Os autores do estudo são Stefania Vitali, James B.
Glattfelder e Stefano Battinson, investigadores da Universidade de Zurique
(Suíça), que publicaram seu trabalho em 26 de outubro de 2011, sob o título
"A Rede de Controle Corporativo Global" (The Network of Global
Corporate Control) na revista científica PlosOne.org.
Na representação do estudo publicado em PlosOne, os autores
escreveram: "A estrutura da rede de controle das empresas transnacionais
afeta a competência do mercado mundial e a estabilidade financeira. Até agora,
foram estudadas só pequenas mostras nacionais e não existia uma metodologia
adequada para avaliar o controle a nível mundial. Se apresenta a primeira
investigação da arquitetura da rede de propriedade internacional, junto com o
cálculo da função mantida por cada jogador global".
"Descobrimos que as corporações transnacionais formam
uma gigantesca estrutura como gravata borboleta e que uma grande parte dos
fluxos de controle conduzem a um pequeno núcleo muito unido de instituições
financeiras. Este núcleo pode ser visto como um bem econômico, uma
"super-entidade" que planeja novas questões importantes, tanto para
os investigadores como responsáveis políticos".
O jornal conservador britânico Daily Mail foi talvez o único
do mundo que acolheu esta notícia, em 20 de outubro de 2011, apresentada por
Rob Waugh sob o chamado titular "Existe uma "super-corporação que
dirige a economia global? O estudo clama que poderia ser terrivelmente
instável. A investigação descobriu que 147 empresas criaram uma
"super-entidade" dentro do grupo, controlando 40% da riqueza".
Waugh explica que o estudo da Universidade de Zurique
"prova" que um pequeno grupo de companhias - principalmente bancos -
exerce um poder enorme sobre a economia global. O trabalho foi o primeiro a
examinar um total de 43.060 corporações transnacionais, a teia de aranha da
propriedade entre elas, e estabeleceu um "mapa" de 1.318 empresas
como coração da economia global.
"O estudo encontrou que 147 empresas desenvolveram em
seu interior uma "super-entidade", controladora de 40% de sua
riqueza. Todos possuem parte ou totalidade de um e outro. A maioria são bancos
- os 20 maiores, incluídos Barclays e Goldman Sachs. Mas a estreita relação
significa que a rede poderia ser vulnerável ao colapso", escreveu Waugh.
Mapa-mundi da riqueza
O tamanho dos círculos representa os ingressos. Os círculos
roxos são "corporações super-conectadas" enquanto os amarelos são
"corporações muito conectadas". As 1.318 empresas transnacionais que
formam o núcleo da economia globalizada mostram suas conexões de propriedade
parcial entre uns e outros, e o tamanho dos círculos corresponde aos ingressos.
Através das empresas seus proprietários controlam a maior parte da economia
"real" (Ilustração dos autores, PlosOne, 26/10/2012)
"De fato, menos de 1% das empresas foi capaz de
controlar 40% de toda a rede", disse ao Dialy Mail James Glattfelder,
teórico de sistemas complexos do Instituto Federal Suíço de Zurique, um dos
três autores da investigação.
Algumas hipóteses do estudo foram criticadas, como a ideia de
que propriedade equivale a controle. "Não obstante, os investigadores
suiços não têm nenhum interesse pessoal: limitaram-se a aplicar na economia
mundial modelos matemáticos utilizados habitualmente para modelas sistemas
naturais, usando Orbis 2007, uma base de dados que contém 37 milhões de
companhias e investidores", informou Waugh.
Economistas como John Driffil,, da Universidade de Londres,
especialista em macroeconomia, disse à revista New Scientist que o valor do
estudo não radicava em ver quem controla a economia global, mas mostra as
estreitas conexões entre as maiores corporações do mundo. O colapso financeiro
de 2008 mostrou que este tipo de rede estreitamente unida pode ser instável.
"Se uma empresa sofre angústia, esta se propaga", disse Glattfelder.
Para Rob Waugh e para o Daily Mail um "porém":
"Parece pouco provável que as 147 corporações no coração da economia
mundial possam exercer um poder político real, pois representam muitos
interesses", assegurou o jornal conservador britânico.
A riqueza global do mundo é estimada em torno de 200 bilhões
de dólares, ou seja, duas centenas de milhões de milhões. Segundo Peter
Phillips e Kimberly Soeiro, o 1% mais rico da população do planeta agrupa,
aproximadamente, 40 milhões de adultos. Estas pessoas constituem o segmento
mais rico dos primeiros níveis da população dos países mais desenvolvidos e,
intermitentemente, em outras regiões.
Segundo o livro de David Rothkop "Super-classe: A elite
do poder mundial e do mundo que está criando", a super elite abarcaria
aproximadamente 0,0001% (1 milhonésimo) da população do mundo e compreenderia
uns 6.000 a 7.000 pessoas, ainda que outros salientam 6.660. Entre esse grupo
haveria de buscar os donos das 147 corporações que cita o estudo dos
investigadores de Zurique.
O 1% GLOBAL: 660 INDIVÍDUOS E 147 CORPORAÇÕES CONTROLAM A
ECONOMIA MUNDIAL
Desmascaramento da super classe dominante transnacional
Peter
Phillips e Kimberly Soeiro*
Este estudo pergunta "quem são o 1% da elite do poder do
mundo? e como operam em uníssono sobre os 99% restante para incrementar suas
próprias ganâncias privadas?" Examinamos uma mostra do 1%: o setor
mineiro, cujas corporações extraem material de setores comuns globais da Terra
e utilizam mão de obra barata para acumular riqueza. O valor do material
removido por estas grandes companhias petrolíferas, de gás e variadas
organizações de extração de minerais, excede em longe o custo real de extração.
Também examinamos o setor investidor do 1% global: corporações cuja atividade
primária consiste em acumular e reinvestir capital.
Este setor inclui os bancos centrais, as maiores empresas de
gestão de dinheiro para o investimento e outras corporações cujos esforços
primários são a concentração e a reprodução do dinheiro, como companhias de
seguros. Finalmente, analisamos como as redes globais da elite centralizada do
poder - o 1%, suas companhias, e os diversos governos a seu serviço - planejam,
manipulam e fazem cumprir políticas que beneficiam sua concentração contínua de
riqueza e poder. Demonstramos como o império militar-industrial-midiático
EUA/OTAN atua em serviço da classe corporativa transnacional na proteção do
capital internacional no mundo.
