sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ahmadinejad acusa "colonialismo" de críticos do programa nuclear

O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, criticou nesta terça-feira, na Bolívia, os países "colonialistas" que se opõem ao desenvolvimento das nações, coincidindo com o diálogo sem consenso realizado em Moscou entre o Grupo 5+1 e Teerã sobre o polêmico programa nuclear do Irã. "O longo período de colonialismo é o resultado da atitude e das ações de governos e Estados (...) que são avarentos e se opõem ao desenvolvimento e à liberdade dos outros", afirmou o mandatário iraniano em declarações à imprensa em La Paz.

Ahmadinejad assinou nesta terça-feira, em La Paz, acordos de cooperação com o colega boliviano, Evo Morales, em uma visita relâmpago antes de sua participação na cúpula Rio+20. Ahmadinejad e Morales viajam juntos ao Rio de Janeiro, onde é realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, anunciou o presidente boliviano, após assinar um acordo de combate às drogas com o colega iraniano em La Paz.

A viagem do mandatário pela América Latina, onde depois da Rio+20 deve visitar o presidente venezuelano Hugo Chávez, ocorre em um momento em que negociações complexas são realizadas em Moscou entre os países do chamado Grupo 5+1 e Irã sobre seu plano nuclear, onde há "divergências significativas", segundo os últimos informes.

Em Moscou, o chefe dos negociadores da questão nuclear iraniana, Said Jalili, considerou nesta terça-feira que os dois dias de negociações com as grandes potências em Moscou tinham sido "mais sérios e realistas" do que antes e pediu a estas qua ajam para "por fim ao impasse". "Nós insistimos no fato de que o enriquecimento de urânio com um objetivo pacífico em todos os níveis é um direito da República Islâmica", acrescentou Jalili.

O Irã propôs quatro eixos de cooperação: a confiança, a cooperação pela transparência, a luta contra a proliferação das armas nucleares e a cooperação nuclear, ressaltou Jalili. "Insistimos no fato de que a cooperação pode ser realizada com gestos feitos por uma parte e pela outra, gestos que não são contrários aos direitos do Irã, principalmente o enriquecimento de urânio, incluindo o enriquecimento a 20%", insistiu.
 Evo Morales e Mahmoud Ahmadinejad acenam da sacada do palácio presidencial de Laz Paz, na Bolívia. Foto: AP
No entanto, a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, considerou ainda existem "divergências significativas" entre a República Islâmica e as grandes potências nas negociações sobre o programa nuclear de Teerã. "Há divergências significativas sobre aspectos fundamentais", afirmou Ashton à imprensa, após uma série de encontros "duros e francos" na capital russa. Uma reunião de especialistas será realizada no dia 3 de julho em Istambul, e será seguida por uma outras de líderes de alto nível em uma data ainda não estabelecida, acrescentou Ashton.

Durante as negociações em Moscou entre o grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) e o Irã, as grandes potências reafirmaram o seu pedido a Teerã para que cesse as suas atividades de enriquecimento de urânio a 20%, como é o caso atualmente, e feche a sua usina subterrânea de Fordo, ressaltou a chefe da diplomacia europeia.

Os presidentes de Estados Unidos e Rússia, Barack Obama e Vladimir Putin, disseram nesta segunda-feira que o Irã "deve empreender sérios esforços para recuperar a confiança internacional sobre a natureza exclusivamente pacífica de seu programa nuclear". Washington e Moscou advertiram que "para isso, Teerã deve cumprir seus compromissos completamente (...) e cooperar com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para solucionar rapidamente todos os assuntos pendentes".

Terra

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