segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Chomsky desvenda o Apocalipse Zumbi

 
O acadêmico linguista, filósofo e ativista estadounidense Noam Chomsky deixou evidente uma verdade pouco conhecida da sociedade dos EUA ao responder sobre por que há uma preocupação cultural com o "apocalipse zumbi" nesse país.

"Acredito que é um reflexo do medo e do desespero. Os Estados Unidos é um país extraordinariamente amedrontado e, em tais circunstâncias, as pessoas inventam, como um escape ou alívio, relatos nos quais acontecem coisas terríveis".

"O medo nos Estados Unidos é em realidade um fenômeno bastante interessante", continuou. "Na verdade se relembra as colônias. Há um livro muito interessante de um crítico literário, Bruce Franklin, chamado 'As Estrelas da Guerra'. É um estudo da literatura popular desde os primeiros dias até a atualidade, e há um par de temas que se desenvolvem nele que são bastante surpreendentes".

Segundo Chomsky, um dos principais temas na literatura popular trata de que "estamos a ponto de enfrentar a destruição por parte de algum terrível inimigo e no último momento somos salvos por um superherói, ou uma superarma ou, nos últimos anos, por crianças da escola secundária que vão às colinas para afugentar os russos".

O linguista assegura que nesta maneira de ver as potenciais ameaças "há um subtema". "Resulta que este inimigo, este horrível inimigo que vai nos destruir, é alguém que estamos oprimindo. Se regressarmos aos primeiros anos, o terrível inimigo era os índios", explica Chomsky, citado por The Raw Story.

"Os colonos, por sua vez, eram os invasores. Sem importar o que você pensa sobre os índios, eles estavam defendendo seu próprio território". Depois de uma breve discussão sobre a Declaração da Independência, Chomsky salienta que uma das queixas que figuram nela é que o rei Jorge "empurrou contra os colonos os pobres índios selvagens, cuja forma de guerra era a tortura e a destruição, e assim sucessivamente".

"Bom, Thomas Jefferson, que foi quem escreveu tais coisas, sabia muito bem que os ingleses eram os selvagens e ímpios cuja conhecida forma de guerra era a destruição, a tortura e o terror, e que assumiram o controle do país expulsando e exterminando os nativos. Mas está distorcido na Declaração de Independência" disse Chomsky, indicando que este é mais um exemplo da tese de Franklin de que os povos oprimidos se convertem, na imaginação popular dos opressores, em "terrível, impressionante inimigo" empenhado na destruição dos EUA.

Chomsky logo salientou que o seguinte grupo satanizado foram os escravos. Começou-se a crer que "ia haver uma revolta de escravos e que a população escrava ia se levantar e matar todos os homens, violar todas as mulheres e destruir o país".

"E se extende até os tempos modernos, com os narcotraficantes hispânicos que vêm destruir esta sociedade", disse Chomsky ironicamente. "E estes são temores reais, isso é muito do que há por trás da extremamente incomum cultura das armas nos Estados Unidos", disse o filósofo.

"Temos que ter armas para nos proteger das Nações Unidas, do Governo federal, dos extrangeiros e dos zumbis, suponho", disse, continuando com uma linha sarcástica.

"Creio que quando explode [o medo] em grande parte é só o reconhecimento, em algum nível da psique, de que tu tens tua bota no cú de alguém e que há algo está mal, e que as pessoas a quem tu oprime poderiam se levantar e se defender".

Via RT

Nenhum comentário:

Postar um comentário