O "Movimento Ocupa" desenvolveu uma marca, "o
outro 99%", que resume a grande desigualdade de riqueza e poder entre o 1%
mais rico do mundo e o resto de nós. Enquanto o mantra dos 99%,
indubitavelmente, serve como ferramenta de motivação para envolver abertamente
mais gente, explica muito pouco sobre quem integra o 1% e como mantêm seu poder
no mundo. Ainda que boa porção da investigação acadêmica se ocupou da elite do
poder nos EUA, só na metade da última década se investigou a emergência de uma
classe corporativa transnacional[1].
A mais destacada entre as primeiras obras sobre a ideia de 1%
interconectado dentro do capitalismo global foi o livro A Classe Capitalista
Transnacional, de Leslie Sklair, 2001 [1]. Sklair acreditou que a globalização
moveria as corporações transnacionais (CTN) em papéis internacionais mais
amplos, que conduziriam os estados de origem das corporações a papéis menos
importantes que os acordos internacionais desenvolvidos através da Organização
Mundial do Comércio (OMC) e de outros organismos. O que emergia destas
corporações era uma classe capitalista transnacional, cujos membros e
interesses incrementariam cada vez mais seus alcances internacionais, enquanto
todavia estavam enraizados em suas sociedades. Sklair escreveu:
"A classe capitalista transnacional se pode dividir
analiticamente em quatro frações principais: (i) donos e reguladores das CNTs e
seus afiliados locais; (ii) burocratas e políticos da globalização; (iii)
profissionais da globalização; (iv) elites do consumismo (comerciantes e
mídia)... por suposto, também é importante observar que a classe corporativa
transnacional (CCT) e cada uma de suas frações, não sempre estão unidas
totalmente diante de cada problema. Não obstante, em seu conjunto, as pessoas
principais destes grupos constituem uma elite de poder mundial, uma classe
dominante ou um círculo íntimo, no sentido em que estes termos são utilizados
para caracterizar as estruturas de classes dominantes de países específicos"
[3]
Estima-se que a riqueza do mundo total está em torno dos 200
bilhões de dólares, com EUA e Europa retendo, aproximadamente, 63%. Para estar
entre a metade mais rica do mundo, um adulto necessita apenas de 4.000 dólares
em ações resultadas de dívidas. Um adulto requer mais de 72 milhões para
pertencer aos 10% superiores de proprietários globais de riqueza e mais de 588
milhões para ser membro do 1%. Em 2010, o 1% superior dos mais ricos do mundo
tinha ocultado mais de 21 a 32 bilhões de dólares em contas bancárias secretas
isentas de impostos por todo o mundo [4].
Enquanto isso, a metade mais pobre da população global
conjunta possui menos de 2% da riqueza global [5]. O Banco Mundial divulgou em
2008 que 1,29 bilhões de pessoas viviam em extrema pobreza, com menos de 1,25
dólar por dia, e outros 1.200 milhões mais viviam com menos de 2 dólares por
dia [6]. Starvation.net reportou que 35 mil pessoas, principalmente crianças
pequenas, morrem de fome por dia no mundo todo [7].
O número de mortes desnecessárias excedeu os 300 milhões
durante os últimos 40 anos. Os granjeiros de todo o planeta produzem mais que o
suficiente de comida para alimentar adequadamente o mundo inteiro. A produção
global de grãos de 2007 cresceu a 2,3 bilhões de toneladas, 4% mais que no ano
anterior, mas cada dia um bilhão de pessoas passam fome. Grain.org descreve as
razões básicas da fome atual no artigo "As corporações todavia estão
fazendo uma matança por fome": enquanto os granjeiros produzem bastante
comida para alimentar o mundo, os especuladores destes commodities e os grandes
comerciantes de grão como Cargill controlam os preços e a distribuição global
de alimentos [8].
Também é importante examinar como se cria riqueza e como se
concentra. Historicamente, a riqueza foi capturada e concentrada por conquista
por diversos grupos poderosos. Para um exemplo histórico basta só uma mirada na
apropriação pela Espanha da riqueza dos impérios Asteca e Inca no começo do
século XVI. A história dos impérios romano e britânico também mostra exemplos.
Uma vez adquirida, então a riqueza se pode utilizar para
estabelecer meios de produção, tais como as antigas fábricas britânicas de
algodão, que exploram a mão de obra para produzir mercadorias cujo valor de
intercâmbio é superior ao custo do trabalho, um processo analisado por Karl
Marx em O Capital [9].
O negócio organizado contrata trabalhadores que são pagos por
baixo do valor de sua força de trabalho. O resultado é a criação do que Marx
chamou mais-valia, um valor superior ao custo do trabalho. A criação da mais
valia permite, a quem possui os meios de produção, concentrar mais capital.
Além disso, a concentração do capital acelera a exploração de
recursos naturais por empresários privados, ainda que realmente estes recursos
naturais sejam a herança comum de todos os seres vivos [10]. Neste artigo, perguntamos:
quem são o 1% da elite do poder do mundo? E em que medida atuam em uníssono
para suas próprias ganâncias privadas e benefícios a custo dos 99%?
Examinaremos uma mostra do 1%: o setor mineiro-extrativista,
cujas corporações obtêm material tirado de campos comuns da terra e usam mão de
obra barata para acumular riqueza. Se trata das corporações dedicadas a extrair
petróleo, gás e outras companhias que extraem minerais. O valor do material
retirado excede em longe o custo real da extração.
Também examinaremos o setor de investimento do 1%:
corporações cuja atividade primária é amassar e reinvestir capital. Este setor
inclui os bancos centrais, as maiores empresas de gestão de investimento
monetário e outras corporações como as companhias de seguros que apontam à
concentração e ampliação do dinheiro.
Finalmente, analisamos como as redes globais do poder
centralizado - a elite do 1%, suas companhias e variados governos a seu serviço
- planejam, manipulam e fazem cumprir políticas que beneficiam sua concentração
contínua de riqueza e poder.
O setor extrator: o caso de Freeport-McMoRan (FCX).
Freepor-McMoRan (FCX) é o maior extrator mundial de cobre e
ouro. A companhia controla depósitos enormes em Papua, Indonésia; também opera
no Norte e na América do Sul e na África. Em 2010 vendeu 3,9 bilhões de libras
de cobre, 1,9 milhões de onças de ouro e 67 milhões de libras de milbdeno. Em
2010 reportou ingressos de 18,9 bilhões de dólares e uma renda líquida de 4,2
bilhões [11].
