Em julho de 2011, os trabalhadores da fábrica Vio.Me. decidiram "ocupar" as instalações em que trabalhavam. A diretoria havia deixado de pagar seus salários.
Os trabalhadores, em fevereiro de 2013, decidiram reabrir por sua própria conta e risco a fábrica e começar de novo a produção. Sua principal produção, detergentes, sabões e outros produtos de limpeza.
Na Grécia, milhares de empresas quebram a cada ano e o desemprego chega a 27% (60% para os jovens), a experiência de Vio.Me., uma fábrica autogerida por seus trabalhadores, se converteu em um símbolo de luta contra a crise. Até quatro anos atrás, Vio.Me. era uma fábrica de Tessalônica como outra qualquer: seus trabalhadores fabricavam produtos químicos e para construção, e cada mês recebiam seus salário; e os lucros eram para o empresário.
Em 2010 os problemas econômicos da Grécia começaram a afetar a Philkeram-Johnson, a maior produtora de azulejos da Grécia e empresa proprietária da Vio.Me. A direção decidiu, primeiro, diminuir os salários e, um ano depois, deixou de pagá-los. Os trabalhadores iniciaram uma série de protestos até que, finalmente, decidiram tomar uma atitude e cobrar os atrasos ocupando a fábrica. Inclusive um tribunal lhes deu a razão.
"O empresário deve nossos salários desde maio de 2011. Os tribunais nos permitiram confiscar as instalações e todo o maquinário em troca dos salários não pagos", explica recentemente um dos operários, Alekos Sideridis.
Se cumprem quatro meses e meio do início da produção autogerida e coincidindo com uma jornada internacional de solidariedade ao Vio.Me. os trabalhadores e agora donos da fábrica apresentaram esta semana sua produção em Tessalônica, a segunda maior cidade da Grécia. A nova produção é similar à antiga (detergentes, sabão e outros produtos de limpeza) mas agora o fazem utilizando "somente produtos naturais", uma petição dos movimentos sociais e ambientais que os apoiaram desde o início da ocupação. A experiência dos 38 trabalhadores de Vio.Me. que decidiram assumir a produção gerou uma grande rede de solidariedade não apenas na Grécia, mas também internacionalmente, e intelectuais como David Harvey e Naomi Klein, que visitou a fábrica no último dia 4, expressaram o seu apoio.
Mas existe um grande obstáculo: as dívidas do empresário.
Os operários formaram uma cooperativa e a organização da produção é, ressaltam os trabalhadores, "totalmente democrática", já que as decisões são tomadas em assembléia. Mas o caminho não está isento de obstáculos, como explica Sideridis. "O problema o grande problema é que o Estado exige que, uma vez que continuamos o funcionamento da empresa, ainda que seja com estatuto de cooperativa, devemos assumir as dívidas deixadas pelo empresário", disse o operário. Entre outros problemas, o edifício em que se encontra Vio.Me. se encontra hipotecado, o que supõe uma dívida que a nova cooperativa não pode assumir. E por isso, não estão autorizados a comercializar os produtos pela via regular. "Então dependemos das redes de solidariedade que estão se desenvolvendo em várias cidades, tanto na Grécia quanto no exterior". Na Grécia da crise, as redes de distribuição alternativa se desenvolveram muito nos ultimos anos, seja através de novas moedas (como o TEM da cidade de Volos), virtuais ou bancos de tempo, o que permitiu a sobrevivência aos trabalhadores da Vio.Me., que de outro modo não seria possível. "Até agora ganhamos muito pouco (reconhece o trabalhador) mas as vendas aumentam rápido e estamos convencidos de que podemos encontrar soluções aos problemas de comercialização e que, graças às pessoas solidárias, podemos produzir como cooperativas oficialmente".
Via Tribuna de Europa
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