quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Islandeses derrotam o Governo e reescrevem constituição após fraude bancária - E nenhuma palavra da mídia americana

Por Rebecca Savastio

Você se imagina participando de um protesto frente à Casa Branca e forçando todo o governo estadunidense a recuar? Você pode imaginar um grupo de cidadãos comuns escolhidos aleatoriamente reescrevendo a constituição para incluir medidas proibindo fraudes corporativas? Isso parece incompreensível nos Estados Unidos, mas os islandeses fizeram isso. Os islandeses forçaram todo seu governo a ceder após o escândalo de fraude bancária, derrotando o partido governista e criando um grupo de cidadãos encarregados de escrever a nova constituição que oferece a solução para prevenir que a ganância empresarial destrua o país. A constituição da Islândia foi desfeita e está sendo reescrita por cidadãos comuns; usando a técnica crowdsoursing ("fornecimento pela multidão") via canais de redes sociais como Facebook e Twitter. Esses eventos acontecem desde 2008, e ainda não há nenhuma palavra da grande mídia estadunidense sobre algum deles. Na verdade, todos os eventos que ocorreram foram registrados por jornalistas internacionais, agências de notícias estrangeiras, cidadãos jornalistas e blogueiros. Isso criou uma corrente de acusações de um encobrimento internacional da história pelas fontes de notícia da grande mídia estadunidense.



Um "iReport" no CNN, escrito por um cidadão comum em Maio de 2012 questionou os motivos por que essa revolução não foi largamente coberta nos Estados Unidos, sugerindo que talvez a grande mídia é controlada por grandes interesses corporativos e então se encontra relutante em noticiar as atividades islandesas. Este informe está abrindo caminho pela mídia social. O CNN postou uma declaração em seu site dizendo: "Nós percebemos que esse iReport é largamente compartilhado no Facebook e no Twitter. Por favor note que esse artigo foi postado em Maio de 2012. CNN não verificou as reivindicações e estamos trabalhando para localizar o escritor original." É interessante notar que no CNN Europe já cobriu os protestos e a submissão do governo, levando muitos a questionar por que CNN deveria "investigar" agora as reivindicações.

Além da própria cobertura do CNN Europe do escândalo, os eventos na Islândia foram largamente cobertos pela mídia internacional e são facilmente verificáveis em uma simples busca no Google que leva a uma variedade de fontes de notícias confiáveis que seguem com inúmeros reportes sobre a revolução Islandesa. Todo um documentário foi feito sobre a derrota governamental chamado Pots, Pans and other Solutions, e agora, a discussão se foca em se as ações dos cidadãos realmente cooperam em tornar a Islândia uma nação mais justa.

Para entender a magnitude do que aconteceu na Islândia, o melhor e traçar paralelos entre a fraude bancária inicial que causou o colapso da economia islandesa e a fraude bancária nos Estados Unidos que causou a crise hipotecária seis anos atrás. Na Islândia, banqueiros inescrupulosos inflacionaram o valor dos bancos islandeses a nível internacional o que causou a "bolha" que finalmente estourou em 2008 e viu a maioria dos bancos irem à falência.

Uma situação parecida ocorreu nos EUA apenas um ano antes do colapso na Islândia, com a crise hipotecária em 2007. Os credores hipotecários estadunidenses conscientemente emprestaram dinheiro aos futuros proprietários que não podiam se dar ao luxo de comprar uma casa. Isto, por sua vez, levou a valores de casas falsamente inflacionados e a um ciclo vicioso de muitos empréstimos. Assim como na Islândia, a bolha estourou e muitos banqueiros estiveram prestes a declarar falência. Na Islândia, os cidadãos tomaram as ruas aos milhares, bateram panelas e frigideiras no que foi conhecido como "revolução das panelas e frigideiras" (N.d.T.: o que é conhecido na América do Sul como "panelaço"), levando à prisão e perseguição dos banqueiros inescrupulosos responsáveis pelo colapso econômico. Os cidadãos islandeses também se recusaram a pagar pelos pecados dos banqueiros e rejeitaram qualquer medida tributária para socorrê-los. Nos Estados Unidos o governo socorreu os banqueiros e não prendeu ninguém.