A mina Grasberg de Papua Indonésia emprega 23.000
trabalhadores com salários abaixo de 3 dólares por hora. Em setembro de 2011 os
trabalhadores foram às ruas por salários melhores e melhores condições de
trabalho. Freeport tinha oferecido um aumento de 22% e os manifestantes
disseram que não era suficiente, exigindo um padrão internacional de 17 a 43
dólares por hora. O conflito salarial atraiu os membros de uma tribo local, que
tinham seus próprios problemas com respeito a direitos de terra e contaminação.
Armados com lanças e flechas, se uniram aos trabalhadores que bloqueavam os
caminhos de acesso à mina [12]. Durante a tentativa dos manifestantes de
bloquear ônibus repletos de trabalhadores de substituição, as forças de
segurança do Estado mataram e feriram vários manifestantes.
Freeport foi criticada por pagar às autoridades por
segurança. Desde 1991, pagou quase 13 bilhões de dólares ao governo indonésio
com uma tarifa de 1,5 de royalty sobre o ouro e o cobre extraído e, em
consequência, tem em seus bolsos a polícia militar e regional indonésia. Em
outubro de 2011, o diário Jakarta Globe divulgou que as forças de segurança
indonésias de Papua Oeste, notavelmente a polícia, recebem generosos pagamentos
diretos e sob o poder de Freeport-McMoRan. O Chefe Nacional da Polícia Timur
Pradopo admitiu que os oficiais recebem em torno de 10 milhões de dólares
anuais, que Pradopo descreveu como "dinheiro para o almoço". A
proeminente organização não governamental indonésia Imparsia situou os
pagamentos anuais diretos em 14 milhões de dólares [13].
estes pagamentos recordam inclusive os maiores desembolsos
feitos pela Freeport às forças militares indonésias ao longo de dois anos, que
quando foram revelados motivaram uma investigação da Comissão de Segurança e
Intercâmbio dos EUA sobre a responsabilidade de Freeport sob a Lei sobre
Práticas Estrangeiras Corruptas dos EUA.
Acrescentando, a polícia do Estado e o exército foram
criticados muitas vezes pelas violações de direitos humanos na região
montanhosa remota, onde um movimento separatista ferve a fogo lento por décadas.
Anistia Internacional documentou numerosos casos em que a polícia indonésia
utilizou força desnecessária contra manifestantes. Por exemplo, as forças de
segurança atacaram uma concentração de massas em Jayapura, capital de Papua, e
trabalhadores em manifestação na mina de Freeport. Pelo menos mataram 5 pessoas
e muitas mais foram feridas em assaltos que mostram um padrão contínuo de
violência pública contra dissidentes pacíficos. Outro ataque brutal e
injustificado, ocorrido em 19 de outubro de 2011, contra mil de papuenses que
exerciam seu direito a reunião e liberdade de expressão, causou a morte de pelo
menos 3 civis de Papua, além de muitos, detenção de centenas e condenação de 6
por traição [14].
O Jakarta Globe divulgou em 7 de novembro de 2011 que
"os trabalhadores em manifestação empregados por Copper e Gold, filial de
Freepost-McMoRan em Papua, baixaram suas exisgências mínimas de aumento
salarial de 7,50 a 4 dólares por hora, disse o Sindicato dos Trabalhadores
Tudo-Indonésia (SPSI em inglês)" [15]. Virgo Solosa, funcionário do
sindicato, disse a Jakarta Globe que consideraram "a melhor solução para
todos" aceitar um salário por cima do mínimo de 1,5 dólares a hora.
Os trabalhadores da mina de cobre Cerro Verde, de Freeport no
Perú, também foram à manifestação neste mesmo tempo, pondo de relevo a dimensão
global da confrontação com Freeport. Os trabalhadores exigiram aumentos
salariais de 11%, enquanto a companhia ofereceu apenas 3%.
A greve peruana terminou em 28 de novembro de 2011 [16] e em
14 de dezembro Freeport McMoRan anunciou um acordo na mina indonésia que estendia
o contrato com o sindicato por dois anos. Os trabalhadores de Freeport
continuam com salários baixos, que atualmente aumentam a tão pouco como 2
dólares por hora e subirão em 24% no primeiro ano do convênio coletivo e os 13%
no segundo ano. O acordo também inclui melhoras em benefícios e uma bonificação
por uma só vez equivalente a três meses de salários [17].
Em ambas greves em Freeport os governos exerceram pressão
sobre os grevistas para uma solução que implicaram muito altos níveis nacionais
e internacionais. Durante a greve de Freeport-McMoRan a administração Obama
ignorou a notória violação de direitos humanos e, em seu lugar, fortaleceu os
laços militares EUA-Indonésia. O secretário de Defesa dos EUA Leon Panetta que
chegou a Indonésia no estouro imediato do ataque de Jayapura, não formulou
nenhuma crítica ao assalto e reafirmou o apoio dos EUA à integridade
territorial indonésia. Panetta também elogiou o manejo da Indonésia quanto a
greve em Freeport-McMoRan[18].
O presidente Barack Obama visitou a Indonésia em novembro de
2011 para consolidar relações com Jakarta como parte da escalada de esforços de
Washington orientada a combater a influência chinesa na região Ásia-Pacífico.
Obama acabava de anunciar que os EUA e a Austrália começariam um manejamento
rotatório de 2.500 infantes da marinha dos EUA em uma base em Darwin, um movimento
ostentável de modernizar a presença dos EUA na região e de permitir
participação no "treinamento comum" à contraparte militar
australiana. Mas alguns especulam que EUA tem uma agenda oculta. O jornal
tailandês "The Nation sugeriu que uma das razões seria oferecer garantias
remotas de segurança, de longe e a duas horas de voo, ao ouro de propriedade da
estadunidense Freeport McMoRan e a mina de cobre em Papua Oeste [19].
O fato de que os trabalhadores da mina de cobre da Sociedade
Mineira Cerro Verde, de Freeport no Perú, também estiveram em greve ao mesmo
tempo destaca a dimensão global da confrontação de Freeport. Os trabalhadores
peruanos exigiam aumentos de 11%, enquanto Freepor oferecia apenas 3%. A greve
foi levantada em 28 de novembro de 2011 [20]. Em ambas greves, os governos
exerceram pressão para submeter os grevistas, não só com a presença de força
militar e de polícia, mas também envolvendo altos níveis internacionais. O fato
de que o Secretário de Defesa dos EUA mencionara uma greve nacional na
Indonésia mostra que os problemas que afetam os benefícios do 1% corporativo
internacional estão em jogo ao mais alto nível do poder.
A opinião pública da Indonésia está fortemente contra
Freeport em 8 de agosto de 2011, Karishma Vaswani, da BBC, reportou que "a
corporação mineira dos EUA Freeport-McMoRan foi acusada de tudo, desde
contaminar o ambiente ao financiamento da repressão, em suas quatro décadas de
operações na província indonésia de Papua...pergunta na rua a qualquer papuano
o que pensa de Freeport e lhe dirá que a corporação é uma ladra, disse Nelels
Tebay, um pastor de Papua e coordenador da rede da paz de Papua" [21].
Os grevistas de Freeport ganharam o apoio do Movimento Ocupa
dos EUA. Ativistas do Occupy Phoenix e da Rede de Ação pelo Timor Leste
marcharam contra os chefes de Freeport em Phoenix, em 28 de outubro de 2011,
para manifestar contra as matanças da polícia indonésia na mina Grasberg de
Freeport-McMoRan [22].
James R. Moffett, presidente da junta directiva de
Freeport-McMoRan Copper e Gold, Inc. (FCX), possui mais de quatro milhões de
ações de um valor próximo aos 42 dólares cada uma (total, 168 milhões de
dólares). Segundo o informe na reunião anual de FCX lançada em junto de 2011, a
remuneração anual de Moffett em 2010 foi de 30,57 milhões de dólares.
Richard C. Adkerson, presidente do conselho de FCX, possui
mais de 5,3 milhões de ações (222,6 milhões de dólares). Sua remuneração total
também foi de 30,57 milhões de dólares em 2010. As rendas de Moffett e Adkerson
os colocam nos níveis superiores ao 1% do mundo. Sua interconexão com os níveis
mais altos do poder na Casa Branca e no Pentágono se expressa na atenção
específica que lhes presta a ambos o secretário de Defesa dos EUA e, como
sugerem suas circunstâncias, a consciência do presidente dos EUA. Não tem
dúvida que os executivos e o diretório de Freeport McMoRan estão firmemente
posicionados nos níveis mais altos da classe corporativa transnacional.
Conselho administrativo de Freeport-McMoRan
Jamesa R. Moffet, afiliações políticas e corporativas:
copresidente, presidente e chefe executivo (CEO, Chief Executive Officer) de
McMoRan Exploration Co.; PT Freeport Indonesia; Madison Minerals Inc.; Horatio
Alger Association of Distinguished Americans; Agrico, Inc.; Petro-Lewis Funds,
Inc.; Bright Real Estate Services, LLC; PLC-ALPC, Inc.; FM Services Co.
Richard C. Adkerson, afiliações políticas e corporativas:
Arthur Anderson Company; presidente de International Council on Mining and
Metals; membro da junta directiva de International Copper Association, Business
Council, Business Roundtable, Junta de Consejeros del Kissinger Institute,
Madison Minerals Inc.
Robert Allison Jr., afiliações políticas: Anadarko Petroleum
(11 bilhões de dólares de ingressos em 2010); Amoco Projection Company.Robert A. Day, afiliaciones
corporativas: CEO de W.M. Keck Foundation (con activos de más de mil millones
de dólares en 2010); abogado de Costa Mesa, California.
Robert
A. Day, afiliações corporativas: CEO de W.M. Keck Foundation (com
ações de miss de 1 bilhão de dólares em 2010); advogado de Costa Mesa,
California.
Gerald J. Ford, afiliações políticas corporativas: Hilltop
Holdings Inc, First Acceptance Corporation, Pacific Capital Bancorp (vendas
anuais: 13 bilhões de dólares), Golden State Bancorp, FSB (Banco de Ahorros
Federales que se fundiu com Citigroup en 2002), Rio Hondo Land & Cattle
Company, Diamond Ford, Dallas (vendas: 200 milhões de dólares), Scientific
Games Corp., SWS Group (vendas anuais: 422 milhões de dólares); American
Residential Cmnts LLC.
● H. Devon Graham Jr, afiliaciones
corporativas: R.E. Smith Interests (compañía de gestión de activos; renta:
670.000 dólares).
● Charles C. Krulak, afiliaciones
corporativas y gubernamentales: presidente de la universidad Birmingham-South
College; comandante del Cuerpo de Marina, 1995-1999; MBNA Corp., Union Pacific
Corporation (ventas anuales: 17 mil millones de dólares), Phelps Dodge
(adquirida por FCX en 2007).
● Bobby Lee Lackey, afiliaciones
corporativas: CEO de McManusWyatt-Hidalgo Produce Marketing Co.
● Jon C. Madonna, afiliaciones
corporativas: CEO de KPMG (servicios profesionales de auditoría, ventas
anuales: 22,7 mil millones de dólares), AT&T (ingresos 2011: 122 mil
millones de dólares), Tidewater Inc. (ingresos 2011: 1,4 mil millones de
dólares).
● Dustan E. McCoy, afiliaciones
corporativas: CEO de Brunswick Corp. (ingresos: 4,6 mil millones de dólares),
Louisiana-Pacific Corp. (ingresos 2011: 1,7 mil millones de dólares).
● B.M. Rankin Jr., afiliaciones
corporativas: vice presidente del directorio de FCX, cofundador de McMoRan Oil
and Gas en 1969.
● Stephen Siéguele, afiliaciones
corporativas: fundador/CEO de Advanced Delivery and Chemical Systems Inc.,
Advanced Technology Solutions, Flourine on Call Ltd.
BlackRock é uma das redes de poder mais concentradas
do 1% global. Os membros da “décima oitava” (eightteen) da junta directiva
estão conectados com uma parte significativa do coração do capital financeiro
do mundo. Suas decisões podem mudar impérios, destruir moedas e empobrecer a
milhões. Alguns dos maiores gigantes financeiros do mundo capitalista estão
conectados entrelaçando suas conselhos administrativos em BlackRock, incluindo
o Bank of America, Merrill Lynch, Goldman Sachs, PNC Bank, Barclays, Swiss Reinsurance
Company, American International Group (AIG), UBS A.G., Arab Fund for Economic
and Social Development, J.P. Morgan Chase & Co e Morgan Stanley.
Uma investigação da Universidade de Zurique de 2011,
concluída por Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston no
Instituto Federal Suíço, divulga que um pequeno número de corporações –
principalmente bancos – manejam um enorme poder sobre a economia global [26]. Usando
dados de Orbis 2007, uma base de dados que abarca 37 milhões de companhias e
investidores, os investigadores suíços aplicaram à economia mundial modelos
matemáticos usualmente empregados como modelos naturais.