A revolução das panelas e frigideiras não foi coberta pela grande mídia estadunidense. Na verdade, qualquer informação sobre essa revolução se encontra somente nos noticiários internacionais, blogs e documentários online, e não nos artigos de primeira página como seria o esperado de organizações de notícias cobrindo um evento dessa magnitude. O New York Times publicou um pequeno punhado de notícias, blogs e partes de opiniões, mas sobretudo camuflou a narrativa principal dizendo que o colapso financeiro de 2008  causou "caos muito além das fronteiras nacionais" ou invés de apontar que os islandeses tomaram as ruas com panelas e frigideiras e forçaram seu governo a ceder.

Como diz o ditado, "há dois lados para cada história", mas uma versão pais apropriada da frase seria "em qualquer história, há vários lados, opiniões, pontos de vista e perspectivas". A história na Islândia não é exceção. Blogs Socialistas e Marxistas aqui nos EUA afirmam que houve uma grande conspiração dos noticiários que encobriu a revolução islandesa porque a mídia é controlada por corporações, incluindo bancos, e os "poderes constituídos" não querem que cidadãos estadunidenses recebendo nenhuma ideia para uma revolução própria. Alguns blogueiros conservadores islandeses alegam que enquanto houve de fato uma revolução, esta não levou a uma constituição bem sucedida e de ampla aceitação. Eles dizem que a situação na Islândia está pior do que nunca, e que os reportes internacionais de um efetivo levante democrático levando a um melhor governo são simplesmente mitos. Comentaristas de mídia social estão coçando suas cabeças sobre por que eles foram roubados da história da revolução de panelas e frigideiras da Islândia.

Como a maioria das narrativas, a verdade pode estar em algum lugar no meio de todas essas perspectivas. No entanto uma coisa é clara: é impossível encontral algum noticiário da grande mídia estadunidense informando sobre a revolução na Islândia, a resignação do governo inteiro e a prisão dos banqueiros responsáveis pelo colapso econômico por lá. Tenha a revolução levado ou não a um governo viável e a uma constituição eficaz é irrelevante frente ao fato de que a mídia americana simplesmente ignorou esse evento nos últimos cinco anos.

É possível que as fontes da grande mídia tenham encoberto propositalmente os eventos na Islândia para apaziguar seus patrocinadores? Não parece possível, ainda assim, que a explicação poderia ser dada ao porque essas notícias nunca foram parar nas primeiras páginas das nossas mais confiáveis organizações midiáticas aqui nos Estados Unidos?

Como a Islândia luta para recuperar sua fundamentação com um novo governo, os cidadãos norte-americanos podem ou não serem capazes de olhar para a Islândia como um exemplo de democracia perfeita em ação. A verdadeira questão, porém, é por que não foram dadas aos cidadãos norte-americanos a informação sobre a destituição do governo islandês e a prisão dos banqueiros inescrupulosos? Estão os jornalistas no controle dos principais meios de comunicação ou há alguma verdade nas acusações de que as grandes empresas podem, de fato, forçando os jornalistas a manter o silêncio sobre os acontecimentos mundiais que podem inspirar ações semelhantes aqui em os EUA?

Via Las Vegas Guardian Express 

Tradução por Conan Hades

Nota do Blogueiro: Algo muito semelhante pode ser constatado entre as mídias de Língua Portuguesa, alguma informação pode ser encontrada em blogs, sites ou midia alternativa (inclusive publicado pelo próprio Portal Legionário aqui e aqui), porém um silêncio total da grande mídia a respeito dos fatos que ocorreram na Islândia após 2008. Tal qual grupelhos que se entitulam "conservadores" porém criticam manifestações populares sem ao menos apresentar uma única solução viável, ao contrário, pregando a manutenção das estruturas corruptas, isso sem levar em conta a possibilidade destes ultimos estarem veiculando informações distorcidas ou falseadas.

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