O
estudo foi o primeiro em observar 43.060 sociedades transnacionais e estudar a
teia de aranha da propriedade entre elas. A investigação criou um “mapa” de
1.318 companhias do núcleo da economia global. O estudo concluiu que 147
corporações formam uma “super-entidade” dentro deste mapa, controlando 40% da
riqueza. Os “top 25” entre as 147 companhias super-conectadas incluem as
seguintes corporações:
1. Barclays PLC*
2. Capital
Group Companies Inc.
3. FMR
Corporation
4. AXA
5. State
Street Corporation
6. J. P.
Morgan Chase & Co.*
7. Legal
& General Group PLC
8. Vanguard
Group Inc.
9. UBS AG
10. Merrill
Lynch & Co. Inc.*
11.
Wellington Management Co. LLP
12. Deutsche
Bank AG
13. Franklin
Resources Inc.
14. Credit
Suisse Group*
15. Walton
Enterprises LLC
16. Bank of
New York Mellon Corp
17. Natixis
18. Goldman
Sachs Group Inc.*
19. T Rowe
Price Group Inc.
20. Legg
Mason Inc.
21. Morgan
Stanley*
22.
Mitsubishi UFJ Financial Group Inc.
23. Northern
Trust Corporation
24. Société
Générale
25. Bank of
America Corporation*
(*Diretores de BlackRock)
Nitidamente,
para nossos propósitos, os membros do conselho de BlackRock têm conexões
diretas com pelo menos 7 das 25 corporações superiores que Vitali e outros
identificaram como “super-entidade internacional”. O conselho administrativo de
BlackRock tem vínculos diretos com 7 das 25 sociedades mais interconectadas do
mundo. Dezoito membros do conselho de BlackRock controlam e influenciam dezenas
de bilhões de dólares da riqueza em todo mundo e representam o núcleo das
corporações super-conectadas do setor financeiro. Sob o corte transversal
aparece uma amostra de figuras chaves e ativos corporativos da “super-entidade
econômica global” identificada por Vitali e outros.
Outras
figuras chaves e conexões corporativas ao interior dos níveis mais altos da “super-entidade
econômica global”:
·
Um
grupo privado de corporações de capitais com sede em Los Angeles controla 1
bilhão de dólares em ativos.
·
FMR,
uma das maiores corporações de fundos mútuos do mundo, controla 1,5 bilhões de
dólares em ativos e atende a mais de 20 milhões de clientes individuais e
institucionais; seu presidente e CEO é Edward C. (Ned) Johnson III.
·
AXA
controla 1,5 bolhões de dólares em ativos, atende a 101 milhões de clientes;
CEO: Henri de Castries, também diretor da Nestlé (Suíça).
·
State
Street Corporation, opera desde Boston e administra ativos de 1,9 bilhões de
dólares; seus diretores incluem Joseph L. Hooley, CEO da State Street
Corporation; Kennett F. Burnes, presidente jubilado e CEO da Cabot Corporation (faturamento
em 2011: 3,1 bilhões de dólares).
·
JP
Morgan/Chase (ativos 2011: 2,3 bilhões de dólares), conselho administratico:
James A. Bell, vice-presidente (VP) executivo jubilado de The Boeing Company;
Stephen B. Burke, CEO da NBC Universal e VP executivo da Comcast Corporation
(TV por assinatura); David M. Cote, CEO da Honeywell International, Inc.;
Timothy P. Flynn, presidente retirado de KPMG International; e Lee R. Raymond,
CEO jubilado da Exxon Mobil Corporation.
·
Vanguard (ativos sob
sua gestão em 2011: 1,6 bilhões de dólares), diretores: Emerson U. Fullwood, VP
da sociedade de Xerox; JoAnn Heffernan Heisen, VP de Johnson & Johnson,
Robert Wood Johnson Foundation; Mark Loughridge, CEO da IBM, Global Financing;
Alfred M. Rankin Jr., CEO da NACCO Industries, Inc., National Association of
Manufacturers, Goodrich Corp y presidente do Banco Reserva Federal de
Cleveland.
·
UBS
AG (ativos 2012: 620 bilhões de dólares), seus diretores incluem a Michel
Demaré, membro do Conselho da Syngenta e IMD Foundation (Lausanne); David
Sidwell, ex-CEO da Morgan Stanley.
·
Merrill
Lynch (Bank of America), ativos en administrados em 2011: 2,3 bilhões de
dólares. Seus diretores incluem: Brian T. Moynihan, CEO de Bank of America;
Rosemary T. Berkery, diretora jurídica do Bank of America/Merrill Lynch (antes
Merrill Lynch y Co., Inc.), membro de Coselho Consultivo Legal del New York Stock
Exchange, diretora de Securities Industry and Financial Markets Association;
Mark A. Ellman, director gerente de Credit Suisse, First Boston; Dick J.
Barrett, co-fundador de Ellman Stoddard Capital Partners, MetLife, Citi Group,
UBS, Carlyle Group, ImpreMedia, Verizon Communications (TV por assinatura e
comunicacões), Commonwealth Scientific and Industrial Research Org, Fluor Corp,
Wells Fargo, Goldman Sachs Group.
Os
diretores dessas super corporações conectadas representam uma pequena porção do
1% global. A maioria das pessoas com ativos superiores a 588 mil dólares não
são jogadores importantes das finanças internacionais. No melhor dos casos,
utilizam as empresas de gestão de ativos para produzir retornos de se capital.
Seu valor líquido envolve frequentemente ativos não financeiros, como
propriedades imobiliárias e empresas.
Análise: CCT e o
poder mundial
Como
a Classe Corporativa Transnacional (CCT) mantém a concentração e o poder da
riqueza no mundo? O 1% mais rico da população representa, aproximadamente, 40
milhões de adultos. Estas pessoas constituem o segmento mais rico das primeiras
classes da população dos países mais desenvolvidos e, intermitentemente, de
outros países.
A
maior parte desses 1% desempenha trabalhos seguros ou trabalha em atividades associadas
a instituições do establishment.
Aproximadamente 10 milhões desses indivíduos têm ativos superior a 1 milhão de
dólares e aproximadamente 100 mil possuem ativos financeiros maiores que 30
milhões de dólares.
Imediatamente
abaixo do 1% do primeiro escalão estão aqueles que trabalham normalmente em corporações
importantes, governos, negócios próprios e várias instituições pelo mundo. Este
primeiro nível constitui aproximadamente de 30 a 40% de empregados no núcleo
dos principais países desenvolvidos e cerca de 30% está na segunda classe das
economias, enquanto os 20% mais abaixo correspondem às economias periféricas
(conhecidas anteriormente por “terceiro mundo”). O segundo nível de
trabalhadores globais representa o crescente exército de trabalho informal:
operários de fábricas, trabalhadores das ruas e diaristas, cada vez com menos
ajuda das organizações de governo e assistência social.
Estes
trabalhadores, concentrados principalmente nas megalópoles, correspondem de 30
a 40% do pessoal em economias industrializadas centrais e outros 20% ao segundo
nível e às economias periféricas. Isso deixa um terceiro nível de alcance
mundial de gente indigente, no qual 30% são adultos de países centrais e as
economias secundárias complementam com 50% de pessoas dos países periféricos,
com oportunidades de renda extremamente limitadas, que lutam para sobreviver
com alguns dólares por dia. Se trata de 2,5 bilhões de pessoas que vivem com
menos de dois dólares por dia, dezenas de milhares morrem por dia por
desnutrição e enfermidades facilmente curáveis, e que nunca usaram um telefone.
[27]
Como
se observa em nossa amostra do setor de mineração e de investimentos, as elites
corporativas se interconectam através de vínculos diretos de conselhos
administrativos das 70 maiores multinacionais, organizações políticas, grupos
midiáticos e outras instituições acadêmicas ou sem fins lucrativos.
A
amostra do setor de investimentos exibe vínculos financeiros muito mais
poderosos do que a rede do setor extrativista. No entanto, ambos representam
vastas redes de recursos concentrados nas diretorias ou conselhos administrativos
de cada corporação. O corte da amostra de diretores e recursos das 8
corporações super-conectadas replica esse modelo de conexões corporativas em múltiplos
conselhos administrativos, por exemplo, grupos ou partidos políticos, grandes
meios de informação e governos, controlando assim extensos recursos globais.
Esta engrenagem de relações se repete através de corporações top interconectadas com a classe
corporativa transnacional, resultando em uma rede altamente conectada e
poderosa de indivíduos que compartilham o interessa comum de preservar sua
dominação de elite.
A
investigação sociológica mostra que as diretorias entrelaçadas têm um potencial
de facilitar a coesão política. Um sentido coletivo de “nós” emerge no interior
dessas redes de poder, conseguindo que seus membros pensem e atuem em uníssono,
não só para si mesmos e suas corporações individuais, mas com um maior sentido
de propósitos “bons para a ordem”, por assim dizer. [28]
Nossa
amostra de 30 companhias altamente conectadas ao interior das diretorias exerce
influência sobre alguns dos mais poderosos grupos ou organismos que fixam
políticas pelo mundo, como o Conselho Britânico-Americano de Negócios, Conselho
de Negócios EUA-Japão, Business Roundtable, Business Council e Kissinger
Institute. Influenciam 10 bilhões de dólares em recursos monetários e controlam
a vida trabalhista de milhões de pessoas. Considerando tudo, são uma elite de
poder por si mesmo, atuando em um mundo de redes de elites de poder, e se
comportam como classe dirigente do mundo capitalista.
Além
disso, essa elite global de 1% domina e controla as empresas de relações
públicas e os meios corporativos globais, que protegem seus interesses servindo
à superclasse como sua máquina de propaganda. Os meios corporativos
proporcionam entretenimento às massas distorcem a realidade da desigualdade. As
notícias corporativas são controladas pelo 1% para manter as ilusões de
esperança e isentar a responsabilidade dos poderosos em tempos difíceis. [29]
Na
amostra, 4 de 30 diretores das super corporações estão conectados diretamente
com companhias de relações públicas e grandes meios. Thomas H. O’Brien e Ivan
G. Seidenberg estão no conselho administrativo de Verizon Communications, onde
Seidenberg é presidente. Verizon informou mais de 110 bilhões de dólares em
receitas em 2011[30]. David H. Komansky e Linda Gosden Robinson estão na
diretoria do Grupo WPP, que descreve a si mesmo como líder mundial em serviços
de comunicações de marketing, com
ganhos totais superiores a 65 bilhões de dólares em 2011. WPP é um conglomerado
entre várias entre várias empresas de relações públicas e marketing do mundo,
em áreas que incluem publicidade, controle de investimentos em mídia, percepção
de consumidores, marca e identidade corporativa, comunicações – e propaganda –
de atenção em saúde, promoção de marketing digital e de relacionamento. [31]
Mesmo
na profundidade do 1% da elite rica está o que David Rothkopf chama de
superclasse. Rothkopf, ex-diretor de Kissinger Associates e comissionado como
subsecretário de comércio para políticas comerciais internacionais, em 2008
publicou seu livro “Superclasse: a elite do poder mundial e o mundo que está
criando”[32]. Segundo Rothkopf, os superclasse constituem aproximadamente
0,0001% (milionésima) parte da população mundial e compreende entre 6 a 7 mil
pessoas, ainda que alguns digam 6.660. São aqueles que assistem cada ano o Fórum
Econômico Mundial de Davos, voam ou navegam em jatos privados e iates,
incorporam capital monetário, entrelaçam megacorporações, desenham políticas
para a elite do mundo em cima da pirâmide do poder mundial.
94%
dessa superelite é do sexo masculino, predominantemente “branca”, e sobretudo
vindos da América do Norte e Europa. Essas pessoas que definem as agendas na
Comissão Trilateral, Grupo de Bilderberg, G-8, G-20, OTAN, Banco Mundial e OMC.
Provenientes dos níveis mais altos do capital financeiro, corporações
transnacionais, governos, militares, acadêmicos, ONGs, líderes espirituais e
outras elites na sombra. As elites na sobra incluem, por exemplo, as políticas
profundas de segurança nacional em conexão com os cartéis de droga, que
anualmente extraem 8.000 toneladas de ópio em zonas de guerra dos EUA, depois
dos lavadores de 500 bilhões de dólares que utilizam bancos transnacionais,
metade deles estabelecidos nos Estados Unidos. [33]
Os
multimilionários e o 1% global são similares aos donos de plantações coloniais.
Sabem que são uma pequena minoria com extensos recursos e poder, mas igualmente
devem se preocupar continuamente em evitar que as massas exploradas entrem em
rebelião. Como resultado dessa insegurança de grupo, os superclasse trabalham
duro para proteger essa estrutura de riqueza concentrada. A proteção do capital
é a principal razão pela qual os países da OTAN explicam 85% dos gastos para a
defesa do mundo, com os EUA gastando mais em militares do que o resto do mundo
combinado [34]. O temor de rebeliões e outras formas de distúrbios motivam a
agenda global da OTAN na guerra antiterrorista [35]. A declaração da cúpula da
OTAN 2012 em Chicago diz:
"Como líderes da aliança estamos determinados a assegurar que a OTAN conserve e desenvolva suas capacidades necessárias para realizar sua tarefa essencial de defesa coletiva, gestão de crise e cooperação em segurança e, de tal modo, desempenhar um rol essencial em promover a segurança no mundo. Devemos resolver essa responsabilidade enquanto enfrentamos uma grave crise financeira e nos corresponde adentrarmos em desafios estratégicos. A OTAN permite que juntos conquistemos maior segurança do que se qualquer um pudesse atuar sozinho.
Confirmamos a importância de continuar um vínculo transatlântico forte e a solidariedade como Aliança, assim como o significado de compartilhar responsabilidades, papeis e riscos a fim de resolver juntos os desafios dos aliados norte-americanos e europeus (...) Com confiança fixamos a meta para as forças da OTAN 2020: frotas moderas e firmemente conectadas e equipadas, treinadas, exercitadas e comandadas de maneira que possam atuar juntas, como sócios, em qualquer ambiente". [36]
A OTAN está emergindo rapidamente como força policial da classe corporativa transnacional. Enquanto a CCT emergia mais decididamente a partir dos anos 80, a OTAN começava operações mais amplas, coincidindo com a queda da União Soviética (URSS). A OTAN primeiro se aventurou nos Bálcãs, onde continua presente, e logo se instalou no Afeganistão. A OTAN começou uma missão de treinamento no Iraque em 2005, recentemente conduziu operações na Líbia e, desde julho de 2012, considera uma operação militar na Síria. (N.d.T.: Até o presente momento Bashar al-Assad vem conquistando importantes vitórias para a soberania de seu país frente a miríade de chacais que rodeiam a Síria).
Está claro que os superclasse usam a OTAN para a sua segurança global. Isso é parte de uma estratégia de expansão da dominação militar dos EUA ao redor do mundo, enquanto o império militar-industrial-midiático EUA/OTAN atua a serviço da classe corporativa transnacional para a proteção do capital internacional em qualquer lugar do mundo [37].
Os sociólogos William Robinson e Jerry Harris anteciparam essa situação em 2000, quando descreveram "uma mudança no estado de bem-estar social ao estado de controle social (polícia) somado à expansão das forças de segurança pública e privada, o encarceiramento massivo de populações excluídas, novas formas de apartheid social e legislação anti-imigrante [38]. A teoria de Robinson e Harris previu exatamente a agenda da superclasse global de hoje, incluindo:
- Continuidade por parte de Obama da agenda do estado policial de seus antecessores, Bush pai, Clinton e Bush filho.
- Agenda de dominação global de longo alcance, que utiliza forças militares dos EUA/OTAN para desencorajar a resistência dos Estados e manter políticas internas de repressão, ao serviço da manutenção da ordem do sistema capitalista.
- A consolidação contínua do capital em todo o mundo, sem interferência dos governos nem de movimentos sociais [39].
Além disso, essa agenda levou ao empobrecimento posterior da metade mais pobre da população do mundo, e uma implacável queda em espiral dos salário para todo o mundo do segundo escalão, incluindo alguns do primeiro escalão [40]. Este é um mundo que faz frente às crises econômicas, onde a solução neo-liberal é gastar menos em necessidades humanas e mais em forças de segurança [41]. É um mundo das instituições financeiras comportando-se como alienadas, onde a resposta à quebra consiste em imprimir mais dinheiro mesiante facilitações quantitativas, com bilhões de novos dólares produzindo inflação.
Como diz Andrew Kollin em State, Power and Democracy "há uma dimensão orweliana na perspectiva do governo (primeiro de Bush depois de Obama), que escolheu ignorar a lei, e no lugar, criar decretos para legitimar ações ilegais, dando permissão a si mesmo para atuar sem intenção alguma de compartilhar o poder de acordo com a Constituição ou o direito internacional" [42].
E em Globalization and Demolition of Society, Dennis Loo escreve: "Ao final de contas a divisão fundamental da nossa sociedade é entre aqueles cujos interesses estão na dominação e seus planos de monopolizar a sociedade e os recursos do planeta e aqueles interessados na exploração desses recursos para o benefício de todos, não de alguns" [43].
O Movimento Occupy usa como conceito principal o slogan "o 1% versus os 99%" em suas manifestações, perturbações e desafios às praticas da classe corporativa transnacional, em cujo interior os superclasse globais constituem um elemento chave para levar adiante a agenda da superelite para a guerra permantente e o controle social total. Occupy é exatamente o que mais temem os superclasse, um movimento democrático global que denuncie a agenda do CCT e a continuidade do teatro das eleições de governo, onde os protagonistas apenas mudam de roupa mas continuam os mesmos. Enquanto Occupy mais se negue cooperar com a agenda dos CCT e mobilize mais ativistas, é mais provavel que o sistema inteiro de dominação caia de joelhos sob o poder popular de movimentos democráricos
1. Para um aprofundamento acadêmico sobre este tema é sugerido a leitura desses textos:
–C. Wright
Mills, The Power Elite, New York, Oxford University Press, 1956;
–G. Willian
Domhoff, Who Rules America, 6th edition, Boston, McGraw Hill Higher Education,
2009;
–William
Carroll, The Making of a Transnational Capitalist Class, Zed Books, 2010.
2. Leslie
Sklair, The Transnational Capitalist Class, Oxford, UK, Blackwell, 2001.
3. Leslie
Sklair, “The Transnational Capitalist Class And The Discourse Of
Globalization”, Cambridge Review of International Affairs, 2000, http://www.theglobalsite.ac.uk/press/012sklair.htm
4. Tax
Havens: Super-rich hiding at least $21 trillion, BBC News, July 22, 2012, http://www.bbc.co.uk/news/business-18944097
5. Tyler
Durgen, A Detailed Look At Global Wealth Distribution, 10/11/10, http://www.zerohedge.com/article/detailed-look-global-wealth-distribution.
6. “World
Bank Sees Progress Against Extreme Poverty, But Flags Vulnerabilities”, World
Bank, Press Release No. 2012/297/Dec., February 29, 2012, http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/NEWS/0,,contentMDK:23130032~pagePK:64257043~piPK:437376~theSitePK:4607,00.html.
7. Mark
Ellis, The Three Top Sins of the Universe, http://www.starvation.net/
8.
“Corporations are Still Making a Killing from Hunger”, April 2009, Grain, http://www.grain.org/article/entries/716-corporations-are-still-making-a-killing-from-hunger.
9. On the
extraction of surplus-value from labor, see Karl Marx, Capital, Vol. 3 (New
York and London: Penguin, 1991 [1894]).
10. See,
e.g., Paul Burkett, Marx and Nature: A Red and Green Perspective (New York: St.
Martins, 1999), Chapter 6; for additional information on the Fair Share of the
Common Heritage see, http://www.fairsharecommonheritage.org/.
11. Freeport-McMoRan
Copper and Gold, Notice of Annual Meeting of Stockholders, June 15, 2011,
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12.
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13. “Police
Admit to Receiving Freeport ‘Lunch Money,’” Frank Arnaz, Jakarta Globe, October
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14.
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News, October 10, 2011, http://www.amnesty.org/en/news-and-updates/indonesia-must-investigate-mine-strike-protest-killing-2011-10-10; West Papua Report, November 2011, http://www.etan.org/issues/wpapua/2011/1111wpap.htm
15. Camelia
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Globe, November 7, 2011, http://www.thejakartaglobe.com/business/striking-freeport-employees-lower-wage-increase-demands/476800.
16. Alex
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News, December 22, 2011, http://mobile.bloomberg.com/news/2011-12-22/freeport-cerro-verde-peru-workers-sign-three-year-labor-accord.
17. Eric
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Wall Street Journal, December 14, 2011, http://online.wsj.com/article/SB10001424052970203893404577098222935896112.html
18. John
Pakage, “When there is no guarantee of the security of life for the people of
Papau”, West Papua Media Alerts, March 1, 2012, http://westpapuamedia.info/tag/freeport-McMoRan/.
19. “Reasons
to go the Darwin”, The Nation (Thailand), November 30, 2011, http://www.nationmultimedia.com/opinion/Reasons-to-go-to-Darwin-30170893.html
20. “Cerro
Verde strike to be over by November 28 – Peru”, Business News Americas,
November 24, 2011,http://www.bnamericas.com/news/mining/cerro-verde-strike-to-be-over-by-november-28
21. Karishma
Vaswani, “US Firm Freeport Struggles to Escape Its Past in Papua”, BBC News,
Jakarta,http://www.bbc.co.uk/news/world-asia-pacific-14417718
24. Data for
this section is drawn for StreetInsider.com.
25. Data for
the corporations listed in this section comes from the annual report at each
corporation’s website. Biography information was gained from the FAX annual
report to investors and online biographies for individuals whine available.
26. Stefania
Vitali, James B. Glattfelder, and Stefano Battiston, “The Network of Global
Corporate Control”, PLoS ONE, October 26, 2011, http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0025995.
27. Willian
Robinson and Jerry Harris, “Towards a Global Ruling Class? Globalization and
the Transnational Capitalist Class”, Science and Society 64, no. 1 (Spring
2000).
28. Val
Burris, “Interlocking Directorates and Political Cohesion Among Corporate
Elites”, American Journal of Sociology 3, no. 1 (July 2005).
29. Peter
Phillips and Mickey Huff, “Truth Emergency: Inside the Military-Industrial
Media Empire”, Censored 2010 (New York: Seven Stories Press, 2009), 197–220.
30. Verizon
Financials 2012, http://www22.verizon.com/investor/ Hoovers describes Verizon as, “the
#2 US telecom services provider overall after AT&T, but it holds the top
spot in wireless services ahead of rival AT&T Mobility.” Hoovers Inc. http://www.hoovers.com/company/Verizon_Communications_Inc/rfrski-1.html.
32. David
Rothkopf, SuperClass: the Global Power Elite and the World They are Making (New
York: Farrar, Straus, and Giroux, 2008).
33. Peter
Dale Scott, American War Machine, Deep Politics, the CIA Global Drug
Connection, and the Road to Afghanistan (Lanham, MD: Rowman & Littlefield
Publishers, 2010). See also Censored Story #22, “Wachovia Bank Laundered Money
for Latin American Drug Cartels”, in Chapter 1.
34. David
Rothkopf, Superclass, Public Address: Carnegie Endowment for International
Peace, April 9, 2008.
35. NATO:
Defence Against Terrorism Programme, http://www.nato.int/cps/en/SID-EBFFE857-6607109D/natolive/topics_50313.htm?selectedLocale=en.
36. NATO,
Summit Declaration on Defence Capabilities: Toward NATO Forces 2020, May 20,
2012, http://www.nato.int/cps/en/SID-1CE3D0B6-393C986D/natolive/official_texts_87594.htm.
37. For an
expanded analysis of the history of US “global dominance”, see Peter Phillips,
Bridget Thornton and Celeste Vogler, “The Global Dominance Group: 9/11
Pre-Warnings & Election Irregularities in Context”, May 2, 2010, http://www.projectcensored.org/top-stories/articles/the-global-dominance-group/ and Peter Phillips, Bridget
Thornton, and Lew Brown, “The Global Dominance Group and U.S. Corporate Media”,
Censored 2007 (New York: Seven Stories, 2006), 307–333.
38. Willian
Robinson and Jerry Harris, “Towards a Global Ruling Class? Globalization and
the Transnational Capitalist Class”, Science and Society 64, no. 1 (Spring
2000).
39. John
Pilger, The New Rulers of the World (New York: Verso, 2003).
40. Michel
Chossudovsky and Andrew Gavin Marshall, eds., The Global Economic Crisis
(Montréal: Global Research Publishers, 2010).
41. Dennis
Loo, Globalization and the Demolition of Society (Glendale, CA: Larkmead Press,
2011).
42. Andrew
Kolin, State Power and Democracy (New York: Palgrave MacMillan,c2011), 141.
43. Loo,
Globalization, op cit., 357. Similar Posts: Exposing the One Percent: Freeport McMoRan
Exploits Workers and the Environment The Global Dominance Group: 9/11
Pre-Warnings & Election Irregularities in Context Who are the Global
One-Percent Ruling Class_on Project Censored Barack Obama Administration
Continues US Military Global Dominante.